Uma das maiores invenções brasileiras é o filtro de barro, que mudou completamente a maneira de beber água desde 1910. Pois, em uma época em que a água nem sempre era de boa qualidade, a criação do filtro de barro mudou a rotina das famílias.
Naquela época, a água vinha de poços, rios ou de uma canalização bem rudimentar que encaminha a água até fontes e chafarizes construídos pelos governos. Portanto, para abastecer suas residências, as pessoas tinham que buscar água nessas fontes e chafarizes, o problema é que a água não era tratada.
Por isso, graças à criação do filtro de barro, a água enfim chegou dentro das casas, e o melhor, limpa e sem contaminação. Ademais, se trata de um dos primeiros produtos criados pela indústria nacional.
No entanto, sua criação foi necessária, pois o país passava por questões de saúde pública, com o crescimento da população e das cidades, muitas epidemias apareceram. E como o serviço de água encanada não era suficiente, não havia equipamentos que pudessem filtrar a água adequadamente. Consequentemente, pessoas morriam em epidemias ao tomar água suja.
Então, quando os imigrantes italianos e portugueses chegaram ao país, tudo começou a mudar. Pois, eles traziam com eles velas para filtrar água, que já existiam na Europa, porém, eram peças rudimentares, feitas de pedras porosas. Enquanto que, os filtros eram de metal ou de pedra.
Até que um dia, um dos imigrantes que vivia em São Paulo percebeu que as jazidas de argila do interior do estado, podiam fornecer material para a fabricação de potes de cerâmica. Dessa forma, também serviria para a fabricação de filtros, o que acabou dando certo e fazendo muito sucesso, se tornando uma tradição brasileira. Pois, além de eliminar impurezas da água, a deixava pura e fresca.
O filtro de barro
De acordo com especialistas, o filtro de barro é a forma mais segura e eficiente que existe de se filtrar a água para beber. Pois, a água sai do filtro 95% livre do cloro, de parasitas, pesticidas e de metais, como chumbo, ferro e alumínio. Além disso, devido à cerâmica diminuir a temperatura da água em até 5° graus centígrados, ela se mantem fresca o dia todo. Ademais, é o único filtro de água com classificação P- I recebida pelo Inmetro. O que quer dizer que o filtro de barro é capaz de reter partículas de 0,5 a 1 mícron. Sendo que os outros modelos de filtros só retêm partículas acima de 15 mícrons. O que não é nada mal para uma invenção tão antiga.
No entanto, na década de 1990, a popularidade do filtro de barro foi sendo substituída por modelos modernos de filtros e purificadores de água. Pois, prometiam ser mais eficientes em eliminar impurezas da água. Então, com a população convencida, o filtro de barro foi caindo em desuso, apesar de que, em algumas casas, ele ainda se faz presente.
Origem
A criação do filtro de barro foi uma verdadeira revolução na forma como a água era consumida, o tornando uma tradição brasileira. Ademais, o filtro de barro foi criado cerca de 1910, sendo que, inicialmente era produzido por portugueses e italianos que chegaram a São Paulo. Como as velas para filtrar já existiam na Europa, eles trouxeram com eles.
Já o tradicional filtro de barro São João, feito de barro vermelho e vela porosa, foi criado em 1920, pela Cerâmica Lamparelli, na cidade de Jaboticabal, São Paulo. No entanto, era considerado como um símbolo de status, direcionado ao público das classes A e B. Com o passar do tempo, o filtro de barro foi sendo aperfeiçoado. Inicialmente, a vela era um disco de cerâmica porosa que era colada com breu e cera.
Dessa forma, após décadas, ele chegou à forma como o conhecemos hoje. Ou seja, por fora é composto por uma camada de cerâmica porosa e por dentro, uma porção de carvão e uma camada de prata coloidal. Que é um produto bactericida, usado para purificar ainda mais a água. Por fim, o carvão ativado que atua retirando o cloro da água.
Benefícios do filtro de barro
Entre os principais benefícios do filtro de barro, estão sua praticidade e facilidade de manuseio. Pois, não precisa de energia elétrica para funcionar, sua montagem é rápida e simples e não há necessidade de adicionar nenhum produto químico. Basta fazer a limpeza, colocar a água e pronto, depois de algum tempo você terá água pura, fresca e gostosa, pronta para consumo.
Além disso, o filtro de barro é econômico, pois não precisa comprar galões de água, dessa forma, contribui para a diminuição do descarte de plástico na natureza. Também possui comprovação científica internacional quanto à eficiência do seu processo de tratamento e filtragem de água.
E, para sua manutenção, não é necessário usar nenhum tipo de produto para a limpeza da vela, com uma esponja suave, esfregue levemente para remover a sujeira. Sendo que, o ideal é que a vela seja limpa a cada 6 meses. Já os reservatórios, devem ser lavados a cada 7 dias e na parte externa, passe a bucha ou pano úmido diariamente para remover pequenos grão de argila que vão surgindo. Inclusive, muitas pessoas confundem esses grãos acumulados com mofo.
Inicialmente, a água pode apresentar um sabor característico, o que é normal, no entanto, após algumas filtragens, o gosto desaparece. Por isso, descarte a primeira filtragem de água, que serve para limpar o filtro e ativar a vela. A partir da segunda, a água já está pronta para ser consumida, saudável, fresquinha e livre de 95% de todas as impurezas e contaminações.
Filtro de barro versão moderna
Apesar de ter deixado de ser popular nos anos 90, o filtro de barro está retornando às casas dos brasileiros, porém, customizados e com um estilo mais moderno. Dessa forma, o que chegou a ser chamado de ultrapassado e até de cafona, agora pode ser encontrado nas mais variadas cores e formas. Com um estilo mais moderno, os filtros de barro fazem sucesso novamente.
Pois, muitas pessoas sentem nostalgia com relação ao filtro, já que as fazem se lembrar da avó ou da mãe e de sua infância. Por isso, o filtro de barro se tornou mais do que apenas algo para filtrar água, se tornou um item decorativo e bastante apreciado.
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Fontes: São Paulo, Globo, Uol, Paiol
Imagens: Pinterest, Blog Débora Meireles, Aquele Mato, Blog Elen Venâncio