O therianismo é uma identidade na qual indivíduos se veem como tendo uma conexão profunda com um animal específico, acreditando que sua essência ou espírito se relaciona a ele. Isso vai além de uma simples afinidade, já que os therians sentem, em alguns casos, que, de alguma forma, é esse animal em um nível espiritual ou psicológico.
Diferente do cosplay ou da simples admiração, o therianismo é uma experiência interna que está ligada à forma como essas pessoas se entendem e sentem o mundo ao seu redor, sendo considerado por muitos como parte de sua identidade pessoal.
E aí, vamos saber um pouco mais sobre os therians? Boa leitura!
O que é um therian?
Therians são pessoas que se identificam profundamente com uma espécie animal específica, acreditando que compartilham características essenciais ou comportamentais desse animal. Essa identificação vai além de uma simples admiração ou afinidade. Isso porque muitos therians sentem uma conexão psicológica ou espiritual com a espécie, algo que influencia profundamente a maneira como percebem a si mesmos e seu lugar no mundo.
Diferente de cosplay, onde o foco está em se vestir e representar temporariamente um personagem ou criatura, os therians realmente se veem como pertencentes a uma outra espécie. Essa experiência de “transespécie” é conhecida como therianismo, onde essas pessoas acreditam, de forma genuína, ter uma ligação com o animal que representa sua identidade interna, como um lobo, um gato ou até uma águia. Isso pode se manifestar em comportamentos, gestos ou até na maneira de se vestir, embora não seja um simples ato performático.
Em 2020, uma pesquisa realizada pelo International Anthropomorphic Research Project entrevistou 2.500 pessoas e revelou que aproximadamente 5% delas se identificavam como therians. Entre as espécies mais comumente mencionadas estavam lobos, grandes felinos, como tigres e leões, e aves. Muitos relataram que essa conexão teve início na infância ou adolescência, época em que sentiram uma forte afinidade com a natureza e uma sensação de pertencimento que ia além do comum.
Qual é a origem da teriantropia?
A origem do termo teriantropia remonta ao século XX, mas sua base conceitual é muito mais antiga, presente em mitologias e folclores ao redor do mundo. O termo vem do grego theríon (animal selvagem) e ánthropos (homem), e foi inicialmente utilizado para descrever figuras míticas que podiam se transformar em animais, como lobisomens.
No entanto, mais recentemente, teriantropia ganhou novos contornos, abrangendo a ideia de que algumas pessoas se identificam profundamente como animais.
Esse fenômeno, conhecido como therianismo, como a gente já mencionou, envolve uma experiência subjetiva intensa, onde os indivíduos acreditam ter uma conexão espiritual ou emocional com um animal específico. Em muitos casos, esses indivíduos sentem que possuem características comportamentais ou até mesmo mentais de determinados animais.
Diante disso, diferente de condições como a disforia de gênero, onde há o desejo de modificar o corpo, os therians geralmente não buscam alterar suas características físicas, mas relatam uma sensação de “não pertencimento” ao corpo humano, o que cria uma forte sensação de inadequação.
Portanto, vale mencionar que o therianismo faz parte de uma espécie de subcultura que tem ganhado mais visibilidade, especialmente com o crescimento das comunidades online. Nessas plataformas, adeptos compartilham experiências, discutem suas identidades como “transespécie” e buscam validação em um espaço onde podem explorar essas crenças de maneira aberta.
O que a psicologia e psiquiatria dizem a respeito dos therians?
Ao analisar o therianismo sob a perspectiva da psiquiatria e psicologia, é importante destacar alguns pontos. Primeiramente, existe um fenômeno conhecido como licantropia clínica, no qual indivíduos acreditam genuinamente que se transformam em animais.
Diante disso, esse quadro está associado a transtornos psiquiátricos graves, como a psicose. Em casos mais severos, pode ser um sintoma de esquizofrenia ou desordens afetivas, como depressão e transtorno bipolar.
No entanto, é crucial diferenciar therianismo, que geralmente é uma experiência subjetiva e não necessariamente patológica, da licantropia clínica. O therianismo envolve uma identificação espiritual ou emocional com um animal e não costuma causar danos funcionais graves à vida dos indivíduos.
Em contrapartida, a licantropia clínica está ligada a um distanciamento da realidade, o que exige intervenção médica. Pesquisas sugerem que esses dois fenômenos podem coexistir em alguns casos, mas devem ser analisados com cuidado para evitar diagnósticos incorretos.
No entanto, por fim, não quer dizer que eles não possam enfrentar alguns problemas psicológicos que sejam subjacentes. Um estudo de 2022, divulgado pela Journal of Social Psychology, revelou que mais da metade dos therians entrevistados, cerca de 55%, enfrentam problemas psicológicos como ansiedade e depressão, muitas vezes causados pela exclusão social.
Em contraste, 85% daqueles que participavam de comunidades virtuais relataram uma sensação maior de pertencimento e bem-estar emocional, devido ao suporte oferecido nesses ambientes online.
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- Fonte: Metrópoles, A Cidade On, Diário de Pernambuco