Como a gente já sabe, as lendas indígenas carregam uma riqueza cultural imensa, com histórias que vão desde a criação do universo até explicações poéticas sobre a origem das primeiras plantas, rios, cachoeiras e animais. Entre elas, claro, está a lenda do Sol.
Tendo isso em vista, a história revela não apenas como este astro foi formado, mas também o papel simbólico que desempenha nas tradições indígenas. Ou seja: um verdadeiro convite para compreender a visão de mundo desses povos e valorizar sua sabedoria ancestral.
E aí, vamos saber um pouco mais sobre essa lenda? Boa leitura!
A lenda do sol
A lenda do Sol Kuandú vem dos povos indígenas do norte do Brasil e traz uma explicação cheia de simbolismo importante sobre como funciona os ciclos do sol. Nessa tradição, Kuandú é o deus Sol, um homem que divide suas responsabilidades entre três filhos, cada um representando diferentes aspectos do Sol.
Segundo a lenda, o filho mais velho é o sol mais forte, brilhante e caloroso. Ele aparece nos períodos de seca, quando sua intensidade domina os céus e aquece a terra. O filho mais novo, por sua vez, é associado aos dias mais amenos e chuvosos, trazendo frescor e umidade que renovam a vida.
Por fim, o filho do meio tem um papel intermediário: ele surge nos dias em que seus dois irmãos precisam descansar, assumindo o trabalho de iluminar o mundo com equilíbrio. Portanto, cada um, dentro das próprias limitações e funções, exerce um papel importante.
Origem da lenda do sol
Há muito tempo, Kuandú carregava no coração o desejo de vingança, desde que seu pai foi morto pelo índio Juruna. Com o passar dos dias, tomado por esse sentimento, Kuandú encontrou Juruna na mata, encostado em uma palmeira chamada inajá. Decidido a acabar com seu inimigo, tentou matá-lo, mas Juruna foi mais rápido e, com um golpe certeiro, matou Kuandú.
Após essa tragégia, algo muito estranho aconteceu: o mundo entrou em um estado de escuridão. Sem a luz do dia, os povos indígenas não conseguiam sair para trabalhar e muito menos garantir sua sobrevivência. Com o passar dos dias, a situação ficou crítica.
O tempo foi passando e os problemas começaram a aparecer. Foi então que as crianças começaram a morrer de fome, pois Juruna não conseguia pescar nem cuidar da roça na completa escuridão. Diante dessa situação, preocupada com o destino da tribo, a mulher de Kuandú teve uma ideia: enviou o filho mais velho para trazer a luz de volta ao dia.
Então, ele seguiu com o objetivo de acabar com essa situação, mas o calor era tão intenso que não conseguiu resistir e voltou para casa, o que acabou deixando tudo escuro novamente. Depois, foi a vez do filho mais novo tentar. Ele também saiu para clarear o dia, mas após algumas horas, retornou. Foi então que os dois irmãos tiveram a brilhante ideia e começaram a se revezar.
Portanto, com o tempo, a tribo percebeu um padrão. Quando o dia era quente e seco, significava que o filho mais velho estava lá fora. Já nos dias frios e úmidos, era o mais novo quem cuidava da luz. O filho do meio, por sua vez, assumia o papel de ambos quando os irmãos precisavam descansar. E foi assim, então, que a lenda do Sol surgiu.
Importância das lendas para a cultura
Para nós, não é novidade alguma que a cultura indígena é um verdadeiro tesouro de mitos e lendas, os quais têm grande importância não apenas para os povos indígenas, mas também para toda a sociedade.
Essas histórias contribuíram de maneira significativa para a formação da cultura brasileira, desde palavras incorporadas ao nosso idioma até mesmo costumes que fazem parte do dia a dia, como tomar banho diariamente, beber chá, utilizar alimentos de origem indígena e recorrer a plantas medicinais quando algo não vai muito bem.
As lendas, em especial, são utilizadas para explicar acontecimentos do passado. Elas nascem de fatos reais, mas ganham novos contornos por meio de histórias transmitidas oralmente e superstições. Um exemplo disso é a lenda do Sol, que varia de acordo com cada grupo indígena.
Entre os Tucúna, da Amazônia, a lenda do Sol tem uma versão diferente. Segundo sua tradição, o Sol surgiu quando um jovem indígena tomou uma tinta de urucu fervente, usada por sua tia para pintar os participantes da festa de Moça-nova. Conforme bebia a tinta, sua pele ia ficando cada vez mais avermelhada, até que ele subiu aos céus. Lá, transformou-se no Sol, iluminando e aquecendo o mundo inteiro.
Portanto, isso deixa bem evidente como cada tribo constrói as suas próprias visões sobre o mundo, e o mais interessante e fazer um paralelo entre a diversidade. Concorda?
Então, se você gostou do nosso artigo sobre a lenda do sol, aproveite e confira também: Lendas Indígenas – Origens e importância para a cultura
Fontes: Só história, Meio do céu, Carta maior, UFMG
