Um dos personagens mais clássicos da literatura infantil ficou famoso por mentir. O conhecido boneco de madeira, Pinóquio, foi escrito por Carlo Lorenzini, mais conhecido como Carlo Collodi, em 1883.
No entanto, assim como em vários outros contos de fadas, a versão original da história era mais sombria do que conhecemos. Na verdade, ela nem foca nas mentiras do personagem. A versão mais sutil ficou popular graças à adaptação da Disney, na década de 80.
Em italiano, pinocchio significa “pinhão”. Uma vez que o personagem tem o nome da semente de pinheiro, remete ao conceito de algo que ainda vai brotar e se desenvolver. Ou seja, Pinóquio ainda era um projeto de menino que precisava de amadurecimento para virar alguém de verdade.
O Pinóquio original
A história do personagem foi compilada no livro As Aventuras de Pinóquio, mas antes disso foi publicada em jornais. Antes de sua conclusão, o autor contava as traquinagens do boneco no periódico Giornale per i Bambini (Jornal das Crianças).
No início, Gepeto ganha um pedaço de madeira que fala, de presente de um amigo. Antes disso, ele já tinha a ideia de fazer uma marionete e viajar o mundo, mas não sabia que ia se decepcionar tão rapidamente.
Antes de ficar pronto, Pinóquio já começou a dar trabalho. O boneco começa a história chutando o nariz de Gepeto e dando uma martelada no Grilo Falante. Os conselhos do inseto deixam o menino de madeira tão irritado que ele acaba agredido e morre.
Entre suas aventuras, Pinóquio vende sua cartilha da escola só para ir a um teatro de marionetes. Depois, ele encontra um gato e uma raposa que tentam roubá-lo. O boneco tenta fugir, mas é capturado por um grupo de sequestradores. Nesse momento, os malfeitores decidem usar as próprias cordas do menino marionete para enforcá-lo e assassiná-lo!
Mudanças
Quando o final da história foi publicado, os leitores acharam tudo muito chocante. Sendo assim, Collodi decidiu adicionar a personagem da Fada Azul na história. A ideia era que a Fada acompanhasse Pinóquio como uma espécie de guia. Além disso, ela usa seus poderes mágicos para trazê-lo de volta à vida.
Em uma passagem, a Fada explica que existem dois tipos de mentira: a de nariz comprido e a de pernas curtas. Dessa maneira, ela tenta ensinar que todas as mentiras são percebidas, mas Pinóquio não aprende a lição.
Numa nova aventura, ele vai com um amigo até o País dos Brinquedos, onde ninguém precisa estudar. Entretanto, isso faz com que as crianças do local se transformem em burros. Na forma de animal, Pinóquio volta a fazer bobagens, mas após sua captura ele é morto mais uma vez.
Durante esse episódio, no entanto, ele sonha com a Fada Azul. No sonho, ela dizia que o menino provara que tinha um bom coração, então merecia o perdão. Assim, ele acorda e não é mais um burro e nem mesmo um boneco de madeira: é um menino de verdade.
Moral da história
Diferente das fábulas tradicionais, em que os personagens costumam se dar mal no final, Pinóquio consegue aprender sua lição. Dessa maneira, é possível dizer que a história é uma fábula às avessas.
Pinóquio erra muito, desobedece ao pai, ignora conselhos e foge de suas responsabilidades. No entanto, antes do fim da história, ele percebe que suas atitudes eram ridículas. O próprio personagem, inclusive, utiliza essa palavra ao dizer “Como eu era ridículo quando era boneco! E como estou contente de ter me tornado um bom menino.”
Por meio dessa obra, o autor queria ensinar aos jovens leitores o que era certo e errado. Assim, é fácil observar comportamentos humanos no boneco. Não à toa, o filósofo Benedetto Croce declarou que “a madeira que esculpiu Pinóquio é a própria humanidade.”
Fontes: Escola Brittanica, Leiturinha, Adoro Cinema, TriCurioso
Imagens: Palazzo Editions, The Dissolve, Flickr, Nerdist