Dharma é um conceito extremamente observado em filosofias e religiões com origem na Índia. No hinduísmo, por exemplo, recebe o nome de Sanatana Dharma e determina a lei universal eterna.
Além disso, o conceito também aparece em crenças do budismo, jainismo e sikhismo.
A primeira aparição do termo em textos histórias ocorre nos Vedas, onde refere-se à lei moral e espiritual vigente. Dessa maneira, também apresenta um conjunto de deveres e responsabilidades derivados dessa ordem.
Em algumas interpretações, o conceito também está associado a Yama, deus da morte da mitologia hindu, personificando as ideias de lei e justiça.
Dharmasastra
O Dharma como código de conduta e princípios morais está detalhado em um compilado de textos sânscritos conhecido como Dharmasastra. Além das leis listadas, o documento também oferece uma série de comentários sobre essas responsabilidades, bem como um código de ética.
Entre as recomendações, estão códigos de comportamento para o indivíduo em relação a si mesmo, mas também diante da família e da comunidade. É partir do cumprimento desses deveres que a vida social – e espiritual – pode se desenvolver de forma equilibrada.
Dessa maneira, o Dharma também representa a lei cósmica que está acima de tudo, governando o funcionamento da natureza. Além disso, o conceito ainda indica a possibilidade de alcançar a libertação a partir da aplicação das leis universais, gradualmente permitindo a quebra de um ciclo eterno de vida e morte.
Dharma e Bhagavad Gita
O Bhagavad Gita é um outro texto em sânscrito, também chamado de Cântico do Abençoado Senhor, ou Evangelho da Índia. Apesar de apresentar o conceito de dualidade de bem e mal, ele considera que o objetivo da vida é acumular lições e aprendizados para alma.
Nesse sentido, o aprendizado varia de acordo com o karma de cada um, independente dos valores das circunstâncias externas, que não podem ser classificadas como positivas ou negativas. Ou seja, as lições que constituem o Dharma dependem do karma.
É assim, portanto, que ele destina-se a favorecer esse propósito de libertação e realização de vida. A longo prazo, as diversas encarnações pregadas pelo hinduísmo garantem o acúmulo de lições e experiências, permitindo a evolução dos princípios individuais.
Tradição budista
Em sua origem, o budismo se desenvolve como um movimento de reforma do hinduísmo. Sendo assim, o movimento é considerado muito mais uma forma de filosofia de vida do que de práticas religiosas.
Naturalmente, a origem determina que alguns valores existem simultaneamente nas duas correntes de pensamento. No budismo, por exemplo, a Roda do Dharma simboliza o caminho óctuplo.
São eles: compreensão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta.
Dharma e divisão em castas
A Índia utiliza um sistema de castas que, apesar de gerar a uma série de abusos, exclusões e imposições, tem origem no varnasrama-dharma. Esses textos védicos apresentam uma conotação original diferente da aplicada hoje em dia, comparando classes sociais com o corpo humano.
De acordo com os documentos, mesmo quando algumas partes podem parecer estar numa posição de mais importância, todas elas são necessárias para um funcionamento equilibrado de todo o sistema.
Na sociedade, portanto, essas partes estão divididas em quatro categorias e quatro níveis espirituais. As categorias são brahmanas (intelectuais e padres), ksatriyas (militares e administradores), vaisyas (camponeses e empresários) e sudras (trabalhadores e assistentes gerais). Já os níveis espirituais correspondem a brahmacarya (vida como celibatário), grihastha (vida conjugal), vanaprastha (vida reclusa) e sannyasa (renúncia e dedicação completa ao Absoluto).
De acordo com a cultura védica, as pessoas recebem um papel na sociedade de acordo com algumas características individuais, como sua natureza psico-física. No entanto o sistema passou a ser baseado exclusivamente no nascimento, o que criou uma série de incompatibilidades da aplicação do conceito com os valores originalmente apresentados no Rig Veda.
Dharma e karma
Apesar de conectados e com nomes parecidos, dharma e karma são dois conceitos diferentes. O dharma é a base da ordem e da verdade universal, enquanto o karma está pautado numa esfera individual e diz respeito aos cenários de causa e consequência.
A raiz da palavra, kr, vem do sânscrito que significa fazer, ou seja, indica uma ação. Sendo assim, o karma corresponde à reação do universo a cada ação do indivíduo, seja nessa ou em outras vidas passadas.
De forma simples, significa que todas as ações – sejam elas físicas, verbais ou espirituais – geram alguma consequência a ser colhida pelo espírito ao longo do eterno ciclo da vida.
Como encontrar seu dharma
A manifestação do dharma é responsável pela transformação do indivíduo capaz de levar à paz interior. Ainda que a busca seja complexa, indica a possibilidade de alcançar autoconhecimento e força para lidar com as verdades do mundo.
Entre as formas sugeridas de praticar essa busca, estão a prática de técnicas de yoga e meditação, por exemplo.
Além disso, os benefícios do dharma não incluem a possibilidade de modificá-lo, mas sim de alcançar o conhecimento e a realização a partir de sua compreensão e aceitação.
Fontes: Yogateria, Gili Store, Significados, InfoEscola
Imagens: Nyingma Tersar, Srinivasam Trust, Tudo sobre budismo, 1000 Word, iQuilíbrio, Arte de Viver, Ancient Origins