Ainda no começo da semana, a economia mundial presenciou um momento que já não era possibilidade há muitos meses. Na última segunda-feira (21), a divisa da moeda fechou em queda de 1,43% a R$ 4,9440, o menor valor desde 30 de junho de 2021, quando estava a R$ 4,9728. No mesmo ano, a moeda norte-americana chegou a acumular queda de 11,32%. Os motivos do mundo encontrar o dólar a R$ 5 ou abaixo disso são vários.
Inicialmente, o movimento é fruto do alto volume de investimento estrangeiro no Brasil. Já o investimento vem por conta da trajetória de alta da Selic, bem como o diferencial de juros em relação a outras economias. Tudo isso ocorre ainda durante a guerra entre Rússia e Ucrânia. Assim, das 25 economias acompanhadas pela Economatica, o dólar perde valor em 10 países, enquanto se valoriza em 15.
Contudo, tal alívio na pressão cambial exige muito cuidado. Afinal, as eleições voltam em pouco tempo, e devem entrar no radar dos investidores nos próximos meses. Além disso, de acordo com o último boletim Focus, da área de investimentos, o dólar pode terminar o ano em R$ 5,30, com base em previsão. Seja como for, entender os motivos do dólar a R$ 5 é essencial antes de tomar qualquer decisão.
Dólar a R$ 5: causas da anomalia
Um dos fatores que impulsiona a valorização do real frente ao dólar é o alto volume de investimento estrangeiro no Brasil. A B3, bolsa de valores de São Paulo, registra uma alta de 7,70% em tais investimentos em 2022. Nesse sentido, a regra segue a lei da oferta e demanda. Caso um investidor estrangeiro coloque mais dólares na economia brasileira, o volume da moeda fica maior no país. Quanto maior a oferta, menor o preço. Dessa forma, em 2022, o investimento estrangeiro na bolsa já passa dos US$ 50 bilhões.
Junto disso, o aumento dos preços das commodities no mercado internacional também ajuda a fortalecer a moeda brasileira. Atualmente, há grande entrada de dólares no país por conta da venda de produtos como soja, petróleo e minério de ferro. Só o preço do barril de petróleo teve média de US$ 44 em 2020, e chegou a US$ 70 em 2021. Agora, por conta da piora do conflito na Rússia, o insumo passa de US$ 100.
Por fim, a questão da alta da Selic também faz com que as atenções fiquem voltadas para o Brasil, via investimentos em renda fixa. Após a última decisão do Copom, o país voltou a ter o maior juro real, algo que paga um retorno atrativo ao capital externo. Da mesma forma, os juros do EUA, que subiram pela primeira vez em cinco anos, também ajudam a abaixar a cotação do dólar em terras brasileiras. A postura mais agressiva do Federal Reserve para combater a inflação norte-americana fez com que investidores se desfizessem de suas aplicações na bolsa.
Isso, obviamente, já foi previsto por eles, no caso, o crescimento lento da economia do país e das empresas que investem. Assim, o Brasil tornou-se um mercado interessante entre os emergentes aos olhos de quem investe.
Mais sobre a queda do dólar
De acordo com a avaliação dos especialistas, é essencial ter cuidado a partir do segundo trimestre em relação ao dólar a R$ 5. Afinal, as eleições logo entram no foco dos investidores, fazendo com que o valor da moeda volte a subir. No Brasil, existem riscos consideráveis, e o processo eleitoral de 2022 deve gerar muito ruído. Seja como for, para quem tem dinheiro guardado e quer investir, especialistas ainda recomendam que comprem dólares o quanto antes para aproveitar a cotação. Afinal, ela não deve durar muito.
Contudo, em relação ao planejamento de viagens ao exterior, especialistas recomendam que não sejam feitas. O custo de viagens internacionais e de compras no exterior ainda é alto. Como exemplo, apesar do dólar ter chegado aos R$ 5, em 10 de fevereiro, ele valia R$ 4,32. Ou seja: a moeda segue valorizada no Brasil.
Fonte: G1