As lendas são conhecidas por transmitir uma tradição ou cultura, através da narrativa fantasiosa, de geração para geração. Entretanto, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos fictícios, produto da imaginação humana. Mas, e as lendas indígenas?
Às lendas indígenas, elas fazem parte da cultura popular brasileira, e tem como característica mais marcante a apresentação do regionalismo, que compõem com riqueza o patrimônio histórico.
Em virtude dos contos serem cercados de mistérios, as lendas causam fascínio e curiosidade, tanto em crianças, quanto em adultos.
Porém, a importância das lendas vai muito além do entretenimento. Ou seja, as lendas indígenas têm como objetivo ajudar a retratar a cultura, histórias e crenças do povo indígena. No entanto, algumas lendas indígenas surgiram como forma de explicar a origem de plantas e costumes dos povos.
Origens das lendas indígenas
Com a intenção de educar e doutrinar, as lendas eram usadas desde a infância, onde se usava elementos da natureza para moldar as crianças, e assim preservar a cultura indígena.
Como objetivo, as lendas foram criadas para ensinar as crianças a se tornarem corajosas e ao mesmo tempo, a respeitar a cultura do povo, além da importância que a natureza tem para a vida deles. Por isso, as lendas terminam com algum tipo de lição de moral.
Algumas das lendas ainda ensinam a importância de sentimentos como: do amor, compaixão, respeito e união, ressaltando a força dos personagens envolvidos com as histórias. Então, as lendas serviam tanto como para formar romances, quanto como base para lutar contra as investidas do homem branco.
Importância das lendas indígenas para a cultura
Decerto as lendas indígenas são importantes para a cultura brasileira, afinal a cultura indígena, com seus hábitos e costumes, fazem parte da base da formação do povo brasileiro.
Ao mesmo tempo, as lendas permitem que historiadores encontrem respostas para o presente, com base no que aconteceu no passado. Pois as diferentes lendas, com o poder de influenciar, são contadas em várias partes do território brasileiro. E com isso, se popularizaram de tal forma que, hoje, fazem parte do rico folclore brasileiro.
As lendas indígenas mais conhecidas
Lenda do Saci Pererê
O Saci Pererê é retratado, ora como um menino, ora como um diabinho peludo. Porém, é sempre retratado como travesso e o gosto por esconder objetos das pessoas. Por exemplo, como travessura, o Saci Pererê, gosta de trançar pelos de animais e atrapalhar as cozinheiras. E sempre aparece nas noites de sexta-feira.
Com uma perna só, um gorro vermelho e cachimbo na boca, sua tarefa é levar para a mata distante, crianças teimosas. E quando morre, em seu lugar nasce um cogumelo venenoso.
Lenda do Curupira
Conhecido como o protetor das florestas, Curupira é um diabo vermelho perverso, que tem o tamanho de uma criança. E que tem como característica os pés virados para trás. Porém, quando lhe é oferecido fumo e cachaça, ajuda para que caçadores tenham uma boa caça.
Também é conhecido por raptar crianças ou fazer como que pessoas se percam na floresta. Se você for preso pelo Curupira, faça um nó bem apertado em um cipó, ao tentar desfazer o nó, o Curupira se distrai, e assim, facilita a fuga.
Lenda da Vitória- Régia
A lenda da Vitória Regia, conta a história de uma linda índia, Naiá, que estava apaixonada pela lua. E seu sonho era se transformar em uma estrela e viver juntamente com a lua. Então, em um dia, quando estava sentada na beira do rio, viu o reflexo da lua, e se inclinou para beijá-la, e assim, caiu no rio desaparecendo nas águas misteriosas.
Contudo, Jaci (lua), se sensibilizou com a beleza da índia, e para homenageá-la a transformou em uma linda e perfumada flor, a vitória régia, ou estrela das águas. Logo, em noites de lua cheia, suas folhas refletem a luz da lua.
Lenda do Boto cor de rosa
De acordo com a lenda, o boto cor de rosa é o habitante encantado que habita no rio amazonas, e à meia noite se transforma em homem. Ademais, usa roupa e chapéu branco, o chapéu é para ocultar uma abertura em sua cabeça, por onde exala cheiro de peixe.
É galanteador e sedutor, gosta de seduzir as moças do vilarejo. Por isso, quando surge alguma moça grávida, onde a paternidade é desconhecida, dizem que o pai é o boto cor de rosa. Portanto, para afastar o boto cor de rosa, deve-se passar alho nas canoas e nos locais onde ele gosta de aparecer.
Lenda da Iara
A lenda da Iara, conta a história de uma índia que, era admirada tanto por sua beleza, quanto por suas habilidades de guerreira. Assim, com inveja, seus irmãos tentam mata-la. Porém, como era boa guerreira, é Iara quem mata seus irmãos.
Com medo de ser punida por sua tribo, Iara foge, mas é encontrada pelo pajé, que é seu pai. E para puni-la, ele a joga no rio, para morrer. Mas, com a ajuda dos peixes, Iara se salva e se transforma em uma linda sereia que vive no rio amazonas. Por isso, Iara atrai qualquer homem que chegue perto do rio para que morram afogados. Quanto àqueles que conseguem escapar dela, ficam loucos.
Lenda Indígena do Boitatá
A lenda do boitatá conta a história de uma serpente de fogo que protege a floresta amazônica. Com seus olhos grandes e brilhantes, assusta qualquer um que estiver por perto. Enquanto se arrasta pela mata à noite, se alimenta dos olhos dos animais, e quando morre, sua luz espalha pela escuridão da floresta.
Lenda do Caipora
Na lenda do Caipora, ele é retratado como sendo um menino pequeno e feio. Sendo que, sua principal função é proteger os animais da floresta, os rios e cachoeiras. De acordo com a lenda, Caipora sonda a floresta montado em um porco do mato e segurando uma grande vara. Assim, quando um animal está em perigo, galopa a toda velocidade e fazendo muito barulho para espantar o perigo. Contudo, se algum caçador deixar fumo junto a uma árvore, o Caipora pode ajudar na hora da caça.
Lenda Indígena do lobisomem
Segundo a lenda do lobisomem (meio homem e meio lobo), ele seria na verdade um homem que se transforma em um grande porco. E nas noites de lua cheia, por volta de meia noite, ele anda pelo vilarejo fazendo sons apavorantes. De acordo com a lenda, o lobisomem, com suas garras enormes e afiadas, ataca pessoas e animais domésticos que encontra pelo seu caminho.
Lenda da Princesa do lago
Conhecida no município de Maracanã (PA), a lenda da princesa do lago conta a história de uma linda mulher loura, que vestida toda de branco, passeia por um lago de águas cristalinas, que se localiza atrás da praia de Maiandêua. De acordo com a lenda, a princesa loura, de beleza incomparável, mora no lago. E todas as noites passeia pela margem, vestida de branco, desaparecendo logo depois.
Lenda do Uirapuru
Um jovem índio guerreiro se apaixonou pela mulher do chefe da tribo, como não podia se aproximar dela, pediu a Tupã (grande criador) que o transformasse em pássaro, e assim poderia ficar perto de sua amada. Então, Tupã atendeu a seu pedido, e o transformou em um pequeno pássaro, com um belo canto. Assim, o Uirapuru ia todos os dias cantar para sua amada índia, mas quem notou seu canto foi o cacique, que decidiu prendê-lo para poder ouvir seu canto sempre. Mas, Uirapuru fugiu, e ao persegui-lo, o cacique se perde na floresta e nunca mais volta. Enquanto isso, o pássaro continua cantando para sua bela índia, na esperança que um dia, ela note seu canto.
Lenda Indígena da Mandioca
Na lenda da mandioca, sua origem é explicada com base na história da pequena índia Mani. De acordo com a lenda, Mani, era neta do cacique, tinha a pele branca como leite, porém, não viveu muito. Certa manhã, sua mãe a encontra morta, triste, a enterra na Oca da aldeia.
Com o passar dos dias, em sua tristeza, a mãe de Mani rega sua sepultura com suas lágrimas, até que, no local, nasceu uma planta diferente cheia de flores. Ao encontrar as raízes, vendo que era branca por dentro, assim como Mani, resolveu cozinha-las, e assim, descobriu um alimento que é considerado como um dos mais importantes alimentos indígenas. Quanto ao nome, foi uma homenagem a pequena índia, juntando seu nome Mani, com Oca onde foi enterrada.
Lenda Indígena do Guaraná
Segundo a lenda, um casal em uma aldeia não podiam ter filhos, depois de muito pedir, foram atendidos e assim, nasceu um índio belo e bom, onde toda a aldeia gostava dele. Porém, um dia, cego pela inveja, Jurupari, o deus da escuridão, se transforma em uma serpente e matou o menino enquanto colhia frutos.
Sua mãe inconsolável, chora a Tupã, que manda que enterre os olhos do pequeno índio. Assim, nasce a planta de guaraná, que se assemelha ao olho humano.
Lenda do Anhangá
O Anhangá é conhecido como um espírito errante, que tem como função proteger a natureza, como as florestas, rios, cachoeiras e animais. Sendo que, o Anhangá possui a forma de um veado branco, e seus olhos são de fogo. De acordo com a lenda, o Anhangá protege os animais de caçadores, provocando febre e loucura naqueles que o vê.
Lenda do Pirarucu
O Pirarucu, é um peixe de água doce, sendo que pode chegar até 3 metros de comprimento. De acordo com a lenda, Pirarucu era um índio guerreiro, jovem e vaidoso das tribos Uaias, que falava mal dos deuses de sua tribo e tirava proveito pelo fato de ser filho do cacique, matando outros índios sem motivos.
Até que um dia, Tupã mandou uma grande tempestade. Enquanto todos fugiam, Pirarucu zombou da tempestade, foi quando caiu no Rio Tocantis e se transformou em peixe.
Enfim, essas são uma das lendas indígenas mais importantes que norteiam nossa cultura, mas ainda há tantas outras que fazem com que o folclore brasileiro seja tão rico.
E você, conhecia algumas dessas lendas? Se gostou do nosso post, veja também: 3 lendas urbanas assustadoras que na verdade são reais
Fontes: Toda Matéria, Educa mais Brasil, Stoodi
Imagens: Nova escola, Lunetas, Carta Capital, Amino, Pinterest, Desencaixados, Ciência Informativa, Casa da cultura, Causos assustadores, Ocean Inspiration