Em primeiro lugar, a história da vida privada consiste em um empreendimento da pesquisa e uma proposta de um novo campo para a História. Nesse sentido, envolve estudar temas relacionados com o foro íntimo das civilizações ao longo da trajetória do mundo. Ou seja, o campo exige o manejo de fontes históricas que nunca foram exploradas.
Desse modo, consiste em uma forma de investigar a história do mundo por meio de interpretação de pinturas, espaços habitacionais, esculturas, textos pessoais como diários comuns e outros. Além disso, pretende atingir o objetivo de reconstruir a vida privada das pessoas nas diferentes épocas históricas.
Basicamente, os principais organizadores desses estudos foram os historiadores franceses Georges Duby e Philippe Ariès. Em resumo, a história da vida privada também é o nome da coleção que eles dirigiram, com lançamento em 1985. Sobretudo, teve sua concepção a partir dos primeiros anos da década de 1980.
Em especial, a principal influência da história da vida privada é o historiador francês Michel Winock, que apresentou para o público essa vertente da historiografia. Por fim, surgiu a corrente da Nova História, que corresponde à terceira geração da Escola dos Annales com foco na história das soberanias.
Origem da história da vida privada
A princípio, as preocupações que deram origem à história da vida privada partem da Escola dos Annales, um movimento historiográfico do século XX. Em resumo, esse movimento buscava incorporar métodos das Ciências Sociais à História. Portanto, iria além da visão positivista da história como crônica der acontecimentos.
Desse modo, passou a tratar de tornar inteligíveis a civilização e as mentalidades. Como consequência, ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então sem investigação. Em outras palavras, aa Escola de Annales foi responsável por romper com a compartimentação das Ciências Sociais ao privilegiar a multidisciplinaridade da área.
Nesse sentido, formou-se a Nova História, a corrente historiográfica mais avançada desse movimento, com membros da terceira geração. Sendo assim, passaram a estabelecer uma história que banaliza as formas de representação coletivas e mentais da sociedade. Ou seja, caberia ao historiador a análise e interpretação crítica dos dados, e não somente o registro e compartilhamento.
Mais ainda, passaram a focar em fenômenos de longa duração, como os grandes conjuntos da organização social e econômica. Além disso, houve influências da antropologia histórica, rejeitando a composição dessa área como narrativa e valorização de documentos oficiais como única fonte de pesquisa. Porém, manteve-se a crença na objetividade como princípio dessa corrente.
Dessa maneira, a história da vida privada surge como uma das correntes internas à Nova História, assim como a história do cotidiano e outros. Basicamente, Georges Duby e Phiippe Ariès utilizaram de objeto de estudo a história da vida privada no Ocidente, partindo dos romanos como início e desenvolvendo cinco volumes sobre o projeto, indo até os dias atuais, após a Primeira Guerra Mundial.
Estudos e conclusões
Em resumo, os estudos da história da vida tornaram-se cinco volumes literários. A princípio, começa a partir da Roma Antiga. Logo em seguida, parte para o mundo medieval e o mundo moderno. Por fim, o quarto e o quinto abordam desde a Revolução Francesa até o período posterior à Primeira Guerra Mundial.
Apesar de tratar sobre eventos históricos populares, as obras abordam a partir de práticas íntimas e hábitos pessoais dessas comunidades. Como exemplo, pode-se citar as análises sobre as formas de comer, a criação dos filhos e a busca por prazer de cada período. Ou seja, a vida privada não refere-se à vida individual, mas sim ao convívio enquanto família e coletividade.
Sobretudo, realizou-se esse trabalho levando em conta o cuidado para não cometer anacronismo. Em outras palavras, isso consiste em imputar a épocas passadas os valores de outra época distinta. Acima de tudo, realizaram a pesquisa sem impor juízos de valor da época em que escreviam sobre o período que analisavam.
Desse modo, os objetos de estudo da história da vida privada incluem diários escolares, utensílios de cozinha, vestimentas casuais e afins. Portanto, não partiam de documentos oficiais, quadros históricos e eventos políticos de grande impacto, mas sim da rotina de pessoas comuns. Por fim, foi responsável por fundar diversas correntes modernas que partem da história de pessoas anônimas.
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