O conflito na fronteira Rússia-Ucrânia continua enquanto a Rússia lança novos exercícios militares e estaciona mais de 100.000 soldados por lá.
Diplomatas da Rússia, Estados Unidos e outros membros das Nações Unidas estão trabalhando para evitar uma invasão e, embora a Rússia diga que não está planejando uma, continua sendo uma possibilidade.
Em suma, o conflito remonta a décadas, e especialistas dizem que é mais complicado do que apenas uma disputa por uma fronteira terrestre. Vejamos a seguir os principais fatos para entender as origens dessa história.
10 fatos para entender o conflito entre Rússia e Ucrânia
1. Tensão entre os países
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que não quer que a Ucrânia se junte à Organização do Tratado do Atlântico Norte, ou OTAN – uma aliança militar defensiva formada após a Segunda Guerra Mundial.
Durante a Guerra Fria, isso significava proteger seus países membros democráticos da União Soviética. Putin também pressiona contra a expansão da OTAN, especialmente tão perto de sua fronteira.
2. Atual posicionamento da Ucrânia
A Ucrânia, que compartilha fronteiras com a União Europeia e a Rússia, tem ido e vindo em sua política desde que a União Soviética se separou. parte oriental do país tende a ser mais pró-russa, enquanto o lado ocidental tende a ser mais pró-ocidental.
Ademais, Putin tem tentado aumentar sua esfera de influência pressionando a Ucrânia a não aderir à OTAN. Alguns países ocidentais, por outro lado, pressionaram para que a Ucrânia se juntasse à OTAN. Outros disseram que a Ucrânia deveria permanecer neutra ou ter o poder de escolher suas próprias associações como bem entenderem.
3. Origem do conflito entre Rússia e Ucrânia
O que está acontecendo agora é apenas o desenrolar do que começou em 2014 com a invasão da Crimeia, e mesmo antes disso.
A Ucrânia, que fez parte do império russo por séculos antes de se tornar uma república soviética, conquistou a independência quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se desfez em 1991. Ela mudou seu legado imperial russo e forjou laços cada vez mais estreitos com o Ocidente.
A decisão do presidente ucraniano Viktor Yanukovych, de inclinação do Kremlin, de rejeitar um acordo de associação com a União Europeia em favor de laços mais estreitos com Moscou levou a protestos em massa que o removeram do cargo de líder em 2014.
A Rússia respondeu anexando a Península da Crimeia, na Ucrânia, e apoiando uma rebelião separatista que eclodiu no leste da Ucrânia.
Como resultado, a Ucrânia e o Ocidente acusaram a Rússia de enviar suas tropas e armas para apoiar os rebeldes. Moscou negou isso, dizendo que os russos que se juntaram aos separatistas eram voluntários.
De acordo com Kiev, mais de 14.000 pessoas morreram nos combates que devastaram Donbas, o centro industrial do leste da Ucrânia.
4. Disputa pela fronteira da Crimeia
Ao fugir do país, Yanukovych deu a Putin a oportunidade de enviar tropas para a Ucrânia, eventualmente assumindo o controle da Crimeia.
Com efeito, a contínua existência e expansão da OTAN, apesar do colapso da União Soviética, passou a ser vista como uma ameaça pela Rússia. Portanto, Rússia e Ucrânia têm laços culturais, e Putin quer que continue assim.
Na mente dos russos, a Ucrânia tem uma história profunda ligada à Rússia. Aliás, muitos costumavam se referir a ela como “Pequena Rússia”. A Crimeia, por exemplo, fazia parte da Rússia até 1954, quando foi transferida da Rússia para a Ucrânia.
Na época, era simbólico porque ninguém pensava que a União Soviética entraria em colapso, segundo especialistas.
5. Possível invasão russa
Se Putin levar a sério a invasão, isso poderia levar a um grande conflito europeu. Mas até isso depende de como pode ser uma invasão russa.
Uma possibilidade é um conflito “relativamente pequeno” que terminaria empurrando as linhas de frente atuais – perto da Crimeia – um pouco mais a oeste.
Outra possibilidade seria construir uma ponte terrestre entre a Crimeia e o resto da Ucrânia, ligando a parte da Ucrânia que tende a ser pró-Rússia.
6. Consequências econômicas para a Rússia
Economicamente, no entanto, uma invasão em grande escala pode significar ainda mais sanções contra a Rússia, inclusive contra seus maiores bancos e instituições financeiras. Portanto, cada cenário tem riscos para Putin, e ele certamente está fazendo esses cálculos.
7. Participação dos Estados Unidos
Os Estados Unidos e seus aliados pediram que a Rússia desmilitarizasse a fronteira, mas estão enviando tropas para a região.
Em resposta, altos funcionários russos sugeriram em janeiro que a inferência dos Estados Unidos ou da OTAN na Ucrânia poderia levar ao envio de forças russas para Cuba ou Venezuela.
Se a Rússia cumprir sua ameaça, não será a primeira vez que Moscou realizará exercícios militares em Cuba ou na Venezuela. Durante a Guerra Fria, a Rússia colocou ogivas nucleares a apenas 90 milhas da costa dos EUA durante a crise dos mísseis cubanos de 1962 .
Mais recentemente, enviou tropas para a Venezuela em 2019 em um movimento que foi visto como um sinal de apoio ao regime de Maduro contra uma possível ação dos EUA.
8. Há uma guerra imininente?
A Rússia nega ter planos de invadir a Ucrânia e acusa o Ocidente de agravar a situação. Portanto, é incerto se a guerra vai eclodir entre os dois países, mas alguns analistas dizem que a Rússia pode se aproximar da Ucrânia para reivindicar uma vitória rápida e decisiva e aumentar seu poder de barganha em futuras negociações sobre a expansão e as esferas de influência da Otan.
9. O que acontece se a Rússia invadir a Ucrânia?
As nações ocidentais deram seu apoio à Ucrânia, mas algumas respostas foram mais duras do que outras. Os EUA e o Reino Unido forneceram armas, enquanto a Alemanha planeja enviar uma instalação médica de campo no próximo mês, mas não transferirá equipamentos militares. Também se falou muito em sanções destinadas a punir Moscou.
10. Como o conflito afeta o Brasil?
Se a Rússia pretende invadir a Ucrânia como um alerta para os Estados Unidos e seus aliados, isso terá consequências indiretas para países que não estão envolvidos no conflito, mas têm parcerias comerciais com russos ou ucranianos, principalmente especialistas.
Desse modo, o Brasil será afetado principalmente pela economia, e o impacto mais significativo será a maior pressão sobre a inflação. Aliás, os principais produtos que o Brasil importa da Rússia estão ligados à agricultura, principalmente fertilizantes.
Ainda de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o país negociou um total de US$ 2,7 bilhões (R$ 14,3 bilhões) em produtos russos em 2020. Desse total, US$ 53,6 milhões (R$ 285,6 milhões) foram gastos na importação de óleos combustíveis.
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