Hoje o assunto será de casos bizarros da época em que a medicina e o corpo humano estavam em processo de descobertas. Antigamente, doenças como ansiedade e depressão não eram tão fáceis de serem tratadas. Ao invés do medicamentos modernos e do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, o mais comum era a lobotomia.
Sobretudo, a lobotomia foi um procedimento cirúrgico famoso da década de 1950. Tal procedimento é tão bizarroque se tornou, na maioria dos países, um verdadeiro fracasso da história da psiquiatria.
Porém, mesmo com tantos pontos negativos (os quais ainda vamos relatar), ele ainda era um procedimento muito respeitado para a época.
Enfim, você conhece esse procedimento? Já ouviu falar? Se você ficou curioso, vem com a gente. Pois, iremos explicar todos os detalhes desse procedimento cruel e insano.
Afinal, o que é a lobotomia?
A priori, a lobotomia ou leucotomia, significa “cortar um lobo do cérebro”. Ela se trata de uma técnica cirúrgica criada em 1935, pelo neurologista português Dr. António Egas Moniz e pelo cirurgião Dr. Almeida Lima.
Essa técnica foi tão respeitada que o médico português Egas Moniz garantiu, em 1949, o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. O prêmio se deu por ele ter descoberto o valor terapêutico do procedimento em pacientes com distúrbios psiquiátricos.
Assim sendo, a lobotomia era uma técnica psicocirúrgica, a qual consistia na retirada de um pedaço do cérebro. Inclusive, era mais comum retirar a parte do lobo pré-frontal. Pois, de acordo com os estudos de Moniz, o lobo frontal era o responsável pelo comportamento e pelas atividades psíquicas.
Sobretudo, essa técnica foi desenvolvida por eles com o intuito de eliminar doenças mentais. Basicamente, eles relacionavam doenças como esquizofrenia e depressões profundas a essas partes já citadas do cérebro.
Banalização da lobotomia
Após desenvolver essa técnica, o Dr. Egas Moniz começou a aconselhar que a lobotomia deveria ser realizada somente em casos extremos. Ou seja, quando o paciente apresentasse comportamentos suicidas ou de muita violência, por exemplo.
Contudo, mesmo com o conselho de Moniz, alguns médicos começaram a realizar esse procedimento de forma irresponsável. Vale destacar que os Estados Unidos e o Japão eram os que realizavam a lobotomia com maior frequência. E o que é ainda pior: a cirurgia era feita de forma irregular.
Nesses países, por exemplo, a lobotomia começou a ser usada para silenciar pacientes psiquiátricos que eram considerados um “incômodo social”. Além de ser também realizada em crianças que eram classificadas como mau comportadas. Inclusive, em pessoas que eles provavelmente queriam fazer uma lavagem cerebral.
Como era realizada a lobotomia?
A priori, vale ressaltar que essa prática era realizada, em muitos casos, sem exame prévio e sem precisão cirúrgica. Aliás, geralmente esse procedimento era feito sem anestesia. Chocante, não é mesmo?
Primeiramente, a lobotomia era realizada com o auxílio de uma ferramenta chamada leucótomo. Basicamente, essa ferramenta ajudava a romper e a remover as fibras nervosas do cérebro, quando encaixada nos orifícios do crânio do paciente.
Porém tudo se modificou após o Dr. Walter Freeman desenvolver outro método. A cirurgia então, passou a ser transorbital.
Traduzindo de forma bem popular, era usada uma espécie de picador de gelo. Basicamente, esse método tinha como objetivo baratear e agilizar o procedimento cirúrgico. E o pior, muitas vezes essas “ferramentas cirúrgica” eram retirados da própria cozinha dos médicos.
Basicamente, esse material era levado ao cérebro do paciente por meio de uma perfuração feita atrás dos olhos. E, apesar de medonho, na época os médicos ficaram satisfeitos com a inovação, já que assim era mais fácil se chegar à área devida do cérebro.
Assim sendo, quando a ponta do objeto chegava ao cérebro, o médico girava o picador. Por fim, retirava um pedaço do tecido cerebral. Tudo era feito em apenas 10 minutos e, para eles, era uma grande conquista.
Efeitos da lobotomia
Primeiramente, vale ressaltar que a maioria das pessoas submetidas a lobotomia, entravam em estado vegetativo logo após o procedimento.
Em casos menos drásticos, no entanto, o procedimento alterava a personalidade do indivíduo. O paciente não conseguisse exprimir seus sentimentos e também se tornar um ser facilmente manipulável.
As pessoas ainda perdiam a capacidade motora e de fala. Infecções, convulsões ou qualquer outro dano cerebral também eram corriqueiros, como por exemplo, hemorragias intracranianas.
Porém, essas várias características negativas eram consideradas por alguns médicos como um efeito colateral do tratamento. E, para tentarem se sobressair, diziam que isso era um bom progresso.
A descoberta dos fármacos e o fim da cirurgia
Essa técnica, aliás, foi praticada por mais de 20 anos no Brasil. Consequentemente, mais de mil pacientes foram submetidos a esse procedimento.
Porém, com o passar do tempo, e com os avanços da medicina, a lobotomia passou de “cura milagrosa” para “mutilação mental”. Basicamente, essa associação se deu por conta do alto número de sequelas que o procedimento começou a provocar na maioria dos pacientes.
E foi exatamente em meados da década de 1950 que houve avanços da indústria farmacêutica. Com esses avanços, dentre outras coisas, foram descobertos os medicamentos psicoativos.
Felizmente, com a chegada desses remédios ao mercado, a lobotomia parou de ser utilizada no Brasil e em várias pares do mundo.
A lobotomia na atualidade
Contudo, existem lugares em que a lobotomia ainda é praticada, como na América do Norte. A diferença é que, atualmente, a técnica é realizada de maneira mais segura e científica. Ela até chegou a receber um nome novo e é chamada de cingulotomia.
Além disso, hoje me dia, os médicos mexem apenas em parte do tecido cerebral, que seria a causa dos sintomas problemáticos. No caso, o procedimento é mais usado para tratar pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo grave.
“Loucas” curiosidades
- Não era necessária a autorização do paciente para realizar a lobotomia;
- Não tinha idade mínima para passar pelo procedimento;
- A primeira lobotomia realizada em uma pessoa foi no dia 12 de novembro de 1935;
- Cerca de 2.000 soldados do exército receberam lobotomias;
- O neurocirurgião Walter Freeman realizou mais de 3,5 mil lobotomias em 23 estados norte-americanos ao longo de sua carreira;
- Na Suécia, entre os anos de 1944 e 1966, pelo menos 4,5 mil pessoas foram submetidas à lobotomia. Vale ressaltar, que a maioria dos pacientes eram mulheres.
Casos famosos de lobotomia
- Uma criança chamada Howard Dully, aos 12 anos de idade, foi lobotomizada pelo Dr. Freeman. Felizmente, Dully conseguiu sobreviver à operação, e anos depois escreveu o livro “Minha lobotomia”.
- A artista modernista Sigrid Hjertén foi diagnosticada como esquizofrênica. Logo após, foi internada em um hospital psiquiátrico e submetida à lobotomia. Porém, ela morreu em 1948, por conta dessa cirurgia.
- Uma das primeiras pessoas famosas a passar pelo procedimento foi o ator Warner Baxter. No mais, ele foi submetido a uma lobotomia para tratar de suas dores de artrite. Porém, morreu logo depois da cirurgia.
- Esse caso é um pouco mais bizarro. Inclusive, se trata do pai do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy, o qual considerava sua filha, Rosemary Kennedy, de 23 anos como muito rebelde. Por isso, ele submeteu sua filha a lobotomia. Assim sendo, a cirurgia deixou a jovem completamente incapacitada, e ironicamente em 2005, ela morreu por causas naturais.
Realmente um procedimento mega bizarro. Você já conhecia a história da lobotomia?
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Fontes: Mega curioso, Hiper cultura, Significados, Info escola
Imagens: Mega curioso, Fatos desconhecidos, Blog da Gera