Para o hinduísmo, Kali é a deusa da destruição e do renascimento, conhecida também como Mãe das Trevas ou Mãe Devoradora. Apesar dos nomes pelos quais é reconhecida, a deusa é bastante amada por seus devotos, mantendo com eles um vínculo bem íntimo. Entretanto, ela também possui traços de morte e vingança, assim como de amor e delicadeza.
O seu nome vem de Kal, palavra raiz sânscrita, e significa tempo. Por outro lado, no budismo tibetano, a deusa é um homem, conhecido como Kala. A deusa é o complemento de Shiva, o deus da destruição. Entretanto, eles são destruidores da irrealidade.
O ego vê sua própria morte ao olhar para Kali, e por isso sente medo dela. Ou seja, alguém que se apega ao ego não estará aberto a deusa. Em contrapartida, ela aparecerá para essa pessoa em uma forma assustadora. Por outro lado, se a pessoa possuir uma alma madura e trabalhar a prática espiritual para se libertar do ego, a deusa aparece em uma forma afetuosa, doce e cheia de amor por seus filhos. Nessa conexão, a pessoa que adora Kali torna-se uma criança, enquanto ela vira uma cuidadosa e preocupada mãe.
Como surgiu Kali
Segundo a lenda, Kali nasceu da testa da deusa Durga, enquanto Durga estava em uma batalha contra um demônio. Durga invocou a deusa Kali com o propósito de que ela ajudasse na luta. Kali se envolveu tanto na batalha, que começou a destruir tudo que estava ao seu alcance. Shiva se jogou em seus pés em uma tentativa de pará-la e trazê-la de volta a realidade. Surpreendentemente, a estratégia deu certo. A deusa ficou tão assustada com a visão, que mostrou a língua em espanto e parou o ataque.
É por causa desse acontecimento que a imagem mais comum da deusa é ilustrada com ela calma, em pé enquanto um dos seus pés está no peito de Shiva e toda a sua língua está aparecendo fora da boca. Além disso, ela aparece como uma mulher de pele escura ou azulada, seus cabelos são negros e seu rosto manchado com sangue. Por fim, ela sempre possui quatro ou oito braços, onde estes estão carregando armas dos deuses. Além de um colar de crânio humano em seu pescoço.
Apesar de toda a destruição, a deusa também é vista como o renascimento. Isso porque, tudo um dia precisa ser destruído para então poder recomeçar. Ou seja, é ela quem faz girar a roda do tempo. Assim como a junção de todas as cores cria o branco, dizem que Kali é a união de todo o universo, tornando-se o princípio e o fim.
Assim como os outros deuses indianos, ela também é venerada durante os festivais. O mais comum é o Kali Puja, onde seus devotos oferecem arroz, lentilha, flores de hibisco e meditam em seu nome até o amanhecer do dia seguinte. A deusa possui três símbolos marcantes: a serpente, o triângulo vermelho com a ponta para baixo e o crânio humano.
Por que invocá-la?
Kali está sempre próxima para nos avisar de algum encerramento em nossas vidas. Seja ele a morte, o término de um relacionamento, uma perda de emprego ou apenas uma nova fase em nossa vida. Mas isso não é negativo, ela é a força da renovação.
Além disso, ela também é transformação. A deusa sempre está disponível para ser invocada através de um mantra quando alguém precisar de um empurrãozinho ou uma força a mais para enfrentar os dias seguintes. É importante se lembrar que somos seres que estão sempre em mudança constante. Por fim, é preferível que rituais feitos para a invocação de Kali sejam feitos durante a Lua Nova.
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Fontes: Bazarindiano, Santuariolunar