O que significa FBI? Origem, evolução e curiosidades sobre a agência

Com atuação nos EUA, o FBI tem mais de 30 mil funcionários em exercício, o que significa ser a maior agência policial do mundo inteiro.

O que significa FBI - origem, evolução e curiosidades sobre a agência

FBI é uma sigla que significa Federal Bureau of Investigation, ou Departamento Federal de Investigação. É uma agência governamental dos Estados Unidos que atua em investigações para garantir a aplicação da lei penal federal. Em comparação com o Brasil, por exemplo, a agência seria similar à Polícia Federal.

No entanto, oficialmente o órgão atua como um departamento policial. Na verdade, ele é administrado pelo Procurador Geral da Justiça dos Estados Unidos, o que significa que o FBI atua numa jurisdição específica.

Atualmente, a agência conta mais mais de 30 mil funcionários e agentes, espalhados em 60 países do mundo. Dessa maneira, é a maior agência policial do mundo todo.

História

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LBV

Antes da criação do FBI, a lei federal era aplicada e coordenada pelo Departamento de Justiça dos EUA, criado em 1870. Entretanto, o órgão ainda não contava com investigadores fixos, mas sim detetives particulares contratados quando necessário. Além disso, eventualmente investigadores de outras agências também prestavam serviço para o departamento.

A partir de 1908, então o sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte, Charles Joseph Bonaparte, criou o Office of Research. Bonaparte procurador-geral e recebeu autorização para contratar ex-funcionários do Serviço Secreto e criar um gabinete próprio. No ano seguinte, então, seu sucessor George Wickersham renomeou o gabinete para Bureau of Investigation.

A princípio, o órgão cumpria funções de investigação de criminosos que escapavam das autoridades estaduais, após cruzarem as fronteiras. Por algum tempo, o crescimento do FBI intimidava membros do congresso, que temiam abuso de poder por parte da agência.

No entanto, sua responsabilidade só aumentou, especialmente a partir da entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial.

Expansão do FBI

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Coin Telegraph

Durante os anos 20, o Bureau of Invesgation passou por uma fase de expansão e reestruturação. Por meio de esforços do diretor J. Edgar Hoover, a agência passou a atuar de maneira mais presente no combate ao crime, com tecnologias como um arquivo centralizado de digitais, um laboratório criminal e uma escola de treinamento para agentes.

No período da Lei Seca no país, a principal atuação do FBI envolvia a perseguição e o combate a gângsteres atuantes no país. Foi nesse período, inclusive, que o bureau foi renomado para Federal Bureau of Investigation, em 1935. Isso significa que, apesar de uma história centenária, a identidade do FBI como conhecemos é bem mais recente.

A atuação da agência também ganhou novas forças durante a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de novas técnicas anti-espionagem, grampos telefônicos e outros meios de vigilância eletrônica.

O fim da guerra gerou um novo alvo de investigação dos agentes. Hoover trabalhou de perto com o HUAC (sigla em inglês para Comitê de Atividades Antiamericanas) e criou o COINTELPRO. As medidas tinham como principal objetivo, investigar organizações radicais no país, especialmente de cunho comunista.

Além dos ativistas políticos ligados à Ameaça Vermelha, o FBI também atuou fortemente contra grupos como Ku Klux Klan e organizações de direitos civis afro-americanos. Entre alguns de seus principais alvos da década de 60, por exemplo, estava Martin Luther King Jr.

J. Edgar Hoover

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npr

Na década de 70, o FBI passou a ser questionado pela população e pelo congresso americano. Dessa maneira, a agência passou por transformações que determinavam que o mandato de um diretor não poderia passar de dez anos.

Na mesma época, Hoover faleceu por uma doença no coração e o caso Watergate explodiu. O episódio revelou casos de abuso de poder no FBI, além de atuação ilegal para proteger o presidente Nixon de investigações.

Após a morte de Hoover, uma investigação comprovou que ele manteve “arquivos secretos” de pessoas que considerava ameaça. Entre os nomes, estavam até mesmo presidentes e outros membros do Congresso que ele julgava poder influenciar sua permanência no comando da agência.

CIA

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Istoé Dinheiro

Além do FBI, a CIA – Central Intelligence Agency – é uma outra agência americana famosa por sua atuação em casos de investigação, bem como participação em obras de ficção.

Diferente do FBI, a agência tem a função de coletar informações e reuni-las num serviço de inteligência, a fim de garantir a segurança nacional. O serviço foi criado no cenário da Guerra Fria, com foco em barrar o avanço do comunismo e a atuação de soviéticos contra os EUA.

Ainda que FBI e CIA compartilhem informações com frequência, isso não significa que as agências tenham atuações semelhantes. A principal diferença entre as organizações é que o FBI atua majoritariamente em âmbito federal, dentro dos EUA, enquanto agentes da CIA costumam atuar no exterior. Entretanto, isso não significa que isso funcione como regra de atuação das agências.

Envolvimento com celebridades

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Galileu

Durante toda a sua existência, o FBI manteve arquivos e vigilâncias de pessoas de interesse. Isso significa que, em certas ocasiões, celebridades foram listadas como possíveis ameaças ao país.

Alguns dos principais nomes apontados como comunistas ou perigosos para a segurança nacional foram Frank Sinatra, Marilyn Monroe e Charlie Chaplin – chegou a ser expulso do país.

Ativistas sociais como Samuel L. Jackson e Martin Luther King Jr. também entraram na lista. Luther, inclusive, chegou a ser chamado de “homem mais poderoso e perigoso dos Estados Unidos”, depois de seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”.

A agência também chegou a listar o cientista Albert Einstein como radical extremo, por conta das dúvidas em torno de algumas de suas principais teorias, bem como por seu nacionalismo.

Por outro lado, Walt Disney chegou a atuar em parceria com o FBI, listando nomes de comunistas suspeitos. Em troca, a agência permitiu que o Clube do Mickey Mouse fosse filmado em sua sede.

Curiosidades

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“Favor não tracar esta porta”:  em 1971, um grupo de ativistas conseguiu invadir o FBI depois de deixar um aviso na porta com os dizeres “Por favor, não tranque essa porta hoje à noite”. A solução do caso só aconteceu em 2014, com a apresentação dos invasores.

Bitcoin: para armazenar criptomoedas apreendidas em operações, a agência tem uma carteira com moedas digitais. Cerca de 114 mil bitcoins foram detidos com o fechamento da página Silk Road, mas foram leiloados após uma das fortes ondas de valorização.

Crueldade animal: dentro do FBI, coleta de dados de crueldade animal é considerada de alto risco, o que significa que está no mesmo patamar de crimes como agressão, incêndios e homicídio. Isso porque psicólogos criminais estabelecem paralelos entre agressividades com bichos e com seres humanos, inclusive em serial killers.

Arquivo em papel: até 2012, os arquivos da agência ainda eram guardados em papel. Um novo sistema foi implementado em julho de 2012, mas antes disso uma tentativa frustrada de modernizar os arquivos gerou um prejuízo de mais de US$ 100 milhões.

+ curiosidades

Agentes mulheres: por muito tempo, houveram apenas três agentes mulheres na organização. Alasca Davidson foi a primeira, em 1992, seguida por outras duas na mesma década. No entanto, sob pressão de Hoover elas foram demitidas. Somente com a saída do diretor, oficiais femininas retornaram à agência.

Laboratório: a princípio, o laboratório do FBI em Quantico era formado por apenas um microscópio, um conjunto de grampos e ferramentas de análise básicas de escrita e testes, dentro de um pequeno quarto. Hoje, ele é um maiores e mais completos laboratórios criminais do mundo

Coca-Cola x Pepsi: quando Joya Williams e dois comparsas tentaram vender a fórmula da Coca-Cola, roubada, para a Pepsi, o FBI interviu. Enfim, agentes se disfarçaram de executivos da marca compradora e prenderam os criminosos.

Fontes: Brasil Escola, Opera Mundi, History, Istoé, Minilua

Imagens: LBV, npr, Coin Telegraph, Istoé Dinheiro, Galileu, Newsweek, menu

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