Com certeza, você já deve ter ouvido falar da ovelha Dolly. Ela foi o primeiro mamífero a ser clonado no mundo.
Isso mesmo, ela foi uma cópia de outra ovelha, e não nasceu de uma fecundação entre espermatozoide e óvulo. A Dolly, inclusive, veio de uma célula somática adulta.
Isso se deu porque três fêmeas contribuíram com seu nascimento. Ou seja, uma forneceu o ovócito, um óvulo imaturo em estágio prévio de desenvolvimento. A segunda, forneceu os cromossomos que foram colocados no óvulo. E a terceira, por sua vez, foi responsável por gestar a Dolly.
A fórmula normal para haver outro ser seria ter um óvulo, que é uma célula reprodutiva. Desta forma, ela tem somente metade do DNA preciso para gerar um ser vivo completo. A outra metade, como visto por todos no ensino médio, viria do pai, por meio do espermatozoide.
Então essa união se mistura, fazendo uma multiplicação que acaba gerando um filho ou filhote.
Como aconteceu a clonagem da ovelha Dolly
Quando a clonagem foi feita, tirou-se “metade” do DNA que vem junto com óvulo naturalmente e substitui-se ali por uma carga genética completa. Com isso, se tudo já está completo não há necessidade de somar mais DNA.
A partir daí basta um fazer um estímulo artificial para que o óvulo se torne um ser vivo. Mas é preciso usar uma “mãe de aluguel”, para que haja todo o processo e saia tudo normalmente.
Aliás, só tem um pequeno detalhe, a criatura a nascer não saíra igual a quem está lhe gerando. Ela vai sair idêntica ao dono da célula usada no processo. Tudo isso porque o que impedia de se ter um clone era a mistura de genes do pai e da mãe, mas como foi usado o de um deles o individuo nasce igual a quem lhe forneceu a célula.
Anos de pesquisa
Por mais que a clonagem feita na ovelha Dolly foi um sucesso, ela no entanto não foi a primeira ser feita em animais. Em 1962, foi feita a primeira clonagem de um animal.
O especialista em biologia do desenvolvimento John Gurdon pegou uma célula do intestino de uma rã e inseriu-a em um óvulo de outra.
Embora seu trabalho não seja bastante famoso como o da ovelha Dolly, Gurdon acabou ganhando um premio. Tempo depois, em 2012, o biólogo ganhou o Premio Nobel de Medicina ou Fisiologia.
Acredita-se que a razão por Dolly ter gerado mais interesse na população foi por conta de tornar mais próxima a clonagem ao ser humano.
O que a ovelha Dolly significou para a Ciência?
A experiência de Gurdon, Dolly e todas as outras intermediárias, que não tiveram muito destaque mas ajudaram a mudar o curso dos estudos científicos que eram realizados até então.
A grande descoberta foi de que poderiam pegar qualquer célula. Até mesmo adulta, sobretudo, as que tivessem uma função em específico. Eles podiam torná-la embrionária, o que deixou os especialistas querendo saber mais.Ou seja, queriam entender o que seria possível acontecer além desse processo mágico.
Uma década depois de Dolly, os cientistas especializados em células-mães obteram uma célula indiferenciada novamente. Mas só que dessa vez sem clonagem. Shinya Yamanaka, responsável por esse projeto, dividiu o prêmio Nobel com Gurdon por terem descoberto que a células podem se reprogramar e se tornarem pluripotentes.
Ou seja, as células são capazes de se transformarem em qualquer célula adulta especializada. Graças a isso, atualmente é possível produzir células personalizadas de reposição, que podem ser usados em caso de lesões, transtornos genéticos e degeneração.
Isso dá brecha para que um dia os nossos órgãos possa se desenvolver em um hóspede não humano, deixando-os a disposição para que sejam implantados.
Portanto se Dolly veio para revolucionar o bem-estar do ser humano com novos métodos de produção de células e proporcionar que os órgãos fiquem totalmente compatíveis, suas consequências tendem a ser uma grande revolução na vida humana.
20 anos depois do projeto
Em 2013 , um dos biólogos responsáveis pelo clone de Dolly, Keith Campbell veio a falecer. No entanto, a viúva de Campbell revelou que ele ainda seguia investigando o por que de Dolly não ter vivido por mais anos.
A ovelha Dolly não teve uma vida longa. Ela veio de um clone com 6 anos de idade, ou seja, seus dias de vida duraram apenas 6 anos e meio. O que é pouco já que a raça da ovelha costuma viver em média 9 anos. E isso é um grande desafio para os especialistas. Que idade tem esse clone quando nasce?
Essa dúvida ficou em suspenso, sem solução. A idade interna do clone não era proporcional a idade de existência, ou seja, o clone acabava morrendo muito cedo.
E foi isso que Campbell estava estudando antes de morrer. Uma maneira de como reverter essa situação. Mas para isso ele precisava fazer um trabalho árduo de pesquisa, que consistia em analisar o envelhecimento dos clones.
Basicamente, ele tinha que analisar a data de nascimento até a morte. Tudo isso para saber o tempo de vida do individuo. Contudo, alguns cientistas já haviam reparado um pequeno defeito na hora do envelhecimento desses clones.
Ou seja, seus telômeros (sequência repetitiva do DNA localizada no final dos cromossomos ), eles que contam o número de vezes que uma célula se divide, eram um pouco mais curto do que o normal. Causando a morte precoce.
Rejuvenescimento celular
E no estudo que Keith estava desenvolvendo, foi possível saber com as novas Dolly que se pegarmos uma célula de um animal de qualquer idade e colocarmos seu núcleo em um óvulo maduro, porém não fertilizado, teremos um ser que nascerá com a expectativa de vida totalmente renovada.
A descoberta ficou ainda maior, porque em dezembro de 2016 os membros do Instituto Scripps de Pesquisa tiveram uma feliz surpresa. Eles descobriram que as células-mãe pluripotentes conservam as características epigenéticas de envelhecimento do doador.
Com isso, pode-se afirmar que existe um mecanismo natural encontrado nos óvulos que faz rejuvenescer uma célula. No entanto, é preciso mais pesquisas para descobrir sobre o assunto.
Industrias de clones
No final de 2015, a China anunciou a construção de uma empresa de clonagem animal, que inclusive é o maior centro do mundo. Fica localizado em Tianjin, no norte do país e lá pretendem clonar animais domésticos, cavalos de corrida e gado bovino.
Essa foi a forma bastante peculiar de suprir as necessidades alimentares da China. Por isso foram investidos 31 milhões de dólares na construção em geral. Segundo informações, as produções do centro de clonagem poderão atingir 10 mil embriões bovinos por ano.
Claro que a empresa já gerou muitas controvérsias. Principalmente em grupos de defesa animal, eles afirmam que tal medida cria objetificação dos animais, que são seres vivos. Outro fator que pode interferir nesses planos peculiares, são pesquisas feitas que geraram estatísticas.
Essas pesquisas apontaram que 69% dos americanos não consumiram carne clonada. Portanto 90% dessas pessoas defendem que deve ser levado em conta o caráter ético nessas atitudes, ou seja deviam intervir na comercialização do produto.
Gostou de conhecer mais sobre a ovelha Dolly e o processo de clonagem? Confira também sobre a Base de Alcântara – 11 mitos e verdades sobre a área militar
Fonte: Revista Galileu, El País
Fonte da imagem destaque: Minas Faz Ciência
2 comentários em “Ovelha Dolly – Como aconteceu a clonagem mais famosa no mundo?”