A criogenia é uma técnica que permite resfriar corpos humanos a um frio de -196 ºC, impedindo sua deterioração e envelhecimento. Dessa maneira, é possível manter a condição de órgãos e corpos, com a proposta de ressuscitá-los em algum ponto no futuro.
A técnica tem sido vista com esperança por pacientes e estudiosos, especialmente em casos de doenças terminais. Nesses casos, os envolvidos recorrem ao recurso de resfriamento, na esperança de serem reanimados quando houver uma possibilidade de cura para a condição.
No Brasil, a criogenia ainda não pode ser feita em humanos. No entanto, empresas dos Estados Unidos já praticam a técnica em casos variados.
Como funciona a criogenia
Apesar de ser geralmente associado a um processo de congelamento, a criogenia consiste numa técnica de vitrificação. Dessa maneira, os fluidos corporais são mantidos num estado da matéria que pode ser definido como entre o sólido e o líquido.
Para garantir a eficiência do processo, o paciente deve incluir antioxidantes e vitaminas na dieta, a fim de reduzir lesões nos órgãos vitais. Logo após a declaração da morte clínica, o corpo é resfriado com gelo o mais rápido possível, garantindo a saúde dos tecidos. O sangue, no entanto, deve receber injeções de anticoagulantes, para que não fique totalmente congelado.
Com as medidas iniciais tomadas, o processo de criogenia passa para a preparação antes do armazenamento. Durante o transporte, ele deve receber compressões torácicas para manter o sangue circulando e oxigenando todo o corpo. Em seguida, o sangue deve ser removido e substituído por um composto capaz de resistir ao congelamento, evitando lesões nas veias, artérias e tecidos do corpo.
A partir daí, o corpo resfriado é mantido dentro de um recipiente fechado. Ali, a temperatura será reduzida lentamente, até chegar a estáveis -196 ºC.
Impasses do processo
Apesar dos conceitos teóricos, atualmente ainda não é possível reanimar a pessoa conservada por criogenia. No entanto, resultados em laboratórios já permitem a reanimação de alguns órgãos de animais.
Por causa disso, a técnica ainda não é realizada na maior parte do mundo. Apenas duas empresas são capazes de preservar os corpos de maneira apropriada, ambas localizadas nos Estados Unidos. Para isso, o paciente desembolsar um valor médio de US$ 200 mil, que pode variar dependendo de sua saúde e idade.
Além disso, existe ainda um processo mais barato – com custo médio de US$ 80 mil. Nesse caso, apenas os tecidos da cabeça são preservados, mantendo a saúde do cérebro. Nesses casos, a ideia é poder colocá-lo em um outro corpo saudável no futuro.
Casos conhecidos
O primeiro caso conhecido de criogenia aconteceu no fim da década de 60. Em 12 de janeiro de 1967, o professor de Psicologia da Universidade da Califórnia James Bedford morreu de câncer nos rins e foi preservado com a técnica.
Desde então, seu corpo já passou por cinco laboratórios diferentes até 1982. Nesse momento, ele foi armazenado no Alcor, onde está até hoje. Além de Bedford, outros casos famosos de criogenia incluem o astro do beisebol Ted Williams (1918-2002), o físico Robert Ettinger, considerado pai da criogenia (1918-2011), e o programador Hal Finney, pioneiro em bitcoin (1956-2014).
Criogenia no Brasil
Por fim, no Brasil, o Centro de Criogenia Brasil (CCB) foi fundado em 2003. O laboratório iniciou suas atividades coletando células-tronco hematopoiéticas, que compõem o sangue do cordão umbilical.
A partir de 2013, entretanto, células mesenquimal, encontradas no tecido do cordão e na polpa do dente de leite, também passaram a ser armazenadass no local.
Apesar da técnica não ser permitida em corpos humanos por aqui, o filósofo e antropólogo Diego Caleiro, de 32 anos, está na fila de criogenia do Cryonics Institute. Nascido em São Paulo, ele mora na Califórnia e defende que, apesar de ter baixas chances de sucesso, a técnica pode permitir o salvamento e manutenção da vida dentro de algumas centenas de anos.
Fontes: Canal Tech, Tua Saúde, Revista Galileu, Azeheb
Imagens: Why Evolution Is True, Futurism, Galileu, Olhar Digital, Ucho.info