As festas de final de ano estão chegando, às casas vão sendo decoradas, os presentes comprados e os cardápios elaborados com comidas variadas. No entanto, há uma coisa que não pode faltar nas reuniões de Natal e Ano Novo, o panetone, esse tradicional pão doce de origem italiana que conquistou o gosto dos brasileiros.
Seja com uvas passas, frutas cristalizadas ou em outras versões com chocolate ou doce de leite, o panetone é uma iguaria que não pode faltar no cardápio natalino.
Quanto a sua origem, é um pouco incerta, por isso existem algumas lendas sobre como o primeiro panetone foi criado. No entanto, a única certeza é que o panetone veio de Milão, na Itália, em torno do século XV.
Inclusive, o panetone teria esse nome devido ao seu criador, um jovem padeiro chamado Antônio, então, o pão doce inventado na véspera de natal se chamaria Pani di Toni ou Pão do Toni.
hMas, afinal, qual será a verdadeira história por trás da criação desse pão tão saboroso que brasileiros e europeus tanto gostam?
História do panetone
O panetone é um pão doce recheado com frutas cristalizadas e uvas passas, cuja massa macia possui um aroma de baunilha. Atualmente, é uma iguaria bastante popular no mundo todo, no entanto, sua origem é um pouco incerta.
Contudo, entre as lendas que envolvem a criação do panetone, está a do jovem padeiro italiano chamado Antônio ou Toni, como era conhecido.
Durante a época de Ludovico, o Mouro (1452-1508), Toni trabalhava na padaria Della Grazia, em Milão e era apaixonado pela filha do seu patrão. Então, na tentativa de impressionar seu chefe, Toni inventa um pão doce.
O pão fez tanto sucesso entre os fregueses da padaria, que começaram a pedir pelo Pani di Toni, que evolui para panattón no vocábulo milanês, até finalmente se chamar panettone em italiano.
O Pani di Toni
Já em outra lenda, o panetone teria sido criado entre os anos de 1494 e 1500 na corte de Ludovico, o Mouro, durante um banquete na véspera de Natal. Portanto, se tratava de uma grande festa com muitos convidados de Ludovico.
Mas, quando a sobremesa era preparada, acabou sendo queimada enquanto assava. O ajudante de cozinha chamado Antônio, que havia preparado uma massa com sobras de ingredientes para levar para casa, tentando salvar a sobremesa, oferece sua massa.
A massa era uma mistura de farinha, ovos, açúcar, passas, frutas cristalizadas e fermento, dando origem a uma massa macia e leve, de um sabor único.
O sucesso foi tão grande entre os convidados que Ludovico queria saber qual era o nome daquele doce tão saboroso. No entanto, Antônio respondeu que não tinha nome, então, Ludovico resolveu colocar o nome de Pani di Toni, em homenagem ao jovem ajudante.
Até os dias de hoje, na cidade de Milão, o panetone é feito de forma artesanal, com a mesma receita de quinhentos anos atrás.
Outras lendas sobre a origem do panetone
1- Ughetto Degli
De acordo com essa versão, no século 19, o nobre italiano criador de aves, Ughetto, era apaixonado por Adalgisa, filha do padeiro local chamado Toni. Porém, a família era contra. Mas, como a padaria estava a beira da falência, Ughetto resolve ajudar, então sugere que adicione manteiga na massa do pão.
No entanto, o dinheiro era pouco e Toni não tinha como comprar manteiga. Então, Ughetto vende uma de suas aves e compra a manteiga.
Os clientes gostaram da mudança, então, Ughetto e Adalgisa resolvem acrescentar açúcar, frutas e passas à massa. Assim, com o sucesso da nova receita, a padaria voltou a prosperar e Ughetto e Adalgisa puderam se casar.
2- Bartolomeo Scappi
Bartolomeo Scappi era um cozinheiro famoso que trabalhou para o Vaticano no século 16, era conhecido por inovar em suas receitas. Em seu livro Opera dellárte del cucinare, havia registros de que os romanos foram os primeiros a acrescentar açúcar à massa de pão. Apesar de não ser o panetone, a base da massa é a mesma.
3- Giorgio Valagussa
Já nessa versão, o panetone teria sua origem na Idade Média, mais precisamente no século 15. De acordo o manuscrito escrito por Giorgio Valagussa, era costume dos duques celebrarem a véspera de Natal com um pão diferenciado do consumido diário.
Esse costume era chamado de ritual do tronco, onde três pães eram colocados sobre um tronco na lareira. Dos três pães, apenas dois eram consumidos, sendo que o terceiro era deixado para ser consumido no ano seguinte, representando a continuidade do costume.
Verdade sobre a origem do panetone
De acordo com historiadores, o panetone possui uma receita de tradição coletiva, portanto, não tem como saber com exatidão sua origem. No entanto, é possível saber a origem dos ancestrais do panetone, ou seja, do pão doce ou como eram chamados, pão de festa.
Na confecção do pão doce era adicionado à massa, açúcar, uva passas e especiarias, e era consumido em banquetes importantes, como no Natal, por exemplo. E ao longo dos anos, foi sendo modificado, até chegar à receita que conhecemos hoje.
A partir do século 20, o consumo de panetone aumentou se tornando muito popular nas festas. Graças às inovações do dono de uma padaria em Milão, chamado Ângelo Motta, que adicionou levedura à receita, além de mudar a forma do panetone. Deixando-o como conhecemos hoje.
No ano de 1925, Gioacchino Alemagna, adaptou a receita de Motta, e seu nome deu origem a uma marca de panetone que é popular até os dias de hoje. E graças à rivalidade entre os dois padeiros, que o panetone começou a ser produzido de forma industrial, consequentemente, se popularizando em todo o mundo.
Receita de panetone patenteada
Apesar das variedades que encontramos hoje em dia, a receita tradicional do panetone é uma só, e é protegida por um decreto assinado em 2005, na Itália. O decreto determina as quantidades mínimas de cada ingrediente usado no preparo do pão doce.
Portanto, as variações como, chocotones, colombas, panetones salgados, por exemplo, não podem ser comercializados como um Clássico Panetone, apenas como versões desse tipo de pão. Apesar de que, as variações fazem sucesso até mesmo na Itália.
Curiosidades do panetone
1- A moeda escondida
De acordo com a cultura italiana, na véspera de Ano Novo, uma criada da casa esconde uma moeda de ouro dentro do panetone. Então, aguardam para saber quem será o sortudo com a fatia contendo a moeda, pois este terá muita sorte no próximo ano.
2- São Brás
O santo católico, São Brás, ficou famoso por ter retirado um espinho da garganta de uma criança, graças á sua oração. Portanto, em Milão, é costume guardar uma fatia do panetone que foi servido no Natal. E come-lo no café da manhã do dia 3 de Fevereiro, data em que é comemorado o dia do santo. Inclusive, os italianos acreditam que fazendo isso, evitam resfriados e dores de garganta.
3- Pão partido
Um costume bem antigo é o do pão partido, que foi contada por Pietro Verri, filósofo iluminista do século IX. Durante as festividades cristãs, as famílias se reuniam próximos à lareira e aguardavam que o patriarca da família repartisse o panetone e distribuísse para cada um. Esse costume representa a comunhão e a partilha.
4- Festival anual
Em Milão, no mês de Novembro, acontece um evento anual, o Festival do Panetone. No evento, empresas especializadas na produção do panetone expõem as iguarias, e todos os visitantes podem experimentar. Além de dar aulas rápidas sobre confeitarias com chefes renomados.
Chegada do panetone no Brasil
O panetone chegou ao Brasil na época da Segunda Guerra Mundial, quando os emigrantes italianos vieram para o país. Por ser uma iguaria muito popular entre os italianos, logo se espalhou pelo país.
Atualmente, o Brasil é o terceiro país com o maior número de consumo de panetones, ficando atrás apenas da Itália e do Peru.
No entanto, a empresa que mais produz panetones no mundo todo é a brasileira Bauducco, fundada em 1952, na cidade de São Paulo por um emigrante italiano.
Atualmente, a empresa de Carlo Bauducco possui mais de 6 mil funcionários no Brasil e nos Estados Unidos, produzindo mais de 300 mil toneladas de panetone por ano.
O panetone se tornou tão popular que não pode faltar nas festas de finais de ano, é uma iguaria que já faz parte da tradição natalina de todos os anos. Por isso, não importa como surgiu ou quem o criou, o importante é que o panetone se tornou a sobremesa natalina mais consumida no mundo.
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Fontes: Info Escola, Pão de Açúcar, BBC, Massa Madre
Imagens: Cyber cook, Di tudo embalagens, Universo da panificação, G1, Escola de doces, Laura Vegan, Bambu chuveroso, Bakels, Revista eco turismo, Canção nova, Tudo gostoso, UOL, Kitchen for dummies