A história da humanidade é muito mais complexa e cheia de mistérios do que podemos imaginar. Embora o passar do tempo nos distancie cada vez mais de nossa origem – pelo menos no quesito cronológico – ele também traz consigo novas descobertas acerca das raízes da evolução humana. Aliás, uma prova disso é o Homem Dragão.
Enquanto Lucy, o xodó dos arqueológos e uma chave para os estudos evolutivos, foi descoberta na África, encontraram o Homem Dragão na Ásia. Apesar do fóssil ter pegado os pesquisadores chineses de surpresa, não deixou de ser muito bem recebido na área da pesquisa. Por que? Bom, acredita-se que ele pertença a uma espécie humana completamente desconhecida.
Ao passo que essa história aproxima-se cada vez mais de um roteiro de ficção científica, ela pode nos colocar frente a frente com um dos maiores mistérios da nossa história evolutiva. Afinal, ultrapassando Neandertais e o próprio Homo erectus, esse espécime é nosso parente mais próximo na linha de evolução.
A curiosa história desse achado
Pode ser difícil de acreditar, mas grandes descobertas arqueológicas foram feitas por acidente. Por exemplo, os pesquisadores que encontraram Lucy, o fóssil mais famoso do mundo, o fizeram sem querer. Após uma escavação em outro lugar, os escavadores tropessaram em fragmentos do esqueleto dela. Curiosamente, com o Homem Dragão não foi tão diferente.
Na verdade, a história por trás desse fóssil é praticamente uma odisséia. Veja bem, o crânio do espécime foi descoberto em 1933. Contudo, o trabalhador que o encontrou enquanto ajudava a construir uma ponte em Heilongjiang, na China, o escondeu consigo ao invés de entregá-lo para as autoridades.
Na época, a China estava sob ocupação japonesa e a situação não era das mais amigáveis. Então, acreditando que o achado valia uns trocados, o trabalhador guardou o objeto consigo. Porém, esse fóssil e seu paradeiro permaneceram desconhecidos por 80 anos, até que no leito de morte o homem contasse à família onde havia esocndido o crânio. Em seguida, os cientistas conseguiram acessar o crânio do Homem Dragão.
Por que “Homem Dragão”?
Assim como mencionado acima, encontraram o crânio na província de Heilongjiang. Traduzido para o português, esse substantivo transforma-se em Rio do Dragão Negro. Então, unindo o nome de sua região às características maiores do fóssil, os cientistas batizaram o achado de Homo longi, que pode ser traduzido para Homem Dragão.
Qual a importância desse fóssil?
De acordo com Chris Stringer, uma das maiores referências em evolução humana que temos no mundo, esse fóssil é um dos mais importantes já descobertos. Além de seu invejável estado de preservação, o crânio representa um ramo destoante do que conhecemos da linhagem evolutiva.
Dessa forma, muitos pesquisadores ressaltam o potencial que o Homem Dragão tem de reformular o que sabemos de nossas origens. Só para ilustrar, esse espécime que habitou a Ásia há pelo menos 146 mil anos atrás pode ser o elo faltante que liga os Homo sapiens aos Neandertais.
Como era o Homem Dragão?
Pois bem, o popular fóssil chama atenção por ser bem maior em comparação à média de crânios de outras espécies humanas. Embora não trate-se do Megamente, o Homem Dragão tinha quase 50 anos e um cérebro de tamanho bem próximo ao da nossa espécie. Além disso, seus olhos eram bem grandes, sobrancelhas quadradas, boca larga e dentes grandes.
Segundo Xijun Ni, professor de ciências na Universidade de Hebei GEO, o Homem Dragão reúne tanto características primitivas quanto características modernas. Dessa forma, ele distancia-se dos nossos antepassados e se coloca entre nós e eles na linhagem evolutiva.
Além de presumirem que o espécime era forte e robusto, pouco sabe-se sobre o Homem Dragão. Essa falta de informações deve-se ao fato do fóssil ter sido retirado de seu local original. Portanto, pouco pode-se inferir acerca de sua alimentação, vestimentas, ferramentas e demais elementos culturais.
No entanto, o fóssil ainda está em estudo e logo mais apresentarão informações acerca do mesmo. Já existem até mesmo teorias relacionando o Homem Dragão aos denisovanos. Porém, esse assunto ainda gera debate na comunidade científica. Aliás, há teorias de que essa espécie foi uma das sete a coexistir e procriar com as outras, apesar das diferenças.
E então, o que achou desse texto? Se gostou, confira também: Fóssil de pinguim gigante é encontrado na Nova Zelândia.