De acordo com o dicionário, “preconceito” é o juízo de valor preconcebido sobre algo ou alguém. É um repúdio demonstrado por meio da discriminação com base em religião, sexualidade, raça, nacionalidade, etc.
Dessa maneira, os julgamentos negativos que provêm de atitudes de preconceito são responsáveis por intrigas, conflitos, desentendimentos e comportamentos de ódio.
Além disso, a palavra indica a existência de um conceito prévio, um pré-julgamento feito sem fundamentação. Ou seja, o preconceito parte de crenças oriundas de superstições ou ignorância. Na maioria das vezes, isso provoca resultados nocivos, por serem voltados a determinados grupos sociais.
Preconceito no Brasil
No Brasil, o preconceito pode ser percebido por meio de ataques a diferentes segmentos sociais ao longo de décadas. A desigualdade social do país, por exemplo, é um dos motivadores para a manutenção e proliferação desse tipo de comportamento.
Por causa dessas diferenças, é comum que ideias preconceituosas se concentrem em populações de baixa renda. Além disso, o histórico de escravidão também coloca negros como alvo dessa intolerância. É claro que isso não elimina outros tipos de preconceitos, assim como os baseados em questão de religião, gênero e sexualidade.
A condenação de atos preconceituosos está tipificada em lei e prevê reclusão de 2 a 5 anos. De acordo com o Art. 1º da Lei n.º 7716 (1989): “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”
Como forma de tentar reduzir a intolerância, a história da África foi incluída no currículo nacional de educação. Dessa maneira, novas gerações podem se aproximar da cultura afro-descendente, não sendo guiadas pela ignorância do tema.
Ao mesmo tempo, existem ações afirmativas, como a criação das cotas universitárias. Essas garantem a inclusão de negros, indígenas e pobres nas universidades, numa tentativa de democratização da educação.
Tipos de preconceito
Racismo
O racismo se baseia numa crença de que algumas raças são superiores. Foi nesse contexto que se desenvolveram a escravidão e movimentos como o Apartheid – movimento de segregação racial na África do Sul – e Klu Klux Klan.
Ainda que a prática seja crime, ainda existe, principalmente de forma velada. Também está presentes em hábitos e termos herdados de tempos de escravidão e racismo institucional.
Para tentar combater o racismo, movimentos no Brasil e no mundo têm entrado em ação. Recentemente, protestos com as hashtags #BlackLivesMatter e #VidasNegrasImportam ganharam força nas ruas e nas redes sociais.
Machismo
Assim como muitos defendem que uma raça, ou etnia, pode ser superior, há quem acredite que homens são superiores a mulheres. A crença defende que o comportamento masculino, viril e provedor deve ser de controle ao lado oposto, feminino, pacato e submisso.
Em casos mais extremos, o machismo leva à misoginia. Aqui, a superioridade se alia ao ódio pelas mulheres, podendo levar a crimes bárbaros.
Em contrapartida a esses comportamentos, o movimento feminista busca agir. A ideia é empoderar mulheres e colocá-las em posição de igualdade com os homens. Apesar do nome soar como o contrário de machismo, o movimento se baseia em conceitos filosóficos e políticos que visam garantir direitos femininos, e não opressão aos homens.
Preconceito com pobres
A desigualdade social é um dos principais motivadores de preconceitos. Por conta da distância de realidades entre pessoas com mais e menos condições financeiras, existe uma replicação desse distanciamento em vários ambientes. Hábitos como separação de ambientes, elevadores e espaços para refeição ou lazer, por exemplo, podem ser percebidos em vários lugares.
A única forma de tentar amenizá-lo é reduzir a distância entre classes.
Xenofobia
Apesar do mundo estar cada vez mais próximo e conectado, a aversão a culturas diferentes ainda é forte. A xenofobia consiste na discriminação de identidades sociais e históricas diferentes. O conceito se aproxima ado de etnocentrismo, quando a pessoa valoriza apenas sua própria cultura.
Foi por meio desse tipo de preconceito que o nazismo se voltou contra os judeus, por exemplo. Em contraste com políticas progressistas e multiculturais, a xenofobia tem ganhado força em alguns países da Europa e até mesmo no Brasil.
Homofobia (lesbofobia, bifobia, transfobia)
O preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais ainda é motivo de ódio contra LGBTs ao redor de todo o mundo. Esse tipo de discriminação é forte, que ser LGBT ainda é crime em cerca de 70 países. Os tipos de agressão vão desde verbais e psicológicas, até extremas como tortura e homicídio.
Preconceito com deficientes
O preconceito contra deficientes físicos e mentais se manifesta de formas que vão além da discriminação. A falta de acessibilidade para pessoas com os mais variados tipos de condições, por exemplo, é um retrato disso. É frequente que espaços não estejam preparados para cadeirantes ou anões, por exemplo. Já no campo das deficiências mentais, são raras as instituições que conseguem atender autistas ou portadores de Síndrome de Down.
Gordofobia
A condição física também é motivo de discriminação com pessoas acima do peso. Esse tipo de julgamento está presente, sobretudo, no ramo da moda, onde o padrão de corpos não aceita gorduras extras. Cada vez mais, a discussão sobre inclusão de diferentes padrões de corpo tem ganhado espaço, mas o bloqueio com alguns traços ainda é claro na sociedade.
Preconceito religioso
Ataques a diferentes religiões fazem parte da história do mundo há séculos. As Cruzadas, caça às bruxas e Inquisição são alguns exemplos disso. Atualmente, o preconceito é mais visível contra religiões de matriz africana ou indígena, bem como contra muçulmanos. Neste último caso, a relação direta com movimentos terroristas é o principal motivador.
Já nos anteriores, o paralelo pode ser feito com ideologias racistas. Uma vez que as religiões tem origens ligadas a etnias alvos de intolerância, toda sua cultura recebe o mesmo julgamento.
Preconceito linguístico
Este tipo de discriminação pode ter algumas motivações diferentes. Em países de grande extensão, como o Brasil, onde há várias diferenças de linguagens regionais, ele se apresenta na rejeição de certas expressões idiomáticas ou sotaques. Culturas nordestinas ou caipiras, por exemplo, são mais atingidas com esse julgamento.
Por outro lado, também existe o preconceito contra formas de linguagem que não seguem o padrão gramatical, presente principalmente em pessoas de baixa escolaridade.
Fontes: Toda Matéria, Hiper Cultura
Imagens: Hoje em Dia, Politize, Toda Matéria, Rede Jubileu Sul, Band, O Cafezinho, Conforpés, Hospital Oswaldo Cruz, Brasil Escola, Pinterest, Saúde Abril, Today’s Veterinary Business