Quando Gilberto Gil vira imortal na ABL, a Academia Brasileira de Letras, algumas dúvidas sobre o processo de decisão surgem como consequência. Sobretudo no que diz respeito ao processo de seleção desses representantes. Recentemente, Fernanda Montenegro também apareceu nas notícias após se tornar membro da organização.
No geral, desde sua fundação em 20 de julho de 1897, a Academia Brasileira de Letras elege membros efetivos e perpétuos. Ou seja, quando são eleitos para uma cadeira, os membros mantém o vínculo com a instituição até o fim da vida. Portanto, quando Gilberto Gil vira imortal na ABL, quer dizer que ele manterá essa cadeira até seus últimos dias.
Sendo assim, quando um acadêmico morre, a instituição realiza uma Sessão da Saudade na primeira quinta-feira após o falecimento da pessoa em questão. Curiosamente, essa é uma tradição que surgiu com um de seus fundadores, o Machado de Assis. Apesar disso, até que haja essa despedida, a vaga permanece fechada porque não houve o encerramento do ciclo.
Logo em seguida, quando encerra a Sessão da Saudade com uma fala sobre presidente da ABL sobre o fundador da cadeira e seus ocupantes, declara-se aberta a vaga. Desse ponto em diante, os novos candidatos possuem 30 dias para se candidatar por meio de uma carta enviada ao presidente da instituição. Porém, a eleição acontece somente 60 depois que declarou-se a abertura da vaga.
Acima de tudo, é fundamental que se tenha metade dos votos e mais um para que haja eleição do candidato. Portanto, caso não aconteça isso, se encerra a eleição e inicia-se uma nova fase de inscrições. Caso contrário, a eleição é consagrada como uma cerimônia formal e a pessoa passa a ocupar a cadeira.
Quem é imortal na ABL
A princípio, a ABL surgiu na cidade do Rio de Janeiro em 20 de julho de 1897. Desse modo, teve fundação por ação dos escritores Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de Sousa, Olavo Bilac e Afonso Celso. Ademais, escritores como Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa também participaram.
Acima de tudo, e desde a sua fundação, a Academia Brasileira de Letras tem como objetivo o cultivo da língua e da literatura nacional. Com mérito dos esforços históricos em unificar o idioma, a instituição, participou ativamente do Acordo Ortográfico de 1945, e foi fundamental no Acordo Ortográfico de 1990.
Sendo assim, consiste numa instituição literária brasileira, composta por quarenta membros efetivos e perpétuos. A partir dessa característica, dá-se o nome de imortal ou imortais para os participantes.
Por outro lado, há ainda a presença de vinte sócios estrangeiros. No entanto, para ocupar uma cadeira e se tornar imortal, é fundamental atender pré-requisitos. Em resumo, é fundamental ser brasileiro nato, como estabelece o estatuto e também ter publicado, em qualquer dos gêneros de literatura, obras de reconhecido mérito ou algum livro de valor literário.
Sendo assim, no caso de Gilberto Gil virar imortal da ABL, cabe citar sua discografia com cerca de 60 álbuns, assim como os livros que foi coautor. Como exemplo, tem-se “Gilberto bem perto”, de 2013, que escreveu com Regina Zappa. Mais ainda, a obra “Disposições amoráveis” de 2016 com Ana de Oliveira é outro título de destaque.
Nesse momento, ele ocupa a cadeira de número 20, após ganhar na votação por 21 votos a favor dentre os 34 acadêmicos. Anteriormente, a cadeira teve ocupação pelo jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em 27 de maio de 2020.
Curiosidades sobre as cadeiras da instituição
Desde o princípio, a Academia atua na difusão e divulgação da literatura nacional, assim como no crescimento enquanto patrimônio cultural do Brasil. Sendo assim, quando Gilberto Gil vira imortal na ABL, essa missão permanece em continuidade, e ele integra os esforços da instituição nesse processo.
Anteriormente, a cadeira 20 de Gilberto Gil pertenceu ao fundador Salvador de Mendonça, mas teve ocupantes como Joaquim Manuel de Macedo e Emílio de Meneses. Por outro lado, fizeram parte da Academia Brasileira de Letras pessoas como Álvares de Azevedo, Castro Alves, Olavo Bilac e outros atores importantes da história da literatura nacional.
Nesse sentido, existem incontáveis críticas ao sistema da ABL, pois muitos afirmam que a instituição consiste num “grupo de escritores conformistas e vaidosos”. Por outro lado, a baixa presença de mulheres, em contraste com a quantidade de trabalhos das autoras no Brasil, cria a polêmica da Academia Brasileira de Letras ser um ambiente misógino.
A fim de contextualizar, a primeira mulher a entrar na Academia foi Rachel de Queiroz, em agosto de 1977. Ainda que não tivesse carregado o cunho feminista, a ação foi uma importante passo para a igualdade de gênero e representatividade na instituição. Logo em seguida, a segunda mulher a ocupar a cadeira foi Ana Maria Machado, no biênio 2012/2013.
Curiosamente, em uma carta de Clarice Lispector para Lygia Fagundes Telles, ela afirma que jamais aceitaria entrar na ABL, apesar do grande respeito pela ABL. Por fim, no trecho do livro “Todas as Cartas” de 2020 há o relato em que ela afirma: “A gente dá um espirro, já pensam que estamos morrendo e querem a nossa vaga”
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