A hidrofobia, conhecida popularmente como raiva humana, é uma doença de caráter infecciosa, que é causada por um vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
E esse vírus pode contaminar qualquer mamífero, inclusive o ser humano. Porém, só é transmitida ao homem, em caso de contato direto com a saliva do mamífero infectado, seja por mordedura, arranhões ou por lambida em ferida exposta no homem.
A raiva humana é considerada uma doença viral grave, progressiva com uma alta taxa de mortalidade, podendo chegar até a 100%. Por isso, quando um caso é detectado, o serviço de vigilância sanitária deve ser notificado, imediatamente, para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Hidrofobia- vírus
No caso da hidrofobia, trata- se de um antropozoonose, que é causada por um RNA-vírus da família Rhabidoviridae (RABV), e do gênero Lyssavirus. O vírus Lyssavirus possui uma pré-disposição a se alojar primeiramente nas células do sistema nervoso.
Assim que entra em contato com a pele lesionada, o vírus se multiplica, e assim, se espalha pelos nervos periféricos lentamente, até chegar ao cérebro, onde causa uma grave de encefalite.
Quando isso acontece, o vírus começa a se espalhar pelos órgãos do corpo, e assim, chega até as glândulas salivares, onde volta a se multiplicar e é expelido pela saliva do mamífero doente.
O vírus da raiva se propagou ao longo de todos os continentes, com exceção da Austrália e Oceania. No entanto, alguns países da América, da Europa, o Japão, e algumas ilhas do Pacífico, conseguiram erradicar a doença nos centros urbanos.
O nome hidrofobia significa medo de água, e a doença ganhou esse nome, pois um dos sintomas é justamente o medo de água, que acontece quando o vírus já está em estado avançado.
Raiva humana- transmissão
Qualquer mamífero pode ser infectado com o vírus da hidrofobia, quanto à transmissão, ela se dá pelo contato direto da saliva infectada, com uma lesão na pele ou mucosas. Seja pela mordida do animal, ou o contato de sua saliva com algum machucado exposto.
E a transmissão, pode ocorrer, antes mesmo que os primeiros sintomas da doença apareçam.
Ainda que o vírus possa ser detectado na urina, nas fezes e no sangue dos animais infectados, não há grande risco de contaminação. Pois o vírus não sobrevive por muito tempo, fora do corpo do hospedeiro.
Em caso de contágio- o que fazer
No caso da raiva humana, assim que for constatada a possibilidade de contaminação pelo vírus da hidrofobia, é necessário tomar medidas profiláticas imediatamente.
Como: lavar o local com água corrente e sabão, passar antisséptico e ser encaminhado ao hospital. Geralmente, o local da ferida não deve ser suturado, deixando o ferimento aberto.
Com essas medidas de profilaxia, há grandes chances de que o vírus possa ser inativado.
Em caso do animal infectado for conhecido, ele deve ser mantido em observação, pelo período de 10 dias. Se durante esse tempo, o animal, não apresentar os sintomas da doença, a pessoa agredida poderá ser liberada do tratamento.
Porém, se nesse período o animal apresentar mudanças de comportamento como, ficar bravo, se esconder da luz ou começar a babar muito, o serviço de vigilância sanitária deve ser informado. Quanto à pessoa agredida, fazer o tratamento necessário.
Agora, se o animal for desconhecido ou se morreu, fica sendo considerado como portador do vírus, nesse caso, a pessoa agredida deve começar o tratamento imediatamente, sem interrupções.
Sintomas da raiva humana
De acordo como o Ministério da Saúde, o período de incubação do vírus da raiva pode variar de acordo com a espécie infectada, no caso do ser humano, pode durar entre 45 dias até um ano, já em crianças, esse período pode ser menor. Contudo, dependem do local, extensão e profundidade do ferimento.
Assim que passado o tempo de incubação, os sintomas se manifestam, com duração de 2 a 10 dias. Inicialmente, os sintomas são confundidos com uma infecção comum. Sendo que os sintomas são:
– Mal-estar
– Febre
– Dor de cabeça
– Náuseas
– Anorexia
– Dor de garganta
– Fraqueza
– Inquietude
– Ansiedade
Além desses sintomas, em alguns casos, sintomas mais graves podem surgir, como delírios, encefalite, fobias (hidrofobia, fotofobia, aerofobia) que podem causar convulsões e espasmos musculares violentos. Em último caso, a raiva humana, pode chegar ao coma, seguido de morte causada por parada respiratória.
Diagnóstico
Um diagnóstico realizado logo após a exposição do vírus é essencial para que haja a possibilidade de cura, já que em estágio avançado da doença, é quase impossível se chegar à cura.
Ou seja, quanto antes o diagnóstico for feito, é possível ser aplicado o tratamento adequado, identificar a fonte do vírus da hidrofobia, e assim evitar que sua circulação continue.
Por isso, a Organização Mundial de Saúde recomenda que seja feito exames de sangue, utilizando como método a imunoflorescência direta (IFD), que permite localizar os antígenos do vírus da raiva no organismo.
Tratamento
O tratamento da raiva humana é dividido em duas etapas, profilaxia pré- infecção e pós-infecção. Sendo que, na primeira, é aplicada uma vacina antirrábica em pessoas que não tiveram contato com o vírus, mas que fazem parte de um grupo de risco. E então, é feito um acompanhamento para analisar a resposta imunológica da pessoa.
Quanto à etapa de pós-infecção, é ministrada quando o indivíduo tem contato direto com um mamífero infectado. Nesse caso, se aplica a vacina antirrábica e a imunoglobina antirrábica humana, ou a aplicação do soro antirrábico no local da ferida.
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o tratamento de raiva humana deve seguir os protocolos contidos no manual denominado, Normas Técnicas de Profilaxia da Raiva Humana.
Que objetiva evitar a progressão do vírus seja interrompida antes que se torne irreversível.
Raiva humana no Brasil
Com o objetivo de evitar novos casos de hidrofobia, no Brasil é realizado anualmente uma campanha de vacinação em gatos e cachorros, por serem os principais transmissores do vírus nos centros urbanos.
Na região Sul do Brasil, a doença foi praticamente erradicada, enquanto que no Norte e Nordeste, há um número maior de casos de raiva humana.
Aparentemente, foram raros os casos de cura de raiva humana pelo mundo, entre eles há o caso de um brasileiro, Marciano Menezes da Silva, que foi mordido por um morcego, e recebeu o tratamento experimental dos EUA.
Esse experimento é denominado de Protocolo de Milwaukee. Contudo, como foi adequado aos protocolos e às regulamentações do país, recebeu o nome de Protocolo de Recife. Por ser a cidade natal do homem infectado com raiva humana.
Então, você conhece algum caso de raiva humana?
Se você gostou do nosso post, veja também: Pombo – O que é, como vive, tipos diferentes e riscos à saúde
Fontes: Hospital Infantil Sabará, G1, Drauzio Varella, Seleções
Imagens: ac24horas, Atlas da saúde, UOL, rl.com, MD Saúde, O município