A demissexualidade é um espectro da área cinza da assexualidade com caracterização pelo surgimento de atração sexual em uma situação específica. Nesse sentido, a atração sexual parte do envolvimento, conexão emocional ou afetiva com a pessoa com que se relaciona. Ademais, faz parte da zona de indefinição de identidade sexual.
Ou seja, não há especificação do sexo biológico ou gênero que uma pessoa demissexual direciona sua atração. Sobretudo, isso acontece porque a conexão é mais importante do que a atração sexual. Como consequência, entende-se que a demissexualidade não lida com interferências dessas questões.
Curiosamente, o termo demissexual parte de um neologismo com a expressão demi, do francês. Dessa forma, a palavra francesa significa metade ou parte. Apesar disso, identifica-se a demissexualidade como designação de sexualidade desde fevereiro de 2006. A partir de uma experiência descrita em um fórum sobre assexualidade.
Em resumo, um usuário com o nickname sonofzeal escreveu nos fóruns da Asexuality Visibility and Education Network ou AVEN que não se sentia sexualmente atraído por pessoas sem ter uma conexão emocional. Portanto, essa pessoa não se identificava nem como assexual e nem como alossexual. Sendo assim, criou o termo para descrever a si mesmo com mais precisão.
Características da demissexualidade
A princípio, a expressão começou a ter popularidade maior a partir de 2008. Ademais, como as outras identificações sexuais, a demissexualidade também possui uma bandeira própria. No entanto, não se sabe como e nem quem a criou, apenas que tem adaptação a partir da bandeira assexual.
Nesse sentido, o preto representa a assexualidade estrita e o roxo representa a comunidade. Em contrapartida, o cinza representa os espectros da área cinza da assexualidade. Basicamente, essa área compreende o espectro entre a assexualidade estrita e as alossexualidades, que são o oposto da assexualidade.
Por fim, o branco é o espectro da atração sexual, ou seja, a alossexualidade. Apesar das controvérsias e dúvidas sobre os limites e definições do que seria a conexão emocional essencial à demissexualidade, há ainda uma delimitação. Em resumo, esse processo se assemelha à experiência assexual até o ponto em que se forma a conexão, quando surge uma atração sexual.
No entanto, essa tração se estende somente para aquela pessoa. Por outro lado, no caso das pessoas alossexuais, essa questão da conexão profunda para se ter uma relação sexual é mais sobre preferência e menos sobre necessidade. Sendo assim, para os demissexuais é fundamental que haja essa ligação com o outro antes de entrar no campo da intimidade sexual.
Polêmicas, controvérsias e desafios
Ainda assim, existem incontáveis controvérsias que surgem principalmente pela desinformação e falta de contato com a experiência dos demissexuais. No geral, algumas pessoas afirmam que a demissexualidade não existe sob o argumento de que é “normal não sentir atração sexual até que se forme uma conexão emocional” com a pessoa.
Contudo, para os demissexuais, essa questão da conexão não se trata sobre normalidade ou opção, pois é uma parte da natureza social das pessoas. Por fim, é um grande desafio para a comunidade explicar e ser reconhecido em suas questões. Em especial porque essa identidade sexual é recente, principalmente em relação às outras siglas da comunidade LGBTQIA+
Acima de tudo, as informações sobre a demissexualidade são escassas e não oficiais. Comumente, partem dos próprios membros da comunidade que discutem e abordam esse tópico a partir de perspectivas pessoais. Em contrapartida, parte da comunidade científica entende essa e outras identificações do espectro assexual como algo que não é natural do ponto de vista biológico.
Como consequência, há grandes conflitos e debates que ainda precisam ser vencidos para avançar no campo da demissexualidade. Nesse sentido, a confusão parte tanto dos assexuais quanto dos alossexuais, que não entendem a questão condicional sobre conexão humana.
Ademais, os próprios demissexuais levam certo tempo para entender e aceitar essa identificação. Sobretudo, isso acontece pela dificuldade de articular esse espectro em suas relações familiares e pessoais. Ainda assim, as comunidades, redes sociais e fóruns online, como o responsável pela origem do termo, são espaços fundamentais para os demissexuais lidarem com essas questões.
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