As vacinas além de prevenir inúmeros casos de doenças infecciosas, salvam milhões de vidas. Exatamente, por este motivo que é fundamental que elas sejam seguras e eficazes. Mas, como são feitas as vacinas?
Em suma, o desenvolvimento de vacinas é uma ciência complexa. As recomendações científicas e regulatórias de órgãos reguladores como a Anvisa, por exemplo, são essenciais para determinar a segurança e eficácia das vacinas, e assim liberar sua aplicação.
Desse modo, algumas etapas explicam o processo de como são feitas as vacinas, conforme você verá abaixo.
7 etapas que explicam como são feitas as vacinas
1. Pesquisa e descoberta
Em primeiro lugar temos a fase de pesquisa e descoberta, onde os cientistas desenvolvem uma justificativa para uma vacina com base em como o organismo infeccioso causador de doenças.
Depois que os cientistas escolhem um tipo de vacina para construir, eles precisam decidir como produzi-la. Como qualquer produto, a vacina precisa ser idealizada de maneira particular e fabricada em quantidades suficientes para que possa ser entregue a milhões de pessoas que precisam dos imunizantes.
Assim, a produção de vacinas geralmente é feita em um organismo vivo ou um grupo de células. Como as células contêm as partes celulares necessárias para ler as instruções do DNA e criar proteínas, elas são “fábricas” perfeitas para criar vacinas.
Portanto, os pesquisadores conduzem experimentos de laboratório para testar sua ideia para uma vacina candidata; às vezes, esse teste ocorre em animais.
Nesse primeiro estágio, uma vez que se pensa que uma descoberta científica tem aplicações práticas, na medida em que pode ser viável desenvolver uma vacina candidata com base nessa descoberta, a pesquisa segue em frente.
2. Geração de antígeno
O primeiro passo para fazer uma vacina é cultivar o antígeno. Isso é semelhante à primeira etapa do cultivo de um planta, em uma analogia simples.
Os antígenos são substâncias estranhas ou patógenos que irão desencadear uma resposta imunológica quando introduzidos no corpo. Dessa forma, os pesquisadores podem cultivar e colher o DNA ou proteína do patógeno para atuar como o antígeno.
De modo geral, as vacinas podem se concentrar em tipos muito diferentes de antígenos, mas vamos nos concentrar em um dos mais simples: as vacinas virais.
Para vacinas virais, o primeiro passo é fazer crescer os vírus. Então, utilizam-se células de embriões de galinha ou células de outros tecidos vivos para cultivar vírus. Aliás, esses testes são feito nas fase pré-clínica.
3. Separação do antígeno
A segunda etapa é a “separação” do antígeno das células ou meio de crescimento. A separação do antígeno permite que os pesquisadores se concentrem na parte mais importante do vírus que causará uma resposta imunológica.
Com efeito, eles o separam por centrifugação, onde as células são giradas para separar os diferentes componentes. Os pesquisadores podem então quebrar as células com produtos químicos, o que libera os antígenos. Este processo visa colher o máximo de antígeno possível de uma amostra.
4. Purificação
O próximo passo no processo de produção é purificar ainda mais o antígeno. Em suma, a purificação do antígeno remove quaisquer impurezas ou contaminantes, como proteínas de DNA ou outras moléculas das células em que foram cultivadas.
Além disso, também se usa uma técnica especial que separa e purifica diferentes partes da mistura com base em fatores como tamanho ou sua tendência para se ligar a outras moléculas. Para vacinas baseadas em vírus, o enfraquecimento ou morte (inativação) do vírus vivo também ocorre neste estágio de produção.
5. Suplementação
Esta etapa envolve a adição de componentes extras que irão aumentar o desempenho da vacina. Isso pode incluir um adjuvante, um material que causa uma resposta imune mais forte ao antígeno.
Todavia, os adjuvantes são normalmente incluídos apenas em vacinas que não contêm vírus vivos. As vacinas com vírus vivos causam fortes respostas imunológicas por conta própria.
Além disso, produtos químicos também são adicionados à mistura da vacina para estabilizá-la, o que aumenta o prazo de validade. Assim, alguns conservantes ajudam a manter essas vacinas em frascos multidoses funcionando com segurança por mais tempo, garantindo que fungos e bactérias não cresçam neles.
6. Ensaios clínicos e pedido de licença
Quando a empresa desenvolvedora da vacina está pronta para iniciar os estudos em humanos, eles compilam os resultados de seu laboratório e outros testes pré-clínicos, bem como informações relativas à tecnologia de fabricação e a qualidade da vacina e os submetem ao órgão regulador do país.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conduz uma avaliação do produto, sua qualidade e segurança e a tecnologia para fabricá-lo, para determinar se é razoavelmente seguro para o teste da vacina avançar em pessoas.
Os ensaios clínicos são conduzidos de acordo com planos que refletem a considerável experiência da agência reguladora em projetos de ensaios clínicos – esses planos são chamados de “protocolos”.
As vacinas destinadas a crianças geralmente são testadas primeiro em adultos, com um programa progressivo de desenvolvimento clínico para crianças e bebês.
As fases dos estudos podem progredir sequencialmente, mas também não é incomum que as fases de desenvolvimento se sobreponham.
7. Embalagem e distribuição
Por fim, a última etapa se concentra na produção e embalagem dos imunizantes. Aliás, as vacinas são embaladas em frascos ou em sistemas de distribuição individuais, como seringas.
O armazenamento após este ponto também é importante; as vacinas devem permanecer sob certas condições para mantê-las utilizáveis, assim como os alimentos. Após a embalagem, as vacinas são rotuladas e distribuídas.
Como os imunizantes funcionam?
As vacinas reduzem os riscos de contrair uma doença, trabalhando com as defesas naturais do seu corpo para construir proteção. Então, basicamente quando você recebe uma vacina, seu sistema imunológico responde. Em suma, elas agem da seguinte forma:
- Reconhece o germe invasor, como o vírus ou a bactéria;
- Produz anticorpos (os anticorpos são proteínas que o sistema imunológico produz naturalmente para combater doenças);
- Mantém você imune aquela doença. Portanto, se você for exposto ao germe no futuro, seu sistema imunológico pode destruí-lo rapidamente antes que você se sinta mal.
A vacina é, portanto, uma forma segura e inteligente de produzir uma resposta imunológica no corpo, sem causar doenças. Uma vez expostos a uma ou mais doses de uma vacina, normalmente permanecemos protegidos contra uma doença por anos, décadas ou mesmo por toda a vida.
É isso que torna as vacinas tão eficazes. Em vez de tratar uma doença depois que ela ocorre, os imunizantes nos previnem, em primeira instância, de ficarmos doentes.
As vacinas são seguras?
Como todos os medicamentos, as vacinas também produzem efeitos colaterais, mas ainda assim elas são altamente seguras e recomendadas. Aliás, os efeitos adversos das vacinas são geralmente menores e temporários, como dor no braço ou febre baixa. Efeitos colaterais mais graves são possíveis, mas são extremamente raros.
Além disso, qualquer vacina aprovada é rigorosamente testada em várias fases de testes e regularmente é reavaliada assim que é introduzida. Os cientistas também monitoram constantemente as informações de várias fontes em busca de qualquer sinal de que uma vacina possa causar riscos à saúde.
Portanto, lembre-se que muitas doenças evitáveis por imunizantes podem até resultar em morte. Os benefícios da vacinação superam em muito os riscos, e muito mais doenças e mortes ocorreriam sem as vacinas.
Agora que você sabe como são feitas as vacinas, leia também: Mitos sobre vacinas – Principais fake news sobre os imunizantes