Saber o que é fobia é algo importante para diferenciar quadros patológicos de medos mais simples. Isso porque as fobias possuem origem em quadros de transtornos de ansiedade que podem afetar diretamente a rotina da de um indivíduo, podendo levar a quadros muito graves.
Quando uma fobia não recebe tratamento, por exemplo, pode levar a pessoa a se isolar de relações sociais. Dessa maneira, os efeitos negativos aparecem em relações pessoais e profissionais, levando a quadros clínicos de depressão ou síndrome do pânico, por exemplo.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apontam que o Brasil é o país com o maior percentual de pessoas sofrendo com transtornos de ansiedade. Por aqui, cerca de 9,3% da população sofre com variantes desse problema mental, sem contar os quadros que não recebem diagnóstico formal.
O que é fobia?
Uma fobia é um tipo de transtorno de ansiedade marcada pelo medo irracional de de algo. O gatilho para essa ansiedade pode ter origens variadas, incluindo outras pessoas, objetos, animais, locais, atividades ou situações.
Nesses casos, ainda que não existam motivos racionais para medo ou ansiedade, a pessoa sente perigos exagerados a partir de gatilhos específicos.
O desenvolvimento dessas reações também possui origens variadas. O medo patológico pode surgir por influência de fatores genéticos ou ambientais, bem como de condicionamentos ao longo da vida ou episódios traumáticos, especialmente durante a infância.
De acordo com Fernando Asbahr, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), cerca de 10% das crianças e adolescentes preenchem critérios que garantem o diagnóstico de algum tipo de ansiedade. Além disso, cerca de 2,4 a 3,3% apresentam quadros de fobias específicas.
Principais sintomas de fobias
Os sintomas só costumam se manifestar diante de gatilhos específicos relacionados ao medo específico do paciente. No entanto, para pacientes com quadros mais avançados, somente pensar no motivo da fobia já pode ser suficiente para liberar os sintomas.
Alguns deles se manifestam de forma física e são comuns a maioria das patologias conhecidas e podem envolver tontura e vertigem, náusea, tremores, calafrios, formigamento pelo corpo, sudorese intensa, dor de cabeça, tensão muscular, diarreia, aumento da frequência cardíaca e palpitações, boca seca e dificuldade para respirar.
Além disso, também surgem sintomas psicológicos, como irritabilidade e foco no problema (mesmo quando ele não é real ou racional) e confusão mental. Nas crises mais intensas, o paciente ainda pode apresentar descontrole por medo de enlouquecer ou até morrer diante do seu medo.
Fobias mais comuns no Brasil
Acrofobia
A acrofobia é o medo irracional de altura e surge especialmente quando o indivíduo está em locais muito altos. Diante da altura, o paciente pode começar a manifestar sintomas físicos e emocionais e sentir vertigem ou pânico, por exemplo. Dependendo da gravidade da fobia, o acrofóbico não consegue nem mesmo encarar escadas com poucos degraus, por conta da associação com experiências traumáticas ou gatilhos irracionais.
Aerofobia
A aerofobia está relacionada ao medo patológico de voar, especialmente relacionado a viagens de avião. Em algumas pessoas, o medo pode ser facilmente contornado pela restrição a movimentação por transportes terrestres ou marítimos, mas para alguns pacientes o problema pode ser mais grave. Pessoas com responsabilidades que envolvem viagens frequentes, por exemplo, podem precisar conviver com a ansiedade frequente diante das viagens, por mais curtas, rotineiras e seguras.
Agorafobia
Apesar do nome, a fobia nada tem a ver com tempo ou com o agora. A agorafobia refere-se ao medo de lugares abertos, fechados ou com grandes multidões. Nesses casos, o paciente pode acreditar que não terá como receber auxílio ou conseguir escapar do ambiente caso alguma emergência tenha início. Esse tipo de fobia pode gerar pessoas que desenvolvem outros tipos de ansiedade, por ficarem com dependência de companhia que garante a segurança nas situações gatilho. Dessa maneira, a falta de independência para lidar com algumas situações pode provocar a evolução de outros tipos de ansiedade ou depressão.
Aracnofobia
A aracnofobia é uma das fobias mais comuns e está relacionada ao medo de aranhas. Geralmente, esse medo desenvolve-se na infância, por conta do processo de educação dos pais que relaciona os animais a perigo, a fim de manter as crianças distantes e protegidas das espécies perigosas. Entretanto, mesmo que várias espécies sejam inofensivas, o medo permanece na vida adulta, gerando episódios de ansiedade diante do simples pensamento da possibilidade de aranhas num ambiente.
Claustrofobia
O medo dos claustrofóbicos está relacionado a lugares pequenos e fechados. Apesar de parecer próximo à agorafobia, em alguns casos, possui diagnósticos diferentes. Para o claustrofóbico, por exemplo, o gatilho da fobia pode surgir ao entrar em elevadores, vagões de trem e metrô ou aparelhos de ressonância magnética.
Coulrofobia
O nome pode parecer estranho, mas a fobia é muito comum especialmente em crianças. Trata-se do medo irracional de palhaços, mesmo que eles tenham aspecto considerados amigáveis e divertidos, ao menos em sua concepção. Para os coulrofóbicos, a aparência e o comportamento dos palhaços são motivo de pânico e ansiedade, o que muitas vezes é explorado em obras de ficção com foco no suspense e no terror.
Fobia social
A fobia social, ou ansiedade social, é o medo de situações sociais relativamente corriqueiras. Para os indivíduos com essa condição, conversas públicas podem gerar medo de rejeição ou humilhação, fazendo com que episódios de interação social sejam evitados. É uma das fobias que mais afeta a vida de indivíduos comuns, uma vez que todas as relações sociais sofrem efeitos negativos, favorecendo o desenvolvimento de quadros de depressão ou uso de drogas, por exemplo.
Glossofobia
O medo exagerado de falar ou aparecer em público é chamado de glossofobia. Ele é tão comum que, segundo um estudo publicado no International Journal of Research, cerca de 75% das pessoas sofre com essa ansiedade em algum nível. No dia-a-dia ele pode ficar sem se manifestar, mas é especialmente comum em situações em ambientes de estudo ou trabalho.
Hematofobia
Também chamado de hemofobia, esse medo patológico é provocado pelo contato visual com sangue. Geralmente, os hematofóbicos apresentam sintomas como tontura, calafrio ou até desmaio diante da visão do sangue. Dessa maneira, alguns pacientes com a condição também desenvolvem o medo de objetos que oferecem risco de corte e perfuração (ou seja, sangramento), como facas e agulhas.
Ofidiofobia
Assim como a aracnofobia, a ofidiofobia vem de um medo natural com origem na intenção de segurança e proteção. Nesse caso, a fobia diz respeito ao medo de cobras e pode surgir somente pela menção ou pensamento do contato com o réptil. Ainda que várias espécies sejam realmente peçonhentas e perigosas, a fobia se manifesta mesmo diante de criaturas inofensivas. Em alguns pacientes, mesmo que nunca tenha ocorrido contato com nenhuma cobra, a ansiedade pode se manifestar.
Tripofobia
A tripofobia é o medo exagerado de pequenos buracos ou saliências. Presente em cerca de 15% da população, o quadro costuma despertar emoções mais próximas do nojo e do desgosto do que do medo. A origem do medo está ligada a um mecanismo visual primitivo presente em todos os seres humanos.
Outros tipos de fobias específicas
Além das fobias mais comuns, existem várias outras ligadas a quadros mais raros. Entre essas, podemos citar.
- Amaxofobia: medo de estar em um veículo em movimento.
- Araquibutirofobia: medo de que comidas pastosas fiquem grudadas no céu da boca.
- Barofobia: medo da gravidade.
- Geliofobia: medo de risadas.
- Gnomofobia: medo de gnomos de jardim.
- Papyrofobia: medo de papéis.
- Metrofobia: medo de poemas e poesias.
- Efebofobia: medo de estar próximo de outras pessoas mais jovens.
- Somnifobia: medo de dormir.
- Onomatofobia: medo de pronunciar ou escutar algumas palavras específicas.
- Fobofobia: medo de sentir medo ou possuir algum tipo de fobia.
- Filofobia: medo de amar.
Como tratar fobias
O tratamento para fobias é extremamente fundamental, uma vez que, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), indivíduos com fobias específicas têm até 60% mais probabilidade de cometer suicídio.
Mesmo com o risco, no entanto, alguns quadros são vistos como medos bobos que não precisam de tratamento. Dessa maneira, o desenvolvimento do quadro sem tratamento leva a episódios comuns de sofrimento e desconforto que criam limitações no dia-a-dia. O tratamento, então, surgem com a intenção de garantir a saúde mental e permitir uma administração saudável do medo irracional.
Os principais tratamentos envolvem processos psicoterapêuticos, mas também podem incluir medicamentos específicos. Sendo assim, é importante consultar médicos especialistas a fim de encontrar a abordagem ideal para cada caso.
Tratamentos sem medicamentos
As abordagens psicoterapêuticas podem ser eficazes para tratar fobias de algumas formas diferentes. As principais delas envolvem, por exemplo, terapia de exposição e terapia cognitivo-comportamental. Nesses casos, técnicas psicológicas são utilizadas para compreender as causas das fobias durante sessões regulares de análise.
Sendo assim, a escolha do método mais adequado vai depender de uma série de fatores, desde a evolução do quadro à intensidade dos sintomas. Além disso, o tratamento também precisa de colaboração do paciente no processo.
Atualmente, terapias com hipnose também oferecem tratamentos alternativos que podem ajudar a enfrentar medos, traumas e fobias. No Brasil, por exemplo, a abordagem já é oficialmente reconhecida pelos Conselhos Federais de Medicina (CFM), de Psicologia (CFP), de Odontologia (CFO) e de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).
Tratamentos com medicamentos
Os casos mais graves de fobias específicas podem exigir o uso de remédios, especialmente no início dos tratamentos. Medicamentos antidepressivos e tranquilizantes, por exemplo, apresentam resultados expressivos na redução de sintomas de ansiedade. No entanto, os remédios devem ser utilizados somente sob indicação e observação de um médico, já que podem causar reações e adversas e problemas secundários com o uso descontrolado.
Além disso, a recomendação de medicamento deve passar pela observação de fatores como histórico familiar e de dependência de álcool ou drogas, testes físicos e psicológicos e exames laboratoriais.
Fontes: Hospital Santa Mônica, Hospital Santa Mônica, Vittude, Tela Vita, Significados
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