Provavelmente, você já ouviu falar sobre As Crônicas de Nárnia. O universo de Nárnia foi criado pelo escritor irlandês C.S. Lewis, rendendo sete livros cultuados até os dias de hoje e, no Brasil, vendidos em uma edição única.
Certamente, a maioria das pessoas não conhece o universo pelos livros, e sim suas adaptações cinematográficas. A obra ganhou três adaptações para o cinema, aliás.
Os livros escritos por Lewis narram várias aventuras envolvendo grupos de crianças (cada uma delas em épocas diferentes) que encontram o mundo mágico de Nárnia. Neste universo encantado, seres humanos encontram criaturas místicas, animais e árvores falantes, feiticeiras e um leão mágico, chamado Aslam.
O que talvez você não saiba é que, em Nárnia, há referências explicitas ao cristianismo. Sobretudo, a própria figura do leão Aslam pode ser uma representação de Deus. Lewis nunca escondeu suas referências ao catolicismo, religião que seguiu durante sua vida.
Nárnia
Poucos seres humanos chegaram ao mundo de Nárnia. No entanto, para encontrá-lo, é preciso achar um objeto no mundo real que transporte a pessoa à terra mágica. Em cada livro, este objeto varia: um anel, um guarda-roupa e um quadro.
Sendo assim, o primeiro livro escrito por Lewis foi O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. Inicialmente, o autor não pensou em escrever uma série de histórias. Mas, quando decidiu continuar a escrever, resgatou parte do enredo que não havia sido explorado.
O leão, a feiticeira e o guarda-roupa foi escrito em 1950. Na história, os irmãos Pevensie: Lúcia, Susana, Pedro e Edmundo estão vivendo na casa do tio-avô. No casarão, os irmãos descobrem um guarda-roupa antigo e, no fundo dele, se esconde a terra encantada de Nárnia.
O leão, a feiticeira e o guarda-roupa
Primeiramente, apenas a irmã mais nova, Lúcia chega a Nárnia. Lá, ela encontra um fauno e faz amizade com ele. Quando convence seus irmãos a entrarem no guarda-roupa, a garota descobre que seu novo amigo estava desaparecido e a culpa era, provavelmente, da Feiticeira Branca.
Ao longo do primeiro livro, os irmãos Pevensie descobrem como funciona o mundo encantado e precisam ajudar os habitantes fantásticos a derrotarem a Feiticeira. Como resultado da aventura, eles conhecem seres encantados, inclusive o “rei” de Nárnia, Aslam.
Apesar de ter sido o primeiro livro escrito, O leão, a feiticeira e o guarda-roupa não é a primeira história da saga. Por meio dos demais livros, Lewis explora a história de Nárnia e conta a trajetória de várias pessoas que descobriram o mundo encantado. O próprio tio-avô dos Pevensie, por exemplo, faz parte de uma das aventuras contadas pelo autor.
É provável que você se encante com o mundo maravilhoso de Nárnia caso resolva ler a obra de Lewis. Ao longo dos sete livros há: seres encantados, viagens de navio, aventuras, cenários fantásticos, batalhas épicas e muito mais.
As Crônicas de Nárnia e o cristianismo
Antes de mais nada, é importante entender que Lewis não tinha a intenção de escrever um livro sobre a religião católica. No entanto, por ser muito religioso, o escritor criou metáforas e alegorias que remetem ao catolicismo.
Para entender a relação entre a obra de Lewis com a religião, inicialmente devemos pensar nos valores que o autor quis passar ao escrever. Quando cria o universo de Nárnia, o escritor tentou passar para o leitor ideais de amor ao próximo, amizade, paz, justiça e perdão.
Além desses valores cristãos, há outras alegorias cristãs em As Crônicas de Nárnia. O próprio leão Aslam, por exemplo, seria uma representação de Deus. O animal escolhido foi o mais imponente, considerado o “rei da selva”. Por outro lado, o leão também é um líder e uma espécie de pai para os animais e seres encantados, mais um indício de que ele representaria uma divindade.
Bem como como a figura de um Deus, Lewis desenvolve em As Crônicas de Nárnia alguns paralelos com a bíblia. Por exemplo: em O sobrinho do mago há um momento de criação, uma referência ao livro de Gênesis. Outra leitura possível é uma relação entre o último livro, A última batalha, e o Apocalipse.
Adaptação para o cinema
Em 2005, a obra de Lewis ganhou sua primeira adaptação para o cinema. O primeiro filme O leão, a feiticeira e o guarda-roupa foi sucesso de bilheteria. Ademais, o longa fez com que a saga de livros, na época pouco conhecida no Brasil, se popularizasse.
Então, em 2008, o segundo filme da saga foi lançado, O Príncipe Caspian. Apesar da ordem no cinema, vale lembrar que os produtores não seguiram a ordem cronológica e nem de lançamento dos livros.
Já o terceiro filme, lançado em 2010, é A viagem do Peregrino da Alvorada. Os produtores dos longas tentaram criar uma linha narrativa e cronológica própria para o cinema. Apesar disso, os personagens e o enredo geral são os mesmos nas páginas ou nas telas.
C. S. Lewis
Primeiramente, Clive Staple Lewis nasceu na Irlanda, em 1989. Inicialmente é importante ter em mente que diversos fatos da vida dele influenciaram sua escrita. O primeiro dele, certamente, foi o falecimento precoce de sua mãe.
Apesar da forte influência católica, o autor chegou a ser considerar ateu. Isso porque ele lutou durante a Primeira Guerra Mundial. Os horrores do conflito afetaram o autor e, consequentemente, ele passou a duvidar da existência de Deus.
Aos poucos, Lewis fez as pazes com a religião tendo como influência autores que ele admirava e que eram cristãos. Além disso, ele tinha um grande amigo que o influenciou a voltar a ser católico. Certamente você já ouviu o nome desse amigo, J.R.R. Tolkien. Isso mesmo! Os autores de As Crônicas de Nárnia e o Senhor dos Anéis eram próximos.
No entanto, há biógrafos que relatam que a recepção de Tolkien ao manuscrito de As crônicas de Nárnia não foi boa. Mesmo amando fantasia, o autor de Senhor dos Anéis não gostou do modo como Lewis abordou a história. Inegavelmente, C.S. ficou chateado e se afastou um pouco do amigo.
A fim de continuar os estudos, Lewis morou nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde começou sua produção literária e acadêmica. Além da influência em relação à religião, Tolkien o inspirou a escrever fantasia, gênero ainda subjugado na época.
Lewis foi casado durante quatro anos com a igualmente escritora Joy Davidman. A mulher faleceu em decorrência de uma doença e o falecimento afetou muito o escritor.
Mesmo que As crônicas de Nárnia sejam sua obra mais famosa, Lewis chegou a escrever outros livros, tanto literários como acadêmicos. O autor faleceu em 22 de novembro de 1963, por causa de um ataque do coração.
Curiosidades sobre Nárnia
Ademais, há diversas curiosidades que rondam o universo criado por Lewis. Abaixo você confere algumas delas:
1- Nome
A palavra Nárnia vem de um termo em latim, Narni, que se refere a uma cidade na Itália.
2- Aslam
Aliás, o nome Aslam também tem um significado interessante. Isso porque a palavra significa leão em turco. Ele é o único personagem que aparece em todos os livros.
3- Dez anos
Mesmo que tenha pensado em escrever As Crônicas de Nárnia em 1939, foi apenas em 1949 que o autor terminou o primeiro livro.
4- Ordem cronológica
De acordo com Lewis, os livros deveriam ser lidos na ordem cronológica da história:
- O Sobrinho do Mago
- O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
- O Cavalo e seu Menino
- O Príncipe Caspian
- A Viagem do Peregrino da Alvorada
- A Cadeira de Prata
- A Última Batalha
5- Os sete céus
Há uma teoria, criada pelo pesquisador Michael Ward, de que Lewis se inspirou na teoria dos sete céus. Isso porque Copérnico no século XVI acreditava haver sete céus e sete planetas girando em torno da terra. Apesar da teoria ter sido revogada, Lewis teria se baseado nela para escrever os sete livros.
6- Oito anos
Lewis demorou aproximadamente oito anos para terminar de escrever os sete livros da saga.
7- Mapa
Mesmo que existam várias versões do mapa de Nárnia, a versão oficial somente foi publica em uma edição do livro em 1972.
Enfim, gostou de conhecer mais sobre Nárnia? Então você também pode gostar dessa matéria: O Hobbit – Tudo que você não sabia sobre o livro e os próprios Hobbits
Fontes: Revista Galileu, Omelete, Infoescola, Tu Porém, É Realizações.
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