O Carnaval de Veneza é uma festa que surgiu no século XI e dura até hoje, na Itália. A celebração reúne turistas do mundo todo nos arredores da Praça São Marcos, ainda que seja época de frio.
A celebração dura cerca de dez dias e tem características bem particulares, diferentes de outros Carnavais. Geralmente, as comemorações desse tipo nascem da mobilização popular, mas o Carnaval de Veneza surgiu como um ritual da elite.
Apesar disso, o Carnaval também é marcado por uma importante característica: é dedicado ao prazer dos sentidos.
História do Carnaval de Veneza
O Carnaval de Veneza foi instituído no mesmo ano da consagração da Basílica de São Marcos, 1094, pelo doge Vitale Falier. Falier vinha de uma das famílias mais poderosas de Veneza e propôs uma festa antes do início da quaresma.
Durante o Carnaval, a população poderia participar de um período de jogos, brincadeiras e diversão em público. Anteriormente, os romanos faziam algo parecido nos dias Saturnali, durante festivais para o deus Saturno. Nessas festas, havia banquetes, sacrifícios e subversão dos papéis, quando escravos tomavam o lugar dos patrões.
Em 1296, a festa foi formalizada por meio de um decreto do Senado. Ficou declarado, então, que o último dia antes da quaresma seria marcado pelo carnaval. No entanto, a população já começava a festa bem antes, ainda em dezembro. Uma vez que o evento foi oficializado, se transformou num verdadeiro negócio.
Com a chegada de Napoleão em Veneza, uma transformação profunda tomou conta da cidade. Entre as mudanças, foi decretado o fim do carnaval, com permissão apenas para festas em ambientes particulares e nas ilhas de Murano, Burano e Torcello.
Ainda que não tenha retornado ao status oficial, desde a década de 80, a festa tem sido resgatada pelo governo local.
Características
No início, os homens usavam a baúta e as mulheres a moretta. A baúta é uma espécie de capa que cobria o corpo todo, enquanto a moretta é uma máscara oval de veludo preto. Além disso, os homens vestiam uma máscara branca triangular que escondia o rosto, mas tinha uma pequena abertura que alterava o tom de voz de quem usava. A máscara das mulheres, entretanto, era fiada com um botão que ficava dentro da boca, o que impedia que elas falassem.
No fim do século XI, o Carnaval de Veneza era tão popular que chegava a durar seis meses. Era tão comum usar mascas na cidade, que foram criadas leis para regulamentar o uso. Isso porque criminosos e assassinos estavam se aproveitando dos disfarces. Além disso, casos de adultério estavam se tornando cada vez mais frequentes. No começo do século XVII, enfim, elas foram proibidas.
Atualmente, o uso de máscaras e figurinos no carnaval voltou a ser intenso. Os trajes tentam reproduzir o estilo dos nobres dos séculos XVII e XVIII. Além disso, personagens da Commedia Dell’Arte até hoje cultuados, como pierrôs, colombinas e arlequins, são extremamente populares.
Jogos e brincadeiras do carnaval
Os jogos de carnaval em Veneza eram realizados para dar liberdade para o povo da cidade, naturalmente sérios e contidos. Vários deles eram organizados pela Compagnia della Calza. Dentre eles, estavam pirâmides humanas, corridas e competições entre acrobatas. Além disso, por todos os lugares havia a presença de saltimbancos, músicos, mímicos e artistas nas ruas.
Por outro lado, algumas atividades apostavam na crueldade. A caça ao touro, por exemplo, acontecia nos Campo San Geremia e Campo San Polo e era marcada pela decapitação do animal, para exaltar a maestria dos açougueiros locais.
O mattaccino também era um item comum nas brincadeiras. Era um estilingue que jogava ovos em damas venezianas. Esses ovos, entretanto, eram esvaziados e preenchidos com água rosa.
Além disso, haviam jogos de disputa, como o La Sfida dei pugni. O desafio dos socos acontecia na Ponte dei Pugni (ponte dos socos) e reunia dois grupos jogando adversários na água com socos violentos.
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Fontes: InfoEscola, Italia per Amore
Imagem de destaque: Venice Events