Provavelmente você já deve ter ouvido falar sobre o alcorão. O livro que dita muitas coisas dentro da religião muçulmana. Ou seja, ele é a base das pessoas que seguem os seus ensinamentos. Inclusive, o alcorão não é muito entendido entre as pessoas do Ocidente.
Geralmente, por estar ligado diretamente com terroristas e pessoas extremistas, ele não é aceito como algo benéfico. No entanto, há pessoas que usam o livro e seguem a religião, e que não são más. Isso resulta de uma grande generalização. Ou seja, buscam algo ou alguém a quem culpar. Tudo por conta de interpretações diferentes que o livro provoca.
Assim como a bíblia, no cristianismo, o alcorão gera diversas interpretações. Porém precisa ser visto com sabedoria. O livro é envolto em mistério para o Ocidente, não se tem conhecimento a respeito do que há escrito. Muito menos sabe-se a respeito da história, ou curiosidades sobre ele. Confira agora tudo isso e muito mais.
O alcorão
Tudo começou em uma noite quando o mercador Muhammad ibn Abdallah dormia tranquilamente. Em uma caverna, que ficava não muito distante da cidade de Meca, atualmente a Arábia Saudita. Quando repentinamente foi acordado por uma presença divina. Na época, ele tinha 40 anos e aquela era sua primeira experiência com o sobrenatural.
Então, nessa aparição um anjo lhe ordenou: “Recita!”. Contudo, Muhammad tentou explicar que não era digno de falar as palavras divinas. Com isso, o anjo o abraçou com força, de modo que ele relaxou e soltou todo ar do pulmão. Então o anjo insistiu, “Recita!”.
Dessa forma, o mercador obedeceu e começou a recitar. E recitou novamente, e toda vez quando o anjo falava, ele recitava. Isso durou cerca de 23 anos, até sua morte , em 632 d.C.
As palavras divinas ditas por Muhammad, ou melhor, Maomé, como é dito em português. Durante o califado de Omar, em 650, tais palavras foram transcritas em um livro. Foram postas versículo por versículo no alcorão, em árabe, recitação. Curiosamente, a escrita árabe não contém vogais, consta apenas consoantes. Conforme lendas, dizem que as vogais foram postas mais tarde no texto.
Atualmente, o livro é seguido por um quarto da população. Ou seja, 1,3 bilhões, incluindo, principalmente, os extremistas e terroristas.
O que significa?
O nome alcorão, é uma forma árabe da sua origem, que é síria. Ou seja, é uma mistura dessas duas línguas. Portanto significa “lido” ou mesmo “recitado”. Segundo as tradições muçulmanas, o livro é uma série de revelações que Alá (Deus) fez à Maomé.
Essas revelações, como foi dito anteriormente, foram feitas nas primeiras décadas do século VII. Inclusive, começaram em Meca (Mekka), que é a cidade-natal de Muhammad, e Medina (al-Madinah).
Como é o alcorão
Ele está dividido em 114 capítulos (suras). Os títulos que estão contidos no livro não estão associados ao texto. Ou seja, são completamente aleatórios. Dessa forma, a obra tem os capítulos que ainda são divididos em versículos (ayat). Devido ao problema dos títulos, consequentemente, as edições nem sempre serão iguais.
O árabe em que está escrito o alcorão se difere dos demais. Porque é uma mistura de prosa e poesia sem métrica. Além de ser difundida entre os beduínos. Como forma de transmitir uma literatura essencialmente oral. A partir da língua usada no livro, acabou-se gerando árabe literário clássico.
Tudo porque o alcorão foi recitado e quando passado para a forma escrita, as regras gramaticais começaram a ser implementadas. Isso, no século VIII pelos filólogos. Dessa forma, continuaram usando o árabe literário clássico. Atualmente é o idioma oficial dentre vários dialetos que são falados no mundo islâmico.
Ademais, o alcorão possui estilo alusivo e elíptico. Com isso, sua gramática e vocabulário são complicados. Portanto está sujeito a diferentes interpretações.
o que há nele?
Em seu conteúdo, consta um conjunto de preceitos e, basicamente, recomendações éticas e morais. Além de advertências sobre o dia da chegada do Juízo Final. Inclusive, também histórias de profetas antes de Maomé e povos a quem foram enviados. Preceitos sobre religião, vida social, matrimônio, divórcio ou até mesmo herança.
No entanto, a mensagem principal é que há apenas um Deus. No qual, se deve servir e ele é o criador de tudo. Por isso deve-se praticar o culto e seguir vigiando sobre a conduta correta, conforme o alcorão. E também, que ele é misericordioso e tem se voltado para a humanidade por meio de seus profetas. Dessa forma, a humanidade precisa venerá-los, como forma de respeito a Deus.
Diferença x semelhanças
Os livros diz claramente que a mulher deve ser bem tratada. Além de ter igualdade de direitos com os homens. Os capítulos do alcorão são organizados de maneira diferente da bíblia. Ou seja, o alcorão não começa pela criação como em gênesis. Com isso, os capítulos são distribuídos por temas.
Outro fato interessante é que o livro nunca foi alterado, desde quando foi escrito. E apesar de em português as palavras parecerem repetitivas, no árabe elas soam como música. Por mais que haja esse fator de repetição, as palavras são sagradas. Por isso devem ser lidas em voz alta, para que envolva o ouvinte e que ele sinta a presença de Alá. Os muçulmanos contam que várias pessoas se converteram só por ouvir a palavra.
Apesar de tantas diferenças, há também semelhanças entre o cristianismo e o islã. Como, por exemplo, o nome do anjo que falou a Maomé é Gabriel. Igualmente o que avisou Maria de sua gravidez. Além disso, o alcorão também admite que Abraão, Moisés e Jesus. Só que com apenas um detalhe. Para eles Jesus é um grande profeta assim como Moisés, e não filho de Deus como no cristianismo.
Com isso, eles aceitam o Antigo e o Novo testamento como mensagens divina. Ou seja, assim como os cristãos que acreditam que o Evangelho veio acrescentar o Antigo testamento. Os muçulmanos acreditam que o alcorão é a palavra definitiva de Deus. Portanto, depois dele não haverá outras palavras. Por isso eles abusam de tantos detalhes na escrita.
O alcorão na política
Por terem uma religião frágil, que não os unia ou que desse sentido a vida das pessoas, o islã veio a calhar. Anteriormente, o povo cultuava vários deuses e ídolos, como a pedra preta. Atualmente, ela fica ao lado da Caaba, prédio sagrado em Meca, onde se realizam as orações.
Com isso, a lei do alcorão trouxe ao povo um tipo de ordem na bagunça. Assim, como dito no livro, os homens muçulmanos não matavam uns aos outros. Mas se tornavam-se irmãos. A partir disso, os soberanos não podiam revogar essas leis. Ao contrário, passaram a segui-las e não poderia contestar.
Por isso, os políticos, a maioria, necessariamente precisam seguir ao alcorão. Com isso, percebe-se o quão grande foi o papel de Maomé. Pois ele consegue interferir e mexer com a política. Ou seja, com todo um sistema antigo e enraizado.
A importância do alcorão para seus seguidores
Para os muçulmanos o livro é a palavra de Deus. Por isso ele funciona como o Torá para os Judeus ou o Novo testamento para os cristãos. Ou seja, ele é a base da vida religiosa.
A oração diária deles inclui a recitação de versículos e capítulos. Além disso, durante a educação dos jovens muçulmanos é exigido que saibam o alcorão de memória. Porque para os seguidores do islã a fonte principal do Direito do Islã, é o alcorão. Isso, junto com a sunna, que são comportamentos e práticas do profeta.
A interpretação do alcorão (tafsir) vem sendo investigada desde muito tempo. Ou seja, desde a época da codificação de texto até os dias de hoje. Foram inúmeros trabalhos analisando o tema. Inclusive dos três primeiros séculos do islamismo. Mas há um trabalho mais recente acerca do tafsir, feito por al-Tabari, falecido no ano de 923.
O trabalho dele analisa os vários versos do alcorão. Nesses estudos, ele reúne a opinião de diversos estudiosos que analisam o livro. Com relação à vocalização, gramática, lexicografia, interpretação ética, moral. E até mesmo o texto do livro com relação a vida de Maomé.
O tafsir, muitas vezes, reflete também as divergências e tendências do islamismo. Ou seja, a interpretação xiita se difere, radicalmente, da sunita, em alguns versos. Isso faz com que os grupos, como modernistas reformistas ou os fundamentalistas, interpretem o texto ao seu modo.
Inclusive, alguns afirmam que o alcorão não apoia as ideias da ciência moderna. Além disso, há quem diga que o livro até predisse essas ideias. E isso acontece pelo texto corânico que oferece interpretações tão divergentes.
Tradução do alcorão
Assunto bem polêmico. Já que alguns não vem com positividade a tradução para outros idiomas. No entanto apesar das controvérsias, o livro foi traduzido. Inclusive para uma grande variedade de idiomas.
A primeira tradução foi feita para o latim. Em 1143, Pedro, o venerável mandou o estudioso inglês Robert de Ketton traduzir o livro muçulmano. Outras versões traduzidas em língua vulgar foram feitas em catalão. E foram encomendadas por Pedro IV. Tem uma também trilíngue -latim, castelhano e árabe- de Juan de Segovia. Curiosamente, hoje ela está perdida.
21 fatos sobre o livro sagrado
1- O nome alcorão significa “recitação”. Além disso, ele está como um dos livros mais publicados e lidos do mundo.
2- As pessoas que seguem o islã acreditam que o livro transcreve a palavra literal de Alá.
Ou seja, acham que as palavras contidas no alcorão são de Deus.
3- As palavras recebidas, feitas por Maomé foram registradas em diversos lugares.
Como, por exemplo, em ossos de camelos, pergaminhos, tabletes de argila.
4- Após a morte de Maomé, o seu sucessor Abu Bakr, foi responsável por unir suas escritas.
5- No entanto, quem foi responsável por criar um comitê para copilar as coisas foi o califa Uthman.
6- O livro contém estrutura literal e acadêmica para me deixá-lo em forma de poesia.
7- A organização do alcorão é bem singular. Por isso os capítulos são arrumados de acordo com seu volume.
Dando preferência assim aos mais longos. Com exceção da introdução.
8- Apesar da ordem mantida anteriormente, o livro não tem organização.
Ou seja, ele não tem uma ordem cronológica. E nelas podem haver entre três a 200 versículos.
9- No alcorão existem palavras que não tem significado algum. Portanto são conhecidas como Muqatta’at.
Existem pesquisadores que buscam seus significados até hoje.
10- No livro sagrado dos muçulmanos, existem elementos similares ao Velhos testamento da bíblia.
Assim como existe semelhança com o Torah e com o Tanakh.
11- Jesus, no alcorão, é mais mencionado que o profeta Maomé.
12- Maria, mãe de Jesus, é mais mencionada no alcorão do que no Novo testamento inteiro.
13 – Para o alcorão Jesus não foi crucificado. mas sim levado, ainda com vida para Alá.
14 – O livro trata sobre ressurreição. no entanto vai contra com entendimento pré-islâmico sobre a morte.
15 – Embora traduzido, os muçulmanos são encorajados e ensinados a ler o livro sem voz alta. E o principal, em árabe.
16 – A maioria dos muçulmanos não concordam com a tradução do alcorão.
Porque assim evita que se perda ou faça interpretações erradas do texto sagrado.
17 – Isso acontece com razão, já que algumas palavras quando traduzidas do muçulmano tem significados diferentes.
Além disso, dependendo do contexto elas acabam mudando.
18 – Por isso, acontece de seguidores da religião que não são árabes confundirem.
Já que a língua torna-se difícil até para quem tem fluência.
19 – De acordo com o alcorão, Allah criou todos os homens e animais.
Inclusive, ele também passa mensagens através dos profetas com o objetivo de guiar a humanidade.
20 – O alcorão serve de base pro sistema legal, o Sharia.
21 – Para o alcorão Allah não tem filhos. Por isso consideram Jesus como profeta e mensageiro de Deus.
Caso tenha gostado dessa reportagem, confira também sobre a Burca, serie fotográfica mostra mulheres islamitas que convivem com ela
Fonte: Superinteressante – Abril.com, Megacurioso, História do Mundo
Fonte de imagem de destaque: Islam em português
3 comentários em “Alcorão – História, significado, diferenças entre a Bíblia e curiosidades”