Certamente você já deve ter visto algo sobre o Outubro Rosa que é uma campanha que traz informações e dicas de como prevenir o câncer de mama. Este câncer é o tipo de tumor mais frequente em mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não-melanoma, e corresponde a 28% dos novos casos de câncer.
Só em 2018, foram estimados 2,1 milhões de novos diagnósticos e 627 mil mortes em decorrência do câncer de mama no mundo. No Brasil, foram previstos 59.700 novos casos da doença, que é a primeira causa de mortalidade por câncer em mulheres.
Além disso, a maioria das mulheres com diagnóstico de câncer de mama tem mais de 50 anos, mas mulheres mais jovens também podem ter a doença.
Cerca de 1 em 8 mulheres são diagnosticadas com câncer de mama durante a vida. Contudo, há uma boa chance de recuperação se for descoberto em seus estágios iniciais.
Portanto, recomenda-se que as mulheres verifiquem seus seios regularmente para ver se há alterações e sempre façam com que as alterações sejam examinadas por um médico. Saiba mais sobre a doença e como prevenir o câncer de mama a seguir.
Sintomas do câncer de mama
O sintoma mais importante do câncer de mama é um nódulo na mama, que geralmente é indolor. A maioria dos nódulos mamários (90%) não é cancerígena, mas é sempre bom consultar um médico para descartar a hipótese da doença. Outros sintomas incluem:
- Mudança no tamanho ou forma de um ou ambos os seios;
- Secreção e sangue de qualquer um dos mamilos;
- Caroço ou inchaço em qualquer uma das axilas;
- Ondulações na pele dos seios;
- Erupção no mamilo ou ao redor dele;
- Mudança na aparência de seu mamilo, como afundar no peito.
A dor na mama geralmente não é um sintoma de câncer de mama, mas também deve ser investigada.
Causas de câncer de mama
As causas do câncer de mama não são totalmente compreendidas, tornando difícil dizer por que uma mulher pode desenvolver câncer de mama e outra não. No entanto, existem fatores de risco conhecidos por afetar sua probabilidade de desenvolver câncer de mama, conforme você verá abaixo:
Idade
O risco de desenvolver câncer de mama aumenta com a idade. Ou seja, a condição é mais comum entre mulheres com mais de 50 anos que passaram pela menopausa.
Cerca de 8 em cada 10 casos de câncer de mama ocorrem em mulheres com mais de 50 anos. Dessa forma, todas as mulheres com idade entre 50 e 69 anos devem fazer mamografia a cada dois anos, para checar e garantir a saúde da mama.
Câncer de mama anterior ou caroço
A mulher tem um risco maior de desenvolver este tipo de tumor novamente se já teve câncer de mama. Ademais, o risco também é maior se ela tiver alterações precoces nas células cancerosas não invasivas nos dutos mamários.
Células anormais
Certas alterações no tecido mamário, como células que crescem anormalmente nos dutos (hiperplasia ductal atípica) ou células anormais dentro dos lóbulos mamários (carcinoma lobular in situ), podem aumentar a probabilidade de câncer de mama.
Hormônios e medicamentos hormonais
A terapia de reposição hormonal (TRH) está associada a um risco aumentado de desenvolver câncer de mama. No entanto, o risco é muito baixo.
Pílula anticoncepcional
As mulheres que usam a pílula anticoncepcional têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer de mama. O risco começa a diminuir assim que você para de tomar a pílula. Entretanto, o risco de câncer de mama volta ao normal 10 anos após a interrupção.
Fatores de estilo de vida
Alcoolismo e tabagismo
O risco de desenvolver câncer de mama aumenta com a quantidade de álcool que você ingere. Além disso, o álcool também pode aumentar os níveis de alguns hormônios, como o estrogênio, o que pode aumentar o risco de outros tipos de tumores. Por outro lado, o hábito de fumar, principalmente se você começou na adolescência, aumenta o risco de câncer de mama.
Obesidade
Se você já passou pela menopausa e está acima do peso ou é obesa, você corre mais risco de desenvolver câncer de mama. Em suma, acredita-se que isso esteja relacionado à quantidade de estrogênio em seu corpo. Ou seja, estar acima do peso ou obeso após a menopausa causa a produção de mais estrogênio.
Radiação
Mulheres que foram expostas à radioterapia na região do tórax (por exemplo) podem ter 5 vezes mais risco de câncer de mama do que mulheres que não foram.
Diagnóstico de câncer de mama
Os testes para diagnosticar o câncer de mama podem incluir:
Exame físico
Se você notar qualquer alteração na mama, seu médico fará um exame físico, verificando a mama e os gânglios linfáticos acima da clavícula e acima dos braços. Além disso, ele também perguntará sobre seu histórico médico e qualquer histórico familiar de câncer de mama.
Mamografia
A mamografia é um raio-x de baixa dosagem que pode detectar alterações muito pequenas para serem sentidas durante um exame físico. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente o exame de mamografia para todas as idades, conforme indicação médica.
Ultrassom
Se a mamografia detectar alterações mamárias, você pode fazer uma ultrassonografia. Aliás, esta é uma varredura indolor que usa ondas sonoras para fazer uma imagem de sua mama.
Biópsia
Se houver suspeita de câncer de mama, o médico remove parte do tecido mamário para exame microscópico por um patologista.
Outras varreduras
Por fim, se o câncer for detectado em sua mama, você pode fazer exames adicionais para ver se o câncer se espalhou para outras partes do seu corpo, como uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Como prevenir o câncer de mama?
Alguns tratamentos estão disponíveis para reduzir a incidência do tumor mamário em mulheres que apresentam maior risco de desenvolver a doença do que a população em geral. Desse modo, algumas dicas para prevenir o câncer de mama incluem:
Dieta e estilo de vida
De acordo com o Ministério da Saúde, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos pode reduzir em até 28% o risco do câncer de mama.
Além disso, estudos examinaram a ligação entre câncer de mama e o consumo de fibras como uma resposta a como prevenir o câncer de mama.
Pesquisadores da Harvard T.H. Chan School of Public Health realizaram uma análise sobre a relação entre as fibras e câncer de mama.
A pesquisa, que reuniu dados de 20 estudos anteriores, descobriu que o consumo maior de fibras foi associado a um risco 8% menor de desenvolver câncer de mama.
O estudo foi publicado pela revista Cancer, da American Cancer Society. Ademais, a redução no risco de câncer de mama foi observada tanto para os casos de câncer de mama na pré-menopausa quanto na pós-menopausa.
Portanto, embora não haja conclusões definitivas, há benefícios para mulheres que:
- Mantêm um peso saudável;
- Se exercitam regularmente;
- Têm uma baixa ingestão de gordura saturada e álcool;
- Têm uma boa alimentação e consumo de fibras.
Se você já passou pela menopausa, é especialmente importante que você não esteja com sobrepeso ou obesidade. Isso ocorre porque essas condições fazem com que mais estrogênio seja produzido pelo seu corpo. Isso pode aumentar o risco de câncer de mama.
Amamentação
Estudos mostraram que mulheres que amamentam têm estatisticamente menos probabilidade de desenvolver câncer de mama do que aquelas que não amamentam. Isso pode ser porque as mulheres não ovulam tão regularmente enquanto estão amamentando e os níveis de estrogênio permanecem estáveis.
Tratamento do câncer de mama
Dependendo das características do câncer de mama, existem várias opções de tratamento, como:
Cirurgia
Este tratamento envolve a remoção do câncer localizado da mama. Uma mastectomia envolve a remoção do câncer e alguns tecidos saudáveis, mas mantendo a mama intacta.
A mastectomia envolve a remoção de toda a mama afetada pelo câncer. Aliás, durante a cirurgia de mama, os gânglios linfáticos sob o braço também podem ser removidos.
Terapia de radiação
A radioterapia é frequentemente usada para destruir qualquer célula de câncer de mama que permaneça após uma mastectomia ou remoção de um linfonodo. Às vezes, é usado após uma mastectomia se houver risco de recorrência do câncer na região do tórax.
Quimioterapia
A quimioterapia envolve o uso de drogas anticâncer para matar as células cancerosas remanescentes no corpo. Pode ser feita antes ou após a cirurgia ou radioterapia, ou junto com a radioterapia.
Terapia hormonal
A terapia hormonal envolve medicamentos que reduzem os níveis de estrogênio e progesterona do corpo, ou seja, para interromper ou desacelerar as células cancerosas positivas para receptores hormonais.
Cuidado paliativo
Em alguns casos, a equipe médica conversará com o paciente sobre os cuidados paliativos. Em suma, os cuidados paliativos têm como objetivo melhorar sua qualidade de vida, aliviando os sintomas do câncer.
Acesso ao tratamento gratuito pelo SUS
Segundo o Ministério da Saúde, o SUS oferece tratamento para o câncer de mama em Unidades Hospitalares especializadas. É importante ressaltar que o paciente não precisa pagar nada pelos serviços de saúde pública.
Portanto, é direito de qualquer pessoa que utiliza o SUS ter acesso ao atendimento vitalício, desde o diagnóstico, passando pelo estadiamento e pelo tratamento, além de exames e medicamentos garantidos pelo governo.
Segundo a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, o paciente tem direito ao cuidado integral de maneira regionalizada e descentralizada. Desse modo, o tratamento do câncer é feito em estabelecimentos de saúde habilitados.
Hoje, o Brasil possui 288 unidades e centros de assistência habilitados para atender o paciente com a doença. Em todos os estados brasileiros existe, no mínimo, um hospital com expertise em oncologia para realizar desde exames até cirurgias mais complexas.
Dessa forma, são as secretarias estaduais e municipais de saúde as responsáveis por organizar o atendimento dos pacientes. Sendo assim, é o papel delas encaminhar os pacientes para hospitais com vagas disponíveis.
Estatísticas brasileiras e gastos do SUS
Um estudo de pesquisadores do INCA detalhou os custos atualizados do câncer de mama para o Sistema Único de Saúde (SUS) para mostrar que hábitos saudáveis também ajudam na redução de riscos, e gastos, em oncologia.
No Brasil, em 2020, cerca de oito mil casos de câncer de mama tiveram relação direta com fatores comportamentais, como consumo de bebidas alcoólicas, excesso de peso, bem como não ter amamentado e inatividade física. O número representa 13,1% dos 64 mil casos novos de câncer de mama em mulheres com 30 anos e mais, em todo o País, de acordo com dados do INCA.
Em outro recorte, relativo a 2018, o estudo retrata que o gasto para tratamento da doença no SUS passou dos R$ 813 milhões. Assim, os quatro principais fatores de risco representaram 12,6% de todo o custo, ou R$102,5 milhões.
A inatividade física correspondeu à maior fração do valor total (4,6%), seguida pelo não aleitamento materno (4,4%), excesso de peso (2,5%) e consumo de bebida alcoólica (1,8%)
“Fica evidente que ações de prevenção do câncer, em especial promoção da atividade física, podem ser extremamente eficazes não somente para tornar a vida das pessoas mais saudável como para diminuir os gastos do SUS em oncologia’, diz a responsável pela pesquisa, Maria Eduarda Melo.
Outubro Rosa
Outubro é o mês em que ocorrem ações mundiais relacionadas à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Com efeito, o movimento, de nome Outubro Rosa, é comemorado anualmente desde os anos 90.
A campanha tem como objetivo compartilhar informações sobre como prevenir o câncer de mama e, mais recentemente, sobre a prevenção ao câncer de colo do útero. Em suma, a ideia é promover a conscientização sobre as doenças, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuir para a redução da mortalidade.
Por fim, o nome da campanha refere-se à cor da alça que é o símbolo internacional usado por pessoas, empresas e organizações que apoiam o movimento. Assim, é por isso que neste mês a cor rosa ilumina a fachada de várias instituições públicas e privadas que aderem ao movimento.
Então, agora que você sabe como prevenir o câncer de mama, leia também: Cirurgias pelo SUS: saiba quando é possível e como conseguir de graça
Bibliografia
American Cancer Society. How much does it cost you? Disponível em: https://www.Cancer.Org/content/dam/cancer-org/cancer-control/pt/booklets.
American Lung Association. What’s in a cigarette? Disponível em: https://www.Lung.Org/stop-smoking/smoking-facts/whats-in-a-cigarette.Html.
Centers for Disease Control and Prevention. Tobacco. Disponível em: https://www.Cdc.Gov/biomonitoring/tobacco.Html.
U.S. Food and Drug. Chemicals in tobacco products and your health. Disponível em: https://www.Fda.Gov/tobacco-products/health-information/chemicals-tobacc.