A profecia dos Papas, também conhecida como a profecia de São Malaquias, teria sido escrita no século XII, durante a visita do arcebispo irlandês São Malaquias a Roma. No documento, foram feitas previsões sobre o futuro dos papas, listando-os até o fim dos tempos.
No entanto, a profecia só foi publicada no século XVI, não por um conclave, mas pelo monge beneditino Arnoldo Wion, em seu livro Lignum Vitae (1595). O fato de algumas previsões aparentemente coincidirem com a realidade fez com que o documento se tornasse objeto de estudo, mas também levantou muitas dúvidas sobre sua autenticidade.
Vamos saber um pouco mais sobre essas profecias? Boa leitura!
O que é e o que diz a Profecia dos Papas?
São Malaquias de Armagh, nascido na Irlanda em 1095, foi uma figura de grande importância na Igreja Católica durante a Idade Média. Ele recebeu sua educação no mosteiro de Bangor, conhecido na época por ser um dos centros monásticos mais respeitados da Irlanda.
Malaquias foi um grande destaque justamente por sua dedicação à reforma e à revitalização da Igreja na Irlanda, em um período de grande turbulência política e religiosa. Ele foi nomeado bispo de Connor em 1124 e, posteriormente, tornou-se arcebispo de Armagh, assumindo o cargo mais importante da Igreja Católica no país.
São Malaquias também é lembrado por seus milagres e, é claro, pela profecia dos Papas. Essa profecia, que ele teria feito durante uma visita a Roma, apresenta uma lista de futuros papas, cada um descrito por uma frase curta.
Após uma vida dedicada à fé e ao serviço à Igreja, São Malaquias faleceu em 1148, durante uma viagem ao mosteiro de Clairvaux, na França, onde se encontrou com São Bernardo de Claraval, seu grande amigo. Inclusive, ele quem escreveu a biografia de Malaquias, destacando suas virtudes e principais contribições.
Por fim, vale dizer que Malaquias foi canonizado pelo Papa Clemente III em 1190, tornando-se o primeiro irlandês a ser oficialmente reconhecido como santo pela Igreja Católica. Sendo assim, ele ainda é lembrado não apenas por sua contribuição à Irlanda, mas também por seu papel como reformador e grande visionário.
O conteúdo da profecia
São Malaquias teria tido visões proféticas durante uma viagem à Itália em 1139. Durante o tempo que passou no país, cerca de um mês, ele teria refletido sobre o futuro do papado e feito uma previsão sombria: o fim tanto do papado quanto do mundo.
A profecia, conhecida como a profecia dos Papas, consiste em 112 frases curtas em latim, cada uma descrevendo simbolicamente características dos futuros papas, incluindo até mesmo antipapas. O último nome na lista seria Petrus Romanus (ou Pedro II), um pontífice que, segundo essa profecia, governaria em um período de grandes tribulações, levando ao colapso da Igreja.
Diante disso, essa previsão final gerou diversas especulações sobre o fim dos tempos, especialmente após a eleição de papas recentes, alimentando teorias apocalípticas.
No entanto, a profecia não está livre de controvérsias. Críticos destacam que ela foi publicada apenas em 1595, mais de quatro séculos após as visões de São Malaquias, e que muitos dos detalhes nela contidos parecem coincidir apenas com os papas que já haviam reinado até aquele momento.
Logo, isso leva à suspeita de que o documento pode ter sido forjado no século XVI para influenciar a escolha de certos papas. Mesmo assim, o mistério sobre as profecias de São Malaquias continua a ter uma ideia de mistério até os dias de hoje.
Os três últimos papas
Segundo a “Profecia dos Papas” atribuída a São Malaquias, os últimos três lemas descrevem simbolicamente os papas que governariam até o fim dos tempos, culminando no enigmático Petrus Romanus (Pedro Romano). Olha só o que ela diz sobre os últimos três papas da lista:
- “De Labore Solis” (“Do Trabalho do Sol” ou “Do Esforço do Sol”) – Este lema é associado ao papa João Paulo II (1978-2005). A interpretação geralmente menciona que João Paulo II nasceu durante um eclipse solar, o que alguns vêem como um paralelo literal. Além disso, ele viajou pelo mundo como “um sol que nunca para”, dada a intensidade de sua missão evangelizadora.
- “Gloria Olivae” (“A Glória da Oliveira”) – A frase é atribuída ao papa Bento XVI (2005-2013). Bento XVI escolheu seu nome papal em referência a São Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos, um grupo monástico com ligações simbólicas à paz (um valor tradicionalmente associado à oliveira). Esse lema é interpretado como uma referência indireta ao papel pacífico e intelectual que Bento XVI representou.
- “Petrus Romanus” (“Pedro Romano”) – Este seria o último papa na lista. O lema não corresponde a um papa específico, mas sim ao papa que governaria durante um período de grandes tribulações e que, segundo a profecia, “alimentaria suas ovelhas entre muitas tribulações, após o que a cidade das sete colinas (Roma) será destruída, e o terrível Juiz julgará seu povo”.
O que pesquisadores e historiadores dizem sobre a profecia de São Malaquias
A autenticidade da profecia sempre gerou suspeitas, principalmente por parte de historiadores e estudiosos. Inclusive, alguns críticos sugerem que o documento pode ter sido forjado no século XVI, possivelmente para manipular as eleições papais da época, o que poderia trazer uma certa vantagem para alguns candidatos ao papado.
O fato de a profecia ter sido publicada somente em 1595, mais de 400 anos após as supostas visões de São Malaquias, reforça essas suspeitas, já que muitas das descrições parecem coincidir com papas que já haviam reinado até essa data.
Diante disso, pesquisadores que analisaram o texto levantam a hipótese de que as profecias podem ter sido parcialmente escritas com base em eventos passados, o que explicaria sua precisão até certo ponto, enquanto as previsões futuras se tornam mais vagas ou abertas a interpretações.
Apesar dessas críticas, há muitos católicos e adeptos da tradição que continuam a acreditar fielmente no conteúdo da profecia. Para eles, as visões de São Malaquias, mesmo que possivelmente adulteradas, contêm verdades profundas sobre o destino da Igreja.
Inclusive, vale dizer que as descrições simbólicas e enigmáticas associadas a cada papa ainda despertam grande interesse, tanto entre os fiéis quanto entre curiosos e pesquisadores da história da Igreja.
Dessa forma, não restam dúvidas: o fascínio pela profecia dos Papas não se limita ao campo da fé. Estudiosos que se dedicam à análise do documento o veem como uma intrigante peça de estudo, seja pelos seus aspectos religiosos, históricos ou pela forma como foi usada em diferentes períodos.
Posição da Igreja católica sobre o documento
Apesar de profecia de São Malaquias ser bem conhecida e, em certos casos, parecer ter previsto com bastante precisão os nomes de alguns pontífices, ela foi alvo de questionamentos ao longo dos anos. Segundo o documento, como a gente já mencionou, o último papa da lista, o 112º, seria Petrus Romanus, que presenciaria o fim do mundo e a destruição de Roma. De acordo com a lista de papas, esse seria Jorge Mario Bergoglio que, como sabemos, optou por outro nome: Francisco. Quer dizer, a profecia errou.
A Igreja Católica nunca emitiu um posicionamento oficial sobre a autenticidade do documento, preferindo manter uma postura neutra diante dos debates e especulações. Mesmo com tantos questionamentos sobre a veracidade do documento, tanto por parte de historiadores quanto de pesquisadores, a Igreja optou por não validar ou refutar essas previsões.
Ainda assim, há católicos que acreditam firmemente na profecia, mesmo que isso vá contra a postura cética de estudiosos. Muito disso se deve ao fato de que as visões de São Malaquias continuam sendo uma peça significativa do misticismo católico, mesmo sem o endosso oficial da Igreja.
Quem escreveu a Profecia dos Papas?
A profecia dos Papas permaneceu desconhecida por quase quatro séculos até ser publicada pela primeira vez em 1595. O responsável por trazer essas previsões à luz foi o monge beneditino Arnoldo Wion, que as incluiu em seu livro Lignum Vitae.
Contudo, o fato de a profecia ter sido publicada tanto tempo depois de sua suposta criação, e não pelo próprio São Malaquias, gerou dúvidas sobre sua autenticidade. Muitos estudiosos suspeitam que as previsões possam ter sido forjadas sob o pretexto de influenciar o conclave papal.
Portanto, mesmo com tantas dúvidas sobre sua veracidade, o documento continuou a despertar grande interesse ao longo dos séculos, especialmente em períodos de sucessão papal, quando tanto estudiosos quanto entusiastas tentam relacionar as descrições às figuras dos novos pontífices.
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