Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre a encefalite letárgica ou doença do sono. Parece bizarro que algo tão ruim esteja ligado ao sono? Pois acredite não só é bizarro, como é também um grande mistério.
Tudo começou em 1915 quando o primeiro caso surgiu. Foi o psiquiatra e neurologista Konstantin von Economo quem primeiro descreveu a doença do sono que chegava de surpresa e de forma misteriosa.
Apenas um ano mais tarde uma grande epidemia começou a ceifar milhares de vidas. Foram cerca de 5 milhões de pessoas que adormeceram e nunca mais voltaram.
Sintomas da doença do sono
Os sintomas descritos por pacientes para o médico Konstantin eram os mais diversos. Enquanto que alguns sentiam apenas uma profunda sonolência, outros reclamavam de dores de cabeça, calafrios e tremedeiras.
E este não era um sono comum, como você pode imaginar. Era como se as pessoas estivessem presas dentro de seus próprios corpos, elas simplesmente não conseguiam se levantar.
Por outro lado, em outros pacientes, a doença do sono se apresentava de forma totalmente contrária: como insônia. Essas pessoas simplesmente não conseguiam adormecer de forma alguma e depois de um tempo nessa situação, elas enlouqueciam e morriam.
O comportamento era algo que também se alterava com o avanço da doença. Algumas pessoas se tornavam violentas, inquietas e até incontroláveis. Foi por isso que em nos estágios mais avançados, esses pacientes eram separados do convívio e tratados com remédios similares aos usados no tratamento do Parkinson.
Mas, o que o mal de Parkinson tem a ver com isso? Se você está pensando sobre isso, a gente explica. Basicamente, os tremores também eram sintomas frequentes e esses remédios ajudavam a amenizar isso.
Como você pôde perceber, a doença do sono se manifestava de várias formas. Houve casos em que ela levou a ataques de fúria e loucura, como também ouve aqueles em que as pessoas simplesmente adormeceram e nunca mais retornaram.
A história da epidemia
A epidemia durou por cerca de 10 anos. Algumas das primeiras vítimas foram os soldados que participavam da Primeira Guerra Mundial. Foi por isso que se imaginou que a doença era causada pelo estresse ou algo relacionado a tensão dos campos de batalha.
No entanto, o psiquiatra Konstantin descobriu analisando os pacientes que todos eles tinham o hipotálamo hipertrofiado. Essa que é a região do cérebro responsável por controlar o sono.
Entretanto, era essa alteração que estava causando o sono, mas o que causava a disfunção? Isso nem mesmo ele soube explicar.
A principal teoria,sobretudo, é de que um vírus estava causando aquilo. Qual era o vírus e de onde vinha, eram os principais questionamentos da época.
Anos mais tarde, a epidemia cessou e apesar do alívio, os cientistas prosseguiam curiosos sobre o que causara a doença. Mas, naquela época não havia suporte o suficiente para que conseguissem identificar o real causador da doença do sono.
A bactéria por trás da doença do sono
Apenas em 2004, portanto, o mistério foi finalmente resolvido. Os pesquisadores Russell Dale e Andrew Church encontraram alguns casos raros de pacientes que tiveram sintomas muito similares aos da doença do sono e os analisaram.
De acordo com a pesquisa, a doença era causada por uma bactéria diplococo que provocava uma retaliação do corpo contra ele mesmo. Logo, o principal afetado nessa resposta autoimune era o cérebro, o que explicava a inflamação descrita pelo psiquiatra Konstantin.
Durante anos, no entanto, a epidemia do sono foi um mistério. Ao todo, foram mais de 5 milhões de vítimas e apenas décadas mais tarde é que a sua causa foi finalmente descoberta.
Assustador, não? Agora, falando em doenças muito além das comuns, confira ainda: 8 doenças raras e chocantes que você nunca viu.
Fonte: ADME
Imagens: ADME
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