Por que a inflação da Argentina é a mais alta da América Latina?

Quando se exclui da equação a hiperinflação da Venezuela, a inflação da Argentina é a mais alta da América Latina, com 52,1% em 2021.

A inflação da Argentina chegou a 52,1%, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística e Censos, o Indec. Nesse sentido, sofreu um acumulo em 12 meses que explica essa taxa. Sendo assim, é a mais alta da América Latina quando se exclui a hiperinflação da Venezuela.

Em resumo, a situação na Venezuela está estimada em 2.700% em 2021, de acordo o Fundo Monetário Internacional, ou FMI. Além disso, supera em quase cinco vezes a inflação do Brasil, com alta nos preços no mercado e gasolina chegando a oito reais no país. Mais especificamente, cabe dizer que a inflação do brasil é de 10,7% para entender essa comparação.

Além disso, é mais de oito vezes maior que a do México, a segunda maior economia da América Latina, logo antes da Argentina, que por sua vez é a terceira maior. Em resumo, a inflação atual nas terras mexicanas é de 6,2%, segundo informações oficiais dos indicadores econômicos.

No geral, isso significa que os custos aumentam 1% a cada semana por conta da inflação da Argentina. Como consequência, há um impulsionamento da pobreza, que atinge 42% a 50% da população no país. Em números mais específicos, isso representa 18,8 milhões de argentinos que não possuem renda suficiente para arcar com gastos básicos. Ou seja, 4 em cada 10 pessoas são pobres no país.

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Processo de impressão da moeda argentina

História da inflação da Argentina

No geral, a inflação da Argentina existe no país há cinco décadas. Nesse sentido, os preços chegaram a subir mais de 3000% em 1989, no pior momento da hiperinflação. Como consequência, houve ainda um impacto político que levou à queda do governo de Raúl Alfosím, responsável por grande parte dessa crise no país.

No entanto, na década de 1990, a conversibilidade foi responsável por conectar o peso argentino com o dólar, causando um desaparecimento da inflação. Logo em seguida, o chamado corralito em dezembro de 1001 causou o congelamento dos depósitos bancários. Além disso, criou os limites semanais para retiradas, criando protestos violentos na Argentina e a renúncia do presidente.

Na época, Fernando De la Rúa renunciou em decorrência dos protestos nacionais, e também por causa da pressão internacional. Contudo, a crise econômica já estava estabelecida, criando um novo ciclo inflacionário. Posteriormente, houve um agravamento da situação no segundo governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner entre 2011 e 2015.

Portanto, a superação dos 50% da inflação da Argentina aconteceu recentemente, no final do mandato de Mauricio Macri em 2019. Curiosamente, a pandemia causou uma desaceleração da economia em 2020, reduzindo a inflação no país a 36%. Apesar disso, houve um acumulo por conta da taxa acumulada nos últimos 12 meses, chegando ao atual marco de 52,1%

Por que a inflação da Argentina é a mais alta da América Latina?

O que faz ser tão alta?

Acima de tudo, especialistas não preveem uma melhora na situação. Muito pelo contrário, a tendência é um aprofundamento da inflação da Argentina em 2022, com um aumento nas taxas. Em resumo, esse processo acontece porque o país sistematicamente gasta mais do que deveria.

Ainda que essa pareça uma justificativa simplista, é como os economistas ortodoxos explicam a situação. Basicamente, nos últimos 60 anos, a Argentina teve somente seis anos sem déficit fiscal, entre 2003 e 2008. ALém disso, esse processo aconteceu porque os preços internacionais das matérias-primas tiveram recordes, criando um aumento da arrecadação no país.

Além disso, a Argentina é um dos países com maior carga tributária a economia do mundo. Porém, a arrecadação não é suficiente par manter os gastos públicos. Como consequência, e para adicionar tempero à massa da crise inflacionária, questões políticas pioram a situação. Em especial a tendência de utilizar do endividamento e emissão monetária para financiar o país.

Apesar disso, ambas atitudes causaram um aprofundamento da crise, causando default da dívida. Desse modo, o país não consegue obter emprestísmos a taxas semelhantes para pagar seus vizinhos. Logo em seguida, a impressão de cédulas, o famoso “imprimir dinheiro para pagar dívidas com dinheiro” surgiu como solução, mas somente gera ainda mais inflação na Argentina.

Em resumo, essa medida é o que os economistas chamam de “política monetária expansionista”, que não acompanha a deterioração da economia e defasagem da taxa de câmbio. Sendo assim, apesar dos esforços políticos durante os governos Kirchner, os gastos continuam em expansão, e a inflação da Argentina acompanha o processo. Ou seja, esse é um ciclo contínuo sem previsão de parar.

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