Com um ano da guerra da Ucrânia se completando, o relógio do Juízo Final avançou mais uma vez. Trata-se de uma metáfora usada para descrever o progresso da humanidade em direção a um potencial desastre global. Ele é mantido e atualizado pelo “Conselho de Cientistas da ONU para a Prevenção de Catástrofes Mundiais”.
O relógio começou a girar em 1947 e se baseia na opinião de especialistas em ciência e segurança sobre o risco de uma catástrofe global causada por fatores como guerra nuclear, mudança climática e proliferação de armas biológicas.
O relógio evoluiu para diante e para trás ao longo dos anos e, até recentemente, faltavam 100 segundos para a meia-noite; agora, são apenas 90 segundos, ou seja, avançou 10 segundos. Saiba mais sobre o que isso significa, a seguir.
O que é o Relógio do Juízo Final?
O relógio surgiu em 1947 pelo Boletim de Cientistas Atômicos (Bulletin of Atomic Scientists) como uma “metáfora para a proximidade da humanidade com a auto-aniquilação”. Assim, ele foi originalmente ajustado para sete minutos para a meia-noite e desde então foi movido 25 vezes (oito vezes para trás e 17 vezes para frente).
No auge da Guerra Fria, em 1953, o Relógio estava a 2 minutos do Fim do Mundo e o mais longe que chegou da “meia-noite” foi quando passou para 17 minutos antes no final da mesma guerra. Em 2020 atingiu o mais próximo da catástrofe (100 segundos) e assim permaneceu nos últimos três anos.
O Boletim de Cientistas Atômicos anunciou que, até 2023, levaria em consideração a guerra russo-ucraniana, ameaças biológicas, proliferação de armas nucleares, a crescente ameaça climática, campanhas de desinformação patrocinadas pelo Estado e tecnologias disruptivas.
Como funciona o Relógio do Juízo Final?
A meia-noite no Relógio do Juízo Final representa o fim da humanidade. Um grupo de especialistas, incluindo 13 ganhadores do Prêmio Nobel, define o novo horário a cada ano.
A cada ano, espera-se que essas ameaças diminuam, para que o relógio possa voltar atrás. No entanto, este ano chegamos perigosamente perto do nosso fim.
O tempo é determinado levando em consideração todos os eventos ocorridos ao longo do ano nos campos político, energético, armamentista, científico, juntamente com possíveis fontes de ameaças como bombas nucleares, mudanças climáticas, bioterrorismo ou inteligência artificial.
O que acontece quando ele chegar a meia-noite?
O relógio nunca bateu meia-noite, segundo Rachel Bronson, presidente e CEO do Bulletin. Aliás, ele espera que isso nunca aconteça.
“Quando o relógio bate meia-noite, significa que ocorreu algum tipo de evento nuclear ou mudança climática catastrófica que acabou com a humanidade”, diz ele. “Portanto, não queremos chegar lá e não saberemos quando chegaremos.”
Além disso, o relógio do juízo final não pretende medir ameaças, mas sim iniciar conversas e promover o engajamento público em questões científicas como mudança climática e desarmamento nuclear.
Períodos mais críticos
Continuamos a viver nos tempos mais perigosos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, de acordo com o Boletim de Cientistas Atômicos e o Relógio do Juízo Final, onde falta apenas 90 segundos para a meia-noite.
Ao longo dos anos, o Boletim faz anúncios periódicos atualizando a “hora” atual do relógio, indicando a proximidade de algum tipo de catástrofe existencial.
Com efeito, os períodos mais críticos até agora foram a Guerra Fria e o início da pandemia de Covid-19.
2018: 2 minutos para meia-noite
Após anos relativamente tranquilos, em 2018 os membros do The Bulletin of Atomic Scientists alertaram que havia mais uma vez uma progressão latente de hostilidades entre potências nucleares.
Além disso, apontaram que a mudança climática está atingindo níveis alarmantes, o que tornará cada vez mais difícil revertê-la.
2019: 2 minutos para meia-noite
Naquele ano, especialistas nucleares do Bulletin of Atomic Scientists decidiram manter o “Relógio do Juízo Final” em dois minutos antes da meia-noite. A manutenção do relógio em 2 minutos para meia-noite em 2019 foi um alerta para a urgência de ações coletivas para abordar esses riscos e garantir a segurança e o bem-estar das gerações presentes e futuras.
2020: 100 segundos para meia-noite
Em 2020, por causa da dinâmica convulsa do mundo diante da pandemia de covid-19, o tempo foi drasticamente reduzido para 100 segundos. É o tempo mais próximo da catástrofe desde a criação do relógio em 1947. Os cientistas também levaram em conta os efeitos das mudanças climáticas nesta decisão. O aumento do nível de perigo foi atribuído a uma série de fatores, incluindo a falta de liderança global em questões críticas, a polarização política e a erosão da confiança nas instituições científicas e democráticas.
2021: 100 segundos para meia-noite
Em 27 de janeiro de 2021, o relógio marcava 100 segundos para meia-noite. A estimativa para 2021 teve muito a ver com a crise provocada pela pandemia do corona vírus.
Até então, a doença já havia matado quase dois milhões de pessoas em todo o mundo, além da aceleração dos programas nucleares de vários países e a intensificação dos efeitos das mudanças climáticas.
2022: 100 segundos para meia-noite
Em 2022, o relógio permaneceu estável, com a mesma marcação do ano anterior. No entanto, a revisão de 2022, realizada em janeiro, não levou em consideração a guerra na Ucrânia nem os últimos boletins meteorológicos.
2023: 90 segundos para meia-noite
O anúncio deste ano concentrou-se, como previsto, na invasão russa da Ucrânia e na iminente ameaça nuclear. Especialmente após as declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que insinuou em várias ocasiões que estaria disposto a usar armas atômicas.
Portanto, o mundo está mais perto de uma catástrofe do que em qualquer outro momento nos últimos 76 anos.
Referências: CNN Brasil, EM, Forbes,