Certamente, você já deve ter ouvido que a Terra Santa é uma região rica em história religiosa, visitada por peregrinos de todo o mundo há milhares de anos. Embora não faltem locais religiosos historicamente significativos para visitar na Terra Santa, existe um local em particular que tem contribuído muito para o entendimento do cristianismo primitivo e para a difusão dos textos e manuscritos cristãos: o sítio arqueológico onde fica as cavernas de Qumrán.
Qumrán, um parque nacional localizado a apenas 64 quilômetros de Jerusalém, é o local que ficou famoso após a descoberta dos manuscritos do Mar Morto. Em 1947, a ruína foi explorada por beduínos – povos árabes nômades – que primeiro descobriram vários dos antigos pergaminhos. Depois disso, Qumrán foi escavada pelo padre dominicano R. de Vaux nos anos de 1951 a 1956. Além disso, um imponente complexo de edifícios que se estende por uma área gigantesca, foi descoberto, datando do período do Segundo Templo.
A revelação levou a um estudo arqueológico em grande escala da área, o que por sua vez levou os historiadores encontrarem mais pergaminhos datados entre o século 3 a.C. e o século 1 d.C. Dessa forma, quando o trabalho foi concluído, os especialistas analisaram mais de 20 pergaminhos antigos totalmente intactos e milhares de fragmentos de outros.
Quais documentos foram encontrados nas cavernas de Qumrán?
Desse modo, pergaminhos e outros objetos do período do Segundo Templo foram encontrados em várias cavernas perto de Qumrán. Isto é, tanto em cavernas naturais nos penhascos de calcário duro a oeste do local, quanto em cavernas cortadas nos penhascos perto de Qumrán. Pesquisadores acreditam que quando o exército romano se aproximou, os habitantes de Qumrán fugiram para as cavernas e esconderam seus documentos nelas. Consequentemente, o clima seco da região do Mar Morto preservou esses manuscritos, por cerca de 2.000 anos.
Em apenas uma das grutas, os escavadores encontraram aproximadamente 15.000 pequenos fragmentos de cerca de 600 manuscritos diferentes. Acredita-se que os beduínos modernos podem ter removido os pergaminhos desta caverna, deixando apenas restos. Contudo, esta caverna foi usada pelos essênios como uma ‘geniza‘ ou seja, um lugar para guardar escritos sagrados.
Nas décadas de 1950 e 1960, muitas cavernas nos cânions do Deserto da Judéia ao longo do Mar Morto foram pesquisadas e escavadas. Os documentos encontrados lá, e nas cavernas ao redor de Qumrán, incluem cópias de todos os livros da Bíblia. Aliás, o mais famoso deles é o rolo completo de Isaías, que foi escrito em algum momento entre o século 2 a.C. e a destruição do local em 68 d.C. Esta data foi recentemente confirmada por um exame de radiocarbono de uma amostra do pergaminho do rolo. Os livros da biblioteca de Qumrán são considerados as cópias mais antigas existentes dos livros da Bíblia. Por conseguinte, os escritos da seita essênia, também foram encontrados no sítio arqueológico onde ficam as cavernas de Qumrán.
Quem foram os essênios?
Os essênios eram os residentes e zeladores de Qumrán e dos pergaminhos. Eles eram uma seita exclusivamente masculina de judeus que se manteve firme nos ensinamentos de Moisés conforme escritos na Torá. Os essênios viveram em uma comunidade fechada. Contudo, este assentamento foi conquistado e arrasado pelos romanos por volta da queda do Segundo Templo, em 68 d.C. Após esta invasão, o local tornou-se uma ruína e permanece inabitável até os dias atuais.
Por outro lado, apesar desse longo período sem zeladores, o local está em muito bom estado. Os visitantes de Qumrán ainda podem explorar a cidade antiga, onde podem ver os edifícios escavados que antes continham salas de reuniões, salas de jantar, torre de vigia, bem como oficina de cerâmica e estábulos, por exemplo. O local também tem algumas fontes de purificação ritual, que se acredita desempenhar um papel importante nas práticas de adoração dos essênios.
O que são os Manuscritos do Mar Morto?
Os Manuscritos do Mar Morto são manuscritos antigos que foram descobertos nas cavernas perto de ‘Khirbet Qumran’ (em árabe), na costa noroeste do Mar Morto, e que atualmente abriga um sítio arqueológico.
Os manuscritos se enquadram em três categorias principais: bíblicos, apócrifos e sectários. Para esclarecer, os manuscritos bíblicos compreendem cerca de duzentas cópias de livros da Bíblia Hebraica, representando a evidência mais antiga do texto bíblico no mundo. Entre os manuscritos apócrifos (obras que não foram incluídas no cânon bíblico judaico) estão obras que antes eram conhecidas apenas na tradução, ou que não eram conhecidas de forma alguma.
Os manuscritos sectários refletem uma ampla variedade de gêneros literários: comentários bíblicos, escritos religiosos, textos litúrgicos e composições apocalípticas. Inclusive, a maioria dos estudiosos acredita que os pergaminhos formaram a biblioteca da seita que viveu em Qumrán. No entanto, parece que os membros desta seita escreveram apenas parte dos pergaminhos, o restante tendo sido composto ou copiado em outro lugar.
Por fim, a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto representa um marco importante no estudo da história do povo judeu nos tempos antigos, pois nunca antes um tesouro literário de tal magnitude veio à tona. Graças a essas descobertas notáveis, foi possível ampliar o conhecimento da sociedade judaica na Terra de Israel durante os períodos helenístico e romano.
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Fontes: Turista Profissional, Acadêmicos Arautos, Revista Galileu
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