O festival Woodstock, com certeza, é um dos maiores marcos da cultura hippie e também da contracultura. Sobretudo, além de consagrar grandes bandas e músicos da época, o festival exaltava a liberdade, a paz e o amor.
Basicamente, o lema do Woodstock era “3 dias de paz e música”. Mas, no final das contas, como você vai ver, o evento acabou se estendendo por quatro longos dias.
E, ao que tudo indica, apesar de toda loucura, a intenção do festival se tornou realidade. Até porque, a despeito de incontável número de pessoas presentes, o nível de violência e de acontecimentos trágicos foram mínimos.
Origem do Woodstock
Primeiramente, o festival foi produzido no início com a intenção de arrecadar dinheiro para montar um estúdio na cidade Woodstock. Basicamente, tudo se iniciou quando os jovens John Roberts e Joel Rosenman decidiram que deveriam aplicar o capital que tinham.
Por isso, eles colocaram no jornal da cidade, o anúncio “jovens com capital ilimitado procuram por oportunidades legítimas e interessantes de investimento para negócios”. E foi exatamente por conta desse anúncio que os mentores do festival Woodstock, Artie Kornfeld e Mike Lang, contataram os anunciantes.
Assim sendo, a ideia de Artie Kornfeld e Mike Lang de início era montar um estúdio de música. Por isso, decidiram investir no festival para conseguirem arrecadar uma certa quantia de dinheiro. A intenção, aliás, era conseguir o suficiente para montar o estúdio sem sair no prejuízo.
Deste modo, Roberts e Rosenman fizeram o acordo com Kornfeld e Lang e fizeram acontecer o festival.
Afinal, por que “Woodstock”?
O Woodstock Music & Art Fair, aliás, ocorreu entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969.
O festival recebeu esse nome porque aconteceria na cidade Woodstock, no interior de Nova York. Porém, a vizinhança da cidade entrou na justiça e não permitiu que o festival fosse realizado ali.
Por causa disso, o Woodstock acabou sendo transferido para os arredores de Bethel, também em Nova York. Vale ressaltar que essa cidade onde o evento rolou era habitada por pouco mais de 2.500 habitantes.
Como os espaços públicos do município não comportavam o público esperado, o Woodstock acabou sendo transferido para a zona rural. O festival, então, aconteceu em uma fazenda de 600 acres.
Os bastidores do Woodstock
Inicialmente, os organizadores esperavam vender mais ou menos 50 mil ingressos. As entradas eram comercializadas em lojas de discos e também enviados pelos correios. Mas, no final das contas, foram contabilizados 186 mil ingressos vendidos.
Só que os ingressos também seriam vendidos na porta do festival. Por isso, a organização preparou tudo para um público estimado em 200 mil pessoas. Ou seja, quatro vezes maior que a estimativa inicial.
No entanto, o público real do Woodstock excedeu 400 mil pessoas. Por causa disso, faltou comida, espaço, banheiros, e o mínimo de infraestrutura, de forma geral.
Com relação à comida, aliás, os moradores das cidades vizinhas começaram a doar frutas, sanduíches e suprimentos em geral para o público. Os alimentos, inclusive, chegavam ao local por meio dos helicópteros.
Aliás, a granola ganhou destaque nos cardápios após o festival. Basicamente, as granolas era o único tipo de alimento que os seguranças e fazendeiros locais conseguiam oferecer ao público na esperança de saciar a larica de mais de 400 mil pessoas.
Woodstock, a grande dívida
O descontrole de entrada do evento chegou a tal ponto que, no fim, a entrada passou a ser gratuita. Até porque haviam pessoas pulando as grades do festival e seria impossível controlar o número de pessoas que entravam.
Por causa disso, o Woodstock passou de um investimento para uma grande dívida. Seus organizadores terminaram devendo mais de 1 milhão de dólares, valor que só foi quitado por inteiro 10 anos depois.
Vale ressaltar que, após tamanho sucesso, alguns cineastas decidiram produzir um filme do evento. Graças a esse filme a dívida dos produtores foi reduzida para menos da metade.
No entanto, mesmo com tanta desorganização, os hippies conseguiram ainda fazer do festival o maior de todos os tempos.
Contracultura do “paz e amor”
Em sua maioria, o público do Woodstock era formado por jovens da contracultura americana. Aliás, era esse viés batia de frente com a indústria cultural da época.
Aliás, na época, o lema era “paz, amor, e viagens lisérgicas”. Ou seja, o oposto do estilo de vida padronizado, mundialmente conhecido como “american way of life”. Esse estilo de vida, aliás, tinha como primícias os valores burgueses de “família”, “trabalho” e “disciplina”.
E as pessoas que viveram o festival realmente levavam à sério o lema de paz e amor. Tanto é que, mesmo diante de um público tão grandioso e da falta de organização, episódios de violência não marcaram o Woodstock.
Aliás, foram registradas três mortes durante o festival: uma por conta de um apendicite, outra decorrente de um atropelamento e, a última, por uso excessivo de heroína.
Todos os casos, aliás, poderiam ser evitados caso tivessem mais médicos no festival. Inicialmente, haviam apenas 18 médicos e 36 enfermeiras. Durante os demais dias do evento, no entanto, foram levados mais 50 profissionais para ajudarem a cuidar do público.
Ritmos ideológicos e de contestação
Os valores de não-violência e da vida hippie pregados durante o festival acabaram rendendo cenas, no mínimo, curiosas. A nudez descompromissada se tornou algo normal, assim como o uso de drogas alucinógenas.
Basicamente, o festival foi um misto de música, drogas, sexo, muita lama e, o mais importante, uma indescritível sensação de marco histórico. As pessoas, aliás, estavam ali para ouvirem uma boa música e curtirem o festival como se não houvesse o amanhã.
E, falando em música, o folk e o rock psicodélico foram os ritmos símbolos do festival. Basicamente, as letras da música ressaltavam o lema de paz e amor e serviam ainda de protesto contra a Guerra do Vietnã. Na época, o conflito, liderado pelos Estados Unidos, já se arrastava há 10 anos.
Por causa disso, a liberdade de expressão se tornou outra forte bandeira do Woodstock. E mais, as pessoas descobriam na música um instrumento de contestação e ferramenta para as mudanças sociais e políticas.
Estrelas do Woodstock
Resumindo, o evento contou a presença dos melhores músicos e cantores da época. Grandes nomes como Jimi Hendrix, The Who, Jefferson Airplane, Sly & The Family Stone, Santana, Grateful Dead, Creedence, Clearwater Revival e Janis Joplin & The Kozmic Blues Band passaram por lá.
Vale ressaltar que a lenda Jimi Hendrix só conseguiu tocar na manhã de segunda-feira. Ou seja, no quarto dia de festival. Por conta disso, somente 25 mil pessoas assistiram sua apresentação memorável.
Por outro lado, muitas estrelas da música, apesar do convite, não apareceram para tocar no festival. Led Zeppelin, The Doors, Bob Dylan e Beatles são bons exemplos. A banda The Doors, aliás, se recusou a participar por achar que o Woodstock seria uma imitação do Festival de Monterey.
Já a banda Led Zeppelin, por outro lado, não queria ser só mais uma banda de festival. Por isso, recusou o convite e decidiu fazer uma turnê solo no mesmo ano do evento.
O cantor Bob Dylan também foi um dos que não apareceram. Na época, ele justificou a ausência dizendo que seu filho ficou doente, mas chegou a admitir que não gostaria de ver um monte de hippies acampando perto de sua casa.
O caso dos Beatles, no entanto, foi um pouco mais dramático. Na época, a banda já estava separada e não fazia shows há 3 anos.
John Lennon até chegou a pedir que a banda de Yoko Ono, a Plastic Ono Band, também participasse. No entanto, o então presidente do Vietnã, Truong Tan San, não permitia viagens aos Estados Unidos, impedindo que o ex-Beatles e de sua mulher comparecessem.
Curiosidades sobre o Woodstock
A Ascensão da Warner Bros
Basicamente, a produtora e distribuidora de filmes norte-americana Warner Bros se consagrou após o sucesso do festival. Tudo se iniciou quando Kornfeld pediu dinheiro a um dos executivo da empresa, Fred Weintraub. Por isso, a Warner acabou apostando nessa loucura, que nem tinha previsão de sucesso na época.
A Warner chegou a investir mais de 100 mil dólares na produção do documentário do festival. A direção, aliás, foi assinada por Michael Wadleigh, a edição por Martin Scorsese e Thelma Schoonmaker, e uma equipe de voluntários.
No final de tudo, o longa não só foi um sucesso estrondoso como também levou o Oscar em sua categoria no ano seguinte.
Snoopy & Charlie Brown
O desenho animado criado por Charles Schulz também teve influência do festival. Basicamente, após o Woodstock, a ave amarela e fiel companheira do simpático beagle dos quadrinhos, o Snoopy, ganhou um nome.
Dizem que o nome foi influenciado por um artigo da Time Magazine e pelo cartaz do evento ali descrito. Schulz, então, decidiu batizar a ave amarela com o nome do festival a partir desse anúncio.
Galeria do Woodstock
O que achou desses dias memoráveis de paz e música? Você participaria de um evento assim, caso fosse realizado hoje em dia? Comente!
E, falando em músicas capazes de mudar a cabeça das pessoas (nesse caso, de uma forma nada positiva), você deveria conferir ainda: Canção do suicídio: música fez mais de 100 pessoas se matar.
Fontes: Hypeness, Projeto Pulso, Colunas tortas, Mega curioso