Osages, a tribo indígena massacrada ligada à origem do FBI

Os índios osages foram alvos de uma conspiração de brancos, depois que acumularam poder e riquezas com a exploração de petróleo.

Osages - a tribo indígena massacrada ligada à origem do FBI

Os osages são os índios pertencentes à nação Osage, tribo de nativos norte-americanos também conhecida como NiuKonska. Originalmente, seu nome era Wazházhe, recebendo o nome Ouazhigi dos franceses e então a versão atual em inglês (e no resto do mundo).

Esses índios foram retirados de suas terras em 1870, quando foram enviados para uma região seca e pedregosa em Oklahoma. Ali, no entanto, acabaram encontrando uma reserva de petróleo que fez o povo ser o mais rico per capita do mundo, no início do século XX.

A descoberta, entretanto, levou a uma conspiração de homens brancos dispostos a iniciar um verdadeiro extermínio contra os osages.

História dos Osages

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History

Chamados de milionários vermelhos, os indígenas passaram a viver em mansões, desfilando com casacos de pele, joias caras e empregados brancos. O cenário, no entanto, incomodava aqueles que associavam os nativos a criaturas selvagens e primitivas, não dignas de acumular poder e dinheiro.

Parte do drama dos nativos ficou conhecido a partir da publicação do livro Assassinos da Lua das Flores, de David Grann. O jornalista conheceu a história de Mollie Burkhart, uma indígena que nunca se calou perante os massacres de sua família.

Num espaço de 30 anos, a mulher deixou de viver como os costumes antigos dos osages para ir morar numa mansão, aprender inglês e casar-se com um branco, mas ver a família assassinada. As suas três irmãs, por exemplo, foram alvo de envenenamento, tiro e explosão de uma bomba colocada sob a casa.

No último caso, inclusive, o cunhado e um empregado local também foram mortos.

Conspiração e nascimento do FBI

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History

Na pesquisa para o livro, Grann descobriu que o massacre dos indígenas ocorria com ajuda as próprias autoridades da época. A rede incluía médicos, funcionários de funerárias, jornalistas e agentes da lei. Dessa maneira, os conspiratórios organizavam envenenamento dos osages, ao mesmo tempo que tinham os crimes encobertos dentro das próprias funerárias, além de contar com a omissão da imprensa e das autoridades.

Na época, entretanto, o jovem funcionário público J. Edgar Hoover – diretor do Escritório de Investigações do Departamento de Justiça – decidiu investir na leva de assassinatos. Mais tarde, o escritório seria transformado no que hoje se tornou o FBI.

Com a ajuda de um guarda florestal do Texas, Tom White, a investigação começou a destrinchar a conspiração para eliminar os recém milionários osages da região. De acordo com o livro de Grann, o responsável era “um dos piores e mais diabólicos sujeitos que já conheci em todos os meus anos de repórter”.

William Hale

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Find a Grave

William Hale havia se mudado para a região de domínio dos osages no início do século XX, sem dinheiro e sem passado conhecido. Mas ali, ele acumulou cada vez mais influência, a partir do domínio de terras e gado no local.

Apesar da aparência amigável e proximidade com os nativos, ele acabou se aproximando dos conspiradores que atuavam contra eles. Na verdade, indícios das investigações sugerem que Hale pode ter sido o autor de vários dos crimes cometidos no massacre.

A princípio, a atuação do homem contava com métodos de enganação e intimidação contra os donos das terras, a fim de roubá-las. No entanto, a sede de poder fez com que a manipulação escalasse para violência e, enfim, um massacre.

Desfecho do massacre osage

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History

Apesar da investigação de White e Hoover ter conseguido capturar e condenar Hale pelos ataques aos osages, ele acabou perdoado. De acordo com os relatos de de Grann, o perdão teria sido o resultado da boa relação que o homem mantinha com os políticos locais.

Em razão de sua influência ele conseguia controlar as autoridades em diferentes níveis, desde o xerife até governadores.

Atualmente, os osages ainda possuem direitos pela exploração de petróleo em seu território, mas elas não são frutíferas como no início do século passado. Em razão da exploração ao longo das décadas, as reservas estão próximas do fim e não garantem a riqueza de cem anos atrás.

Com a sequência de crimes contra o povo, a maior lembrança do período está nos túmulos dos índios assassinados e num museu que reúne informações da época de violência e preconceito contra os nativos.

Fontes: El País, BBC, 360 Meridianos

Imagens: History, NPR, Find a Grave

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