Embora o planeta Terra tenha, aproximadamente, 4,5 bilhões de anos, a espécie humana surgiu há cerca de 350 mil deles e, mesmo diante desses dados, pouco sabemos sobre nossa história evolutiva. Porém, ainda que nosso conhecimento seja apenas um grão de areia no universo, os fósseis encontrados por arqueólogos e paleontólogos vêm nos dando um norte e Lucy é fundamental nesse processo.
Também conhecida como Dinknesh, Lucy é o fóssil mais famoso do mundo. Descoberto no Grande Vale do Rift, na Etiópia, esse registro paleontológico vem reformulando tudo o que achávamos que sabíamos sobre a evolução humana. Quando seus ossos fossilizados foram escavados no ano de 1974, ela foi imediaamente classificada como o mais antigo humano primitivo.
Além disso, Lucy viveu há mais de 3,1 milhões de anos e pertenceu a uma espécie, até então, desconhecida e que, graças à ela, recebeu o nome científico de “Australopithecus afarensis”. Toda a história em torno da descoberta de Dinknesh foi responsável por trazer uma nova perspectiva sobre a nossa própria origem. Pensando nisso, reunimos aqui tudo o que você precisa saber sobre essa ancestral.
A história de Lucy
Quando a equipe de escavação estava em busca de registros históricos, certamente não esperavam encontrar centenas de fragmentos do fóssil que viria a se chamr Lucy. De acordo com o pesquisador, Berhane Asfaw, cerca de 40 por cento do corpo de Lucy estava preservado. Na época, esse era um dos fósseis mais antigos e completos já encontrados.
Dessa forma, foi possível reconstituir restos da cabeça e dentes, o que permitiu saber mais sobre a dieta de Lucy e o tamanho de seu cérebro. Além disso, outras partes do esqueleto mostravam que ela caminhava sobre duas pernas. Contudo, apesar dessa característica humana, muitos traços do fóssil associavam-se aos nossos primos primatas.
Os braços curvados e mais longos que as pernas, indicavam que ela escalava árvores. Em conjunto com a baixa estatura (pouco mais de um metro de altura e cerca de 29 quilos), nariz plano e mandíbula inferior salinte, essas características aproxiamavam sua aparência do que conhecemos hoje como chimpazés. Porém, Lucy não era um macaco e sim uma ancestral do homem moderno que provou que o continente africano é o berço da humanidade.
Curiosidade sobre Lucy
Como o fóssil mais famoso do mundo, Lucy conta com inúmeras curiosidades que englobam desde sua descoberta até o motivo de sua morte. Abaixo você pode conferir esses fatos sobre nossa prima distante.
Um de seus nomes relaciona-se aos Beatles
Acontece que Donald Johanson e Tom Gray, os cientistas estadunidenses que encontraram Lucy, comemoraram a descoberta ao som de “Lucy in the Sky with Diamonds”, uma famosa canção dos Beatles. Então, por isso, o fóssil foi batizado com esse nome.
No entanto, o nome oficial é Dinknesh, uma palavra que, em amárico, significa “Tu és maravilhosa!”. Esse termo vem da língua oficial da Etiópia, reginão na qual o fóssil foi encontrado. Contudo, Lucy é o nome que rouba os holofotes e Dinknesh é pouco conhecido fora do páis de origem.
E acredita que ela foi encontrada por acaso?
Assim como mencionamos acima, seus ossos foram descobertos em 1974 por Johanson e Gray. Entretanto, o que poucos sabem é que os palentólogos só a encontraram porque voltaram de outra expedição por um caminho alternativo. Acredite se quiser, na volta, Johanson viu um fragmento de osso e logo identificou como hominídeo.
Assim, o que deveria ser uma volta para casa, tornou-se duas semanas de escavações e trabalho duro que mudaram para sempre a história da humanidade. Que loucura, né?! Por isso que é importante sempre olhar onde pisa.
Ela não é nossa irmã, é nossa prima
Apesar de na década de 70 os cientistas terem colocado Lucy como nossa ancestral direta, muitas descobertas foram feitas no intervalo de tempo entre o momento em que encontraram o fóssil e os dias atuais. Sendo assim, hoje em dia, a ciência a considera uma prima distante da nossa espécie.
E como Lucy morreu?
Até hoje os pesquisadores estudam Lucy e, em 2016, divulgaram estudos nos quais revelaram o motivo da morte dessa querida ancestral. Segundo os registros, Dinknesh perdeu a vida de forma rápida ao cair de uma árvore. A análise feita em seu esqueleto revelou lesões no braço e tornozelo direitos, ombro e joelho esquerdos.
Esses detalhes permitiram aos especialistas forenses constatar que os ferimentos são compatíveis com lesões que acontecem quando caímos de lugares altos, no caso dela foram mais de 12 metros. E, como Lucy era familiarizada com a escalada desses vegetais, acredita-se que esse foi o motivo da sua morte, rápida (já que ela caiu a uma velocidade de 56 km/h) e sem muito sofrimento.
Lucy não é um ícone acessível
Embora possua muitos admiradores ao redor do mundo, Lucy é bem low profile. Só para ilustrar, os fósseis dela estão escondidos do público em um cofre especial no Museu Nacional da Etiópia. Contudo, os visitantes do lugar podem ver uma réplica de gesso dos 47 ossos que compõem seu esqueleto, não só no Museu Nacional, mas em diversos museus espalhados pelo mundo.
Além disso, para os habitantes do ciberespaço, o site eLucy conta com o esqueleto digitalizado dessa estrela da ciência. Aliás, nele é até possível fazer comparações do esqueleto de Lucy com outros achados.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Cavalo congelado, de 40 mil anos, é encontrado intacto na Sibéria.