Há 75 anos, uma adolescente e sua família judia foram presos pela polícia nazista durante a Segunda Guerra Mundial. A holandesa Anne Frank e sua família viviam como clandestinos em Amsterdã, na Holanda. No entanto, após dois anos, o esconderijo de Anne Frank foi descoberto. Então, ela e a família foram levadas para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
O esconderijo de Anne Frank ficava no andar de cima do armazém de seu pai, eram vários cômodos, cujo acesso era por uma única porta lisa, onde uma prateleira de livros a mantinha escondida.
Durante dois anos, Anne, sua irmã Margot e seus pais, dividiam o esconderijo com outra família. E naquele local, comiam, dormiam, tomavam banho, no entanto, faziam tudo em horários em que ninguém no armazém pudesse ouvir.
Anne e Margot passavam o tempo estudando, qualquer curso que pudesse ser feito por correspondência. No entanto, para ajudar a lidar com a difícil situação, Anne passava boa parte do seu tempo escrevendo em seu diário como era o dia a dia no esconderijo. Inclusive, seus relatos foram publicados, atualmente o Diário de Anne Frank é o texto mais lido com o tema do Holocausto.
Quem era Anne Frank
Anneliese Marie Frank, conhecida mundialmente como Anne Frank, foi uma adolescente judia, que viveu em Amsterdã com sua família durante o Holocausto. Nasceu em 12 de Junho de 1929, em Frankfurt, na Alemanha.
No entanto, não há uma data oficial de sua morte. Apenas que Anne morreu aos 15 anos de idade com uma doença chamada Tifo, em um campo de concentração nazista na Alemanha, entre 1944 e 1945. Anne era uma adolescente com bastante personalidade, apaixonada por livros, sonhava em se tornar uma artista e escritora famosa.
O mundo todo conheceu Anne Frank graças à publicação de seu diário, onde contém relatos dos acontecimentos durante o tempo que permaneceu escondida.
A família de Anne era composta por ela, seus pais Otto e Edith Frank e por sua irmã mais velha Margot. Recém-estabelecidos em Amsterdã, Otto Frank era dono de um armazém, que vendia matéria prima para a produção de geleias.
No ano de 1940, a Holanda, onde viviam, foi invadida por nazistas alemães, comandados por Hitler. Então, a população judaica do país começou a ser perseguida. Contudo, foram impostas várias restrições, além de ser exigido o uso da Estrela de Davi, para que fossem identificados como judeus.
O diário de Anne Frank
O mundialmente famoso, O Diário de Anne Frank, inicialmente, foi um presente de aniversário de 13 anos que Anne ganhou de seu pai. Todavia, o diário virou uma espécie de amiga confidente de Anne, que deu o nome de Kitty ao seu diário. E nele, relatava seus sonhos, anseios, mas principalmente, os medos, que ela e sua família sentiam.
No diário, Anne escreve sobre os primeiros países invadidos pela Alemanha, o medo cada vez maior de seus pais e a possibilidade de um esconderijo para se protegerem das perseguições.
Até que um dia, Otto Frank revela que já vinha guardando roupas, móveis e comida em um esconderijo para eles, e que possivelmente ficariam ali por muito tempo. Então, quando uma intimação que obrigava Margot a se apresentar em um campo de trabalho nazista, Anne Frank e sua família foram para o esconderijo.
O esconderijo de Anne Frank foi montado no andar de cima do armazém de seu pai, localizado em uma rua próxima dos canais de Amsterdã. No entanto, para despistar a polícia nazista, a família Frank deixou um bilhete indicando que haviam se mudado para a Suíça. Inclusive, deixaram para trás, as louças sujas e bagunçadas e o gato de estimação de Anne.
Esconderijo de Anne Frank
Com ajuda de amigos de confiança, Anne e sua família entraram no anexo que serviria de esconderijo, no dia 6 de Julho de 1942. O local era composto por três andares, cuja entrada era feita por um escritório, onde uma estante de livros foi colocada para que o esconderijo de Anne Frank não fosse descoberto.
No esconderijo de Anne Frank, viviam ela, sua irmã mais velha Margot, seu pai Otto Frank e sua mãe Edith Frank. Além deles, uma família, os Van Pels, Hermann e Auguste e seu filho Peter, dois anos mais velho do que Anne. Algum tempo depois, um amigo de Otto, o dentista Fritz Pfeffer, também se juntou a eles no esconderijo.
Durante os dois anos que permaneceu ali, Anne escrevia em seu diário, relatando como era o dia a dia com sua família e com os Van Pels. No entanto, a convivência não era muito pacífica, pois Auguste e Edith, não se davam muito bem, assim como Anne e sua mãe. Já com o pai, Anne era muito amiga e conversava sobre tudo com ele.
No diário, Anne escreveu sobre seus sentimentos e sobre a descoberta de sua sexualidade, inclusive sobre seu primeiro beijo com Peter e o romance adolescente que tiveram.
A família Frank se manteve em isolamento por dois anos, sem sair ás ruas para evitar que fossem descobertos. Pois, todos os judeus encontrados eram levados imediatamente para campos de concentração nazista, onde eram mortos. Então, a única forma de receber notícias era pelo rádio e pelos amigos da família.
Como os mantimentos eram escassos, levados escondidos pelos amigos de Otto. Por isso, as famílias tinham que regrar as refeições, escolhendo qual refeição seria feita no dia, no entanto, muitas vezes faziam jejum.
Por dentro do esconderijo de Anne Frank
Dentro do esconderijo de Anne Frank, as famílias se dividiam em três andares, cuja única entrada era feita por um escritório. No primeiro andar do esconderijo, havia dois quartos pequenos e um banheiro. Porém, os banhos só eram liberados aos domingos, após as 9h, como não havia chuveiro, os banhos eram com caneca.
No segundo andar, havia uma sala grande e uma menor ao lado, onde saia uma escada que levava ao sótão. Durante o dia, todos tinham que fazer silêncio, nem mesmo torneiras podiam ser usadas, para que ninguém no armazém desconfiasse que houvesse pessoas ali.
Então, o tempo para o almoço era de apenas meia hora, onde comiam batatas, sopas e enlatados. Durante o período da tarde, Anne e Margot se dedicavam aos estudos, e durante os intervalos, Anne escrevia em seu diário Kitty. Já no período da noite, após as 21h, era hora de todos dormirem, nessa hora os móveis eram arrastados e arrumados para acomodar a todos.
Os relatos de Anne Frank se encerram três dias antes da família ser descoberta e presa, quando foram levados em 4 de Agosto de 1944 para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
De todos que estavam no esconderijo de Anne Frank, apenas seu pai sobreviveu. Inclusive, foi ele o responsável pela publicação do seu diário, que fez muito sucesso em todo o mundo, vendendo mais de 30 milhões de cópias.
Quem traiu a família
Mesmo após todos esses anos, ainda não se sabe quem ou o quê, denunciaram a família de Anne Frank. Atualmente, historiadores, cientistas e equipe forense usam da tecnologia para tentar identificar se houve algum informante ou se o esconderijo de Anne Frank foi descoberto por acaso pela polícia nazista.
No entanto, ao longo dos anos, surgiram mais de 30 pessoas consideradas como suspeitas de trair a família de Anne. Entre os suspeitos, está um funcionário do armazém, Wilhelm Geradus van Maaren que trabalhava no andar debaixo do esconderijo de Anne Frank. Porém, mesmo após duas investigações, por falta de provas, foi inocentado.
Lena Hartog-van Bladeren, que ajudava no controle de pragas do armazém, é outra suspeita. De acordo com relatos, Lena suspeitava que houvesse pessoas escondidas e assim, deu início a boatos. Mas, nada foi provado se ela sabia ou não da existência do esconderijo. E assim continua a lista dos suspeitos, sem provas para comprovar o envolvimento no caso.
Últimas descobertas sobre a deflagração
No entanto, há uma teoria de que a família de Anne não tenha sido denunciada, mas descoberta por acaso durante uma inspeção para verificar cupons de racionamento falsificados. Pois, os policiais não tinham um veículo para transportar pessoas, inclusive, tiveram que improvisar quando prenderam a família.
Outro ponto é que um dos oficiais que participaram da deflagração trabalhava no setor de investigações econômicas, por isso, dois homens que forneciam cupons falsificados aos Franks também foram presos. Mas, ainda não se sabe ao certo se realmente foi acidental ou não a descoberta do esconderijo de Anne Frank.
Portanto, as investigações continuam com uma equipe liderada pelo agente aposentado do FBI, Vincent Pantoke. A equipe utiliza tecnologia e inteligência artificial para pesquisar arquivos antigos, fazer conexões e entrevistar fontes em todo o mundo.
Inclusive, realizaram uma varredura no esconderijo de Anne Frank para detectar se havia a possibilidade de ruídos serem ouvidos por prédios vizinhos. Contudo, todas as descobertas realizadas até agora serão divulgadas em um livro que será publicado no ano que vem.
Desde Maio de 1960, o esconderijo de Anne Frank é aberto ao público para visitação. O local foi transformado e um museu, ideia do próprio pai de Anne, para evitar que o prédio fosse demolido.
Hoje, modernizado, o esconderijo possui menos móveis do que na época, porém é nas paredes que ficam expostas toda a história de Anne e sua família, durante o período difícil que passaram ali escondidos.
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Fontes: UOL, National Geographic, Intrínseca, Brasil Escola
Imagens: VIX, Super Interessante, Entre Contos, Diário da Manhã, R7, Quanto custa viajar