As lendas do folclore brasileiro incluem histórias e personagens que surgem da mescla das diferentes culturas e povos que formaram a nação. Passadas de geração para geração, as histórias tem forte base na mitologia indígena, mas acabou incluindo influências de lendas trazidas por portugueses e africanos.
Com o tempo, lendas locais passaram a se espalhar por toda a extensão do país e se tornaram cada vez mais populares. Além disso, várias delas também ganharam variações regionais que, em alguns casos, chegaram a produzir novos mitos e personagens do folclore.
Vários deles acabaram ganhando força na literatura nacional, a partir de autores importantes como Monteiro Lobato, Ariano Suassuna, Cecília Meireles e Mário de Andrade.
Principais lendas do folclore brasileiro
Saci
Talvez o personagem mais popular do folclore brasileiro, o Saci é um personagem com nome tupi-guarani. Na lenda, é um menino negro de uma perna só, que fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha com poderes mágicos. A principal missão do Saci é se divertir e pregar peças assustadoras em suas vítimas. A versão do Saci-pererê é a mais popular das lendas, mas os Sacis podem ser classificados em outras duas variantes: Trique e Saçurá.
Curupira
O Curupira é a entidade por proteger a fauna e a flora, especialmente dentro das florestas. Para isso, então, utiliza pegadas deixadas com seus pés virados e seu assobio, na intenção de enganar exploradores e caçadores que entrem nas matas a fim de destruí-la. Em tupi-guarani, seu nome significa corpo de menino.
Mula-Sem-Cabeça
A Mula é uma criatura que, segundo a lenda, surge assim que uma mulher se envolve de forma romântica ou sexual com um padre. O relacionamento gera uma maldição que transforma a moça imediatamente numa mula, literalmente sem cabeça. No lugar, há apenas uma chama incessante que assusta pessoas e animais.
Boto
A lenda do Boto tem origem na região do Amazonas, onde ele também é chamado de Boto-cor-de-rosa ou Uauiará. Segundo o folclore, o Boto vive nos rios, mas sai em noites de lua cheia para participar de festas e seduzir mulheres. Logo após a sedução, elas são levadas para o fundo do rio, onde se acasalam e engravidam da criatura folclórica. Por causa disso, a lenda é muito mencionada para dizer que crianças de pais desconhecidos são filhas do boto.
Cuca
A Cuca é uma das lendas do folclore brasileiro com origem na mitologia Portugal. Ela também é muito associada à figura do bicho-papão e, por isso, muito temida por crianças. É por isso, por exemplo, que a criatura está presente na canção de ninar que diz “Nana neném que a Cuca vem pegar”. Sua principal representação é na forma de uma velha feia, com cara de jacaré.
Iara
Também chamada de Uiara, a personagem é a Mãe D’água, ou Senhora das Águas. Sua imagem é representada por uma bela sereia que costuma atrair pescadores com suas melodias. Isso porque, de acordo com as lendas, ela era uma bela índia que despertava muito inveja por onde passava. Sendo assim, seus irmãos decidiram matá-la, jogando no rio. A partir daí, então, ela se torna sereia e passa a encantar os homens a fim de matá-los.
Boitatá
A lenda do Boitatá também recebe vários nomes diferentes, incluindo Baitatá, Biatatá, Bitatá e Batatão. Apesar do nome conter boi, induzindo muita gente a achar que a criatura se trata de um bovino, a palavra vem do tupi-guarani e significa cobra de fogo. Ou seja, o Boitatá é uma grande cobra de fogo e tem a função de proteger as matas de ameaças, assim como faz o Curupira.
Lobisomem
Apesar de ser forte entre as lendas do folclore brasileiro, o Lobisomem tem origem na Europa. A história diz que se uma mulher já tiver sete filhas e der luz a um homem em seguida, ele se tornará Lobisomem. Por outro lado, outras versões dizem que o monstro surge caso o menino não seja batizado. A partir da maldição, a pessoa afetada se torna um monstro feroz e com forma de lobo, em noites de lua-cheia.
Negrinho do Pastoreio
A origem da lenda do Negrinho do Pastoreio mistura raízes africanas e cristãs. Na história, um menino escravo sofria nas mãos de patrão maldoso e acabou sendo jogado num formigueiro após perder um cavalo. Apesar disso, o Negrinho surgem sem marcas no corpo, montado no cavalo perdido e ao lado da Virgem Maria. Por causa disso, muita gente acredita que acender uma vela para o Negrinho pode ajudar a recuperar um objeto perdido.
Caipora
Pode ser homem ou mulher, dependendo da versão da lenda. Assim como o Curupira, vive nas matas a fim de proteger a vegetação e os animais, ao mesmo tempo que confunde e distrai caçadores e invasores.
Corpo-Seco
O Corpo-Seco está entre as mais assustadoras lendas do folclore brasileiro. Isso porque o personagem é responsável por maltratar várias pessoas ao seu redor durante a vida e após a morte. Sua existência após morrer, inclusive, é uma forma de maldição e castigo por todo o mal cometido enquanto ainda estava vivo.
Guaraná
a planta é associada a um indiozinho que teve os olhos plantados após ser morto pelo deus da escuridão, Jurupari. Dessa maneira, os olhos deram origem a uma planta capaz de dar energia a quem a consumisse.
Outras lendas do folclore brasileiro
Acutipupu: vezes homem, vezes mulher, o Acutipupu é responsável por gerar o nascimento de garotos valentes quando fecunda outras mulheres, na forma masculina. Por outro lado, na forma feminina gera meninas muito belas em seu próprio ventre.
Ahó Ahó: este monstro tem a forma semelhante a de uma ovelha, mas era conhecido por devorar pessoas. A lenda tinha força especialmente durante as missões jesuítas, uma vez que o monstro ameaçava atacar os índios que fugiam delas.
Cobra Grande: é filho de uma cobra gigante com uma índia. Lenda do folclore brasileiro típica da Amazônia, a serpente é tão forte que consegue destruir embarcações que navegam em sua presença.
Jurupari: o deus da escuridão é retratado de diferentes formas em versões da lenda. Em algumas, ele visitava os índios durante a noite para provocar pesadelos, enquanto em outras era responsável por trazer às leis aos homens.
Mandioca: mais uma das lendas do folclore brasileiro relacionadas às plantas. Aqui, a indiazinha Mani foi enterrada e teve o túmulo regado pelas lágrimas de sua mãe. No lugar, então, nasceu a primeira mandioca.
Papa-figo: também conhecido como o homem do saco, vaga pelas ruas carregando um saco utilizado para guardar crianças desobedientes.
Vitória-régia: por fim, a planta aquática seria, em vida, uma índia que se apaixonou pelo deus da lua. Certo dia, porém, ao vendo a luz refletida num rio, a índia decidiu tentar beijá-lo, mas acabou morrendo afogada e se tornando planta.
Fontes: Toda Matéria, Educa Mais Brasil, Dentro da História
Imagens: Aventuras na História, Toda Matéria, GZH Livros, Medium, Toda Matéria, Jornal 140, Toda Matéria, Super Poderes, Toda Matéria, Desencaixados, Toda Matéria, Toda Matéria, Oberhalb Thoth, Mitos e Lendas