Para quem assistiu ao filme do vilão da DC Comics, Coringa, certamente concorda que, um dos elementos mais assustadores é sua risada estridente, alta e incontrolável. Mas, ao contrário do que muitos acreditam, a risada do Coringa não é um sintoma fictício. A doença do coringa é real.
De acordo com especialistas, o personagem Arthur Fleck, ou Coringa, sofre de um transtorno mental raro. Entre os sintomas dessa doença está a risada incontrolável, que afeta significamente o dia a dia daqueles que sofrem com ela.
Primeiramente, a doença do Coringa foi diagnosticada como Afeto Pseudobulbar (PBA), cujos sintomas são risadas e choros incontroláveis. Porém, de acordo com especialistas em neurologia, a PBA afeta principalmente idosos com doença terminal, o que não é o caso do coringa.
Portanto, entre tantas condições médicas com os mesmos sintomas, chegaram à conclusão que Arthur Fleck sofre de uma condição médica chamada de epilepsia gelástica.
O que é
Segundo neurologistas, a doença do Coringa, ou epilepsia gelástica, é um tipo raro de convulsão, que corresponde a 0,2% do total dos tipos de convulsões.
A principal característica da epilepsia gelástica é uma risada que pode surgir a qualquer momento, independente do estado de espírito do paciente.
Geralmente, a risada surge em momentos inadequados, e por ser impossível de controlar, pode se tornar inconveniente, deixando o paciente constrangido.
No entanto, é comum que as crises aconteçam com mais frequência em momentos de pressão ou estresse.
A epilepsia gelástica é uma condição médica que afeta mais adultos, com mais de 20 anos, que geralmente nascem com o tumor no hipotálamo. No entanto, em crianças é mais raro de acontecer.
O que causa a doença do coringa
Geralmente, a epilepsia gelástica é causada por pequenos tumores localizados no hipotálamo, chamados de hamartoma hipotalâmico. No entanto, tumores nos lobos frontal ou temporal também podem causar esse tipo de convulsão.
Os hamartomas são os responsáveis pela crise de risada, especialistas acreditam que o hamartoma tenha efeito excitante. E esse efeito gera uma atividade elétrica anormal nas áreas próximas ao sistema límbico, responsável pela parte emocional do cérebro e para o sistema nervoso. Contudo, os ataques de riso só cessam quando a atividade elétrica no cérebro volta ao normal.
Entretanto, essa condição médica pode ser controlada com medicamentos antiepiléticos, ou dependendo do caso, com cirurgia, quando os tumores não estão tão profundos.
Todavia, ao fazer uso dos medicamentos, o paciente pode evitar que as crises de risadas sejam diárias. Ou seja, com o tratamento adequado, as crises podem se tornar esporádicas, uma ou duas vezes por mês, ou dependendo do caso, pode desaparecer completamente.
De acordo com estudos realizados na Universidade de Friburgo, na Alemanha, 50% dos pacientes com epilepsia gelástica sofrem com a redução do quociente intelectual na idade adulta. No entanto, em alguns casos, também apresentam problemas de memória, atenção, organização e dificuldade em ordenar imagens.
Se não tratado adequadamente, o paciente pode desenvolver doenças psicológicas como, depressão, por exemplo, o que é o caso do vilão coringa retratado no filme.
A doença do Coringa- Arthur Fleck
Os estúdios da Warner Bros lançaram em 2019, o novo filme do coringa, vilão da DC Comics, onde conta a história do comediante fracassado, Arthur Fleck.
Ao contrário dos outros coringas retratados anteriormente, o coringa interpretado pelo ator Joaquin Phoenix, trabalha o lado psicológico do vilão. Portanto, a risada assustadora do coringa, é na verdade uma condição médica, a epilepsia gelástica.
No filme, o coringa tem várias crises de risadas incontroláveis, em momentos inapropriados. Para criar a risada do coringa, Joaquin Phoenix observou paciente que sofrem de epilepsia gelástica.
E observou especialmente uma mulher que, durante as crises de riso, segurava o pescoço, como se sentisse dor ou estivesse se afogando.
Apesar de carregar uma carteirinha para comprovar sua doença, Arthur Fleck não faz um tratamento adequado, pois, caso fizesse, as crises seriam controladas.
No entanto, apesar de o coringa apresentar uma personalidade violenta, neurologistas afirmam que a epilepsia gelástica não tem relação nenhuma com violência.
Portanto, essa característica em especial da doença do coringa, foi especialmente moldada apenas para o personagem no filme, já que o coringa é conhecido por sua maldade.
Então, se você gostou dessa matéria, veja também: Arlequina e Coringa- A história do relacionamento abusivo da DC.
Fontes: BBC, El país, UOL, Hypeness
Imagens: Medium, Manual dos games, A Gazeta, Kubrick a Mente