Em primeiro lugar, Zagreu é um deus originário do orfismo. Ou seja, faz parte do imaginário coletivo de um conjunto de crenças e práticas do mundo grego helenista. Sobretudo, estima-se que sua figura tenha surgido na história pro volta do século VI a.C.
Nesse sentido, o poeta grego Píndaro foi um dos primeiros a fazer referência a essa divindade. Contudo, a relação desse deus órfico com a mitologia grega é fruto do trabalho de Nono e Panópolis, um importante poeta épico da Grécia Antiga.
Sendo assim, o documento com maiores informações sobre a divindade é o poema Dionísica, de Nono de Panópolis. Curiosamente, o tema principal dessa obra é a vida de Dionísio, o deus grego das festas, do vinho, da intoxicação alcóolica e dos ritos religiosos.
Portanto, estima-se que Zagreu seja um avatar de Dionísio, uma espécie de reencarnação primária. Entretanto, há quem afirme que ambos são um mesmo deus, representado em duas figuras diferentes. Ou seja, dividiram um mesmo corpo que renasceu após a morte de Zagreu, mas agora na figura de Dionísio.
Origem e história de Zagreu
Sobretudo, a figura e história de Zagreu foi muito pouco documentada, apesar de apresentar importantes elementos sobre a cultura grega. Nesse sentido, o primeiro Dioniso nasceu de uma relação extraconjugal de Zeus e Perséfone, considerando que ambos eram casados com Hera e Hades, respectivamente.
Comumente, Hera vingava-se dos filhos que seu marido tinha fora do casamento. Sendo assim, para proteger Zagreu das maldades de sua esposa, o deus dos deuses o deixou sobre os cuidados de Apolo na região do monte Parnaso. Além disso, houve a ajuda das curetes, os filhos dos dáctilos que eram considerados divindades menores.
Entretanto, os esforços foram em vão, porque Hera descobriu o esconderijo e ordenou que os Titãs perseguissem o filho de Zeus. Ainda que Zagreu tenha sido transformado em touro para fugir, a criança foi encontrada e devorada pelos representantes de Hera. Mais ainda, os relatos narram que o destino final dele envolveu ser cortado em pedaços e cozinhado em um caldeirão para a refeição.
Como consequência, Zeus ficou furioso com os Titãs e acabou os incendiando. Logo em seguida, das cinzas dessas criaturas surgiram os primeiros seres humanos. No geral, esse mito serve como forma de explicar a reencarnação e a origem divina da alma nas religiões órficas.
Em outras palavras, Zagreu inspirou a narrativa de que os homens descendem dos deuses e que, portanto, os deuses fazem parte da natureza humana. Desse modo, haveria uma relação entre todas as partes do Universo.
Simbologia e curiosidades
Primeiramente, a ação dos titãs no mito de Zagreu tornou-se parte dos rituais órficos em homenagem aos deuses. Em primeiro lugar, as festas comemorativas e de homenagem envolviam o sacrifício de animais, como forma de recriar a morte do filho de Zeus.
Sendo assim, a ingestão da carne representava a junção com o deus. Ou seja, o alimento simbolizava a divindade e comê-lo era uma forma de se unir com o deus.
Além disso, o mito dessa divindade menor serviu durante muito tempo como lição de moral sobre a natureza humana. Através dos feitos de Zeus e Hera, mas também a existência de Zagreu, consolidou-se a percepção do ser humano como composto pelo bem e pelo mal.
Porque Zagreu foi assassinado e devorado pelos Titãs que posteriormente tornaram-se homens, todo indivíduo carrega dentro de si uma parte desses elementos. Ou seja, uma parte de divindade, outra parte humana e uma última titânica.
Curiosamente, outras versões mais aprimoradas e atualizadas do mito narram que Zeus interrompeu os Titãs antes que eles comessem seu coração. Logo em seguida, o órgão foi entregue à mortal Sêmele comer. Ademais, eventualmente ela teve um filho com o deus dos trovões que veria a ser o jovem Dionísio.
Nesse sentido, teria sido as lágrimas do nascimento de Dionísio que deram origem à humanidade, e não as cinzas dos Titãs. Apesar disso, Zagreu entrou na narrativa mitológica como a primeira encarnação, ou o princípio do deus Dionísio.
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Fontes: Portal Mitologia | Recanto das Letras | Revista Cult