A tecnologia transgênica, também conhecida como transgenia, é uma ferramenta que possibilita a modificação genética em animais e plantas. Ou seja, é introduzido no animal ou na planta um material genético ou genes com outra origem de DNA. Como resultado, são criados plantas e animais transgênicos ou geneticamente modificados. Ademais, essa técnica tem como objetivo trazer benefícios para as áreas da agricultura, pecuária, genética, medicina, na fabricação de bioprodutos pela indústria farmacêutica e muitos outros campos de pesquisa.
Um dos focos da aplicação dessa técnica são os animais transgênicos ou geneticamente modificados. No entanto, não é algo novo, pelo contrário, vem sendo aplicada desde a década de 80. Quando os camundongos foram os primeiros mamíferos onde a transgenia foi realizada com sucesso. Logo, em 1985, animais de produção como os suínos, coelhos e ovinos foram os primeiros a serem geneticamente modificados. Então, com o sucesso da técnica de transgenia, diversos outras espécies de animais também foram usadas, por exemplo, peixes, caprinos, bovinos e aves.
Recentemente a companhia Oxitec, de Abingdon na Inglaterra recebeu aprovação das autoridades brasileiras para comercializar no país um dos animais transgênicos. Mais precisamente, uma mosca transgênica, cujo objetivo é o combate ao mosquito transmissor da dengue.
Dessa forma, o Brasil é o primeiro país do mundo a autorizar a liberação de um animal geneticamente modificado na natureza para esses fins. No entanto, especialistas demonstraram preocupação com essa autorização.
O que são animais transgênicos?
Animais transgênicos ou geneticamente modificados são aqueles cujo material genético foi alterado ou houve a adição de genes ou DNA de outros animais. Ademais, o objetivo dessas modificações genéticas é dar ao animal uma nova característica. E essas alterações são feitas com recursos da biotecnologia ou da biologia molecular.
No entanto, existe um empasse com relação a esse assunto, onde os defensores da engenharia genética a promovem como uma solução para diversos problemas. Por exemplo, a fome, crimes, mudanças climáticas e na cura de doenças como o câncer. Em contra partida, há aqueles que se preocupa com o impacto ambiental que esses animais transgênicos possam ter. Por exemplo, na agricultura, na saúde, nos alimentos e na sociedade.
Vantagens do uso de animais transgênicos
De acordo com especialistas defensores da transgenia, os animais transgênicos serão uma opção vantajosa no campo agropecuário, pois auxiliará no aumento da produção animal em um prazo mais curto. Alguns exemplos das vantagens dessa técnica é que em 1990 foram produzidos suínos resistentes ao vírus da influenza. Já em 1999, camundongos transgênicos foram usados para a produção da proteína alfa-lactalbumina, resultando no aumento significativo da produção de leite.
Atualmente, existem animais transgênicos que produzem leite com enzimas (lactoferrina, lisozima humana e lisostafina). Cujo objetivo é proteger de infecções bacterianas os consumidores de leite e a glândula mamária dos animais que o produzem.
Outra vantagem da transgenia é a possibilidade de produzir animais com musculatura dupla, cuja característica é comum apenas nas raças bovinas Belgian blue e Piemontês. Da mesma forma, ovinos e bovinos geneticamente modificados fora criados para serem resistentes à encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como a doença da Vaca Louca. No entanto, ainda não houve comprovação quanto a real resistência a doença.
A criação dos animais transgênicos também oferece vantagens no campo da medicina, para a produção de proteínas terapêuticas, remédios e fármacos. Sendo que o primeiro fármaco produzido foi extraído do leite de biorreatores, o ATryn foi lançado pela empresa norte-americana GTG Biotherapeutics. Ademais, o ATryn é um agente anticoagulante purificado do leite de cabras biorreatoras, cuja finalidade é ajudar pessoas com deficiência anti-trombina hereditária.
Eficiência na produção de animais transgênicos
Entretanto, as aplicações da transgenia em modelos animais apresenta baixa eficiência, assim como a produção e animais transgênicos vivos. Cuja taxa fica entre 0 a 2% de animais vivos com as modificações esperadas. Por isso, procuram uma alternativa na transferência nuclear ou clonagem, que apresenta ser uma forma mais eficaz na produção de animais transgênicos.
Pois a grande vantagem é a possibilidade de manipulação e estudo da célula a ser clonada antes da produção do animal transgênico. Consequentemente, evitando o aparecimento de anomalias e problemas gestacionais, aumentando a taxa de sobrevivência de embriões, fetos e animais nascidos.
Animais transgênicos produzidos no mundo
1- Frango
Pesquisadores da Grã Bretanha desenvolveram um tipo de frango transgênico que não transmite o vírus da gripe aviária, ou seja, mesmo que ele tenha o vírus ele não transmite a nenhuma outra ave. O objetivo é evitar que a doença se espalhe entre as aves e se torne alguma epidemia de gripe. No entanto, os cientistas ressaltam que criaram o frango apenas para estudos e não para consumo humano.
E o estudo serviu para confirmar que alterações genéticas funcionam e não alterou em nada o desenvolvimento ou a saúde do frango. Porém, houve questionamento por parte de outros cientistas sobre a eficácia em impedir a transmissão do vírus. Inclusive, se não poderia continuar se disseminando sem que percebessem, o que poderia resultar na mutação do vírus.
2- Mosquito da dengue
Estudos foram realizados na Bahia com um tipo de mosquito transgênico que contém os genes do Aedes Aegypti (transmissor da dengue). Cujo objetivo era eliminar o mosquito da dengue, pois o mosquito macho transgênico cruza com a fêmea do Aedes Aegypti, resultando em filhotes que não sobrevivem. O que impede a proliferação do mosquito transmissor.
Ademais, não há risco dos mosquitos geneticamente modificados picarem humanos. Pois os machos se alimentam apenas de néctar de flores, apenas as fêmeas transmitem o vírus.
Como o Brasil foi o primeiro país a autorizar o uso de animais transgênicos, há questionamentos quanto a eficácia em eliminar o avanço da dengue. Principalmente, porque quando uma espécie de mosquito desaparece, outra tende a proliferar em seu lugar, o que pode causar o aumento de casos de outras doenças como a febre amarela.
3- Camundongo
Os animais transgênicos são cada vez mais usados em laboratórios, por exemplo, camundongos mutantes foram os mais usados, seguido por ratos e peixes. No entanto, também houve aumento no número de procedimentos que envolvem mutações genéticas prejudiciais aos animais. Consequentemente, ativistas do mundo todo lutam para combater essa crueldade aos animais.
4- Mosca da fruta
De acordo com cientistas britânicos, a criação de uma mosca de fruta transgênica programada para se autodestruir poderia ser um método eficiente para o controle de pragas nas lavouras. Ou seja, o inseto geneticamente modificado seria macho e ao se reproduzir gera apenas filhotes machos. Enquanto que as fêmeas possuem um gene que as leva a morrer antes de se tornarem adultas, então, após um tempo toda espécie desapareceria. Mas, ainda não houve aprovação para ser usado em campo, e o resultado é difícil de prever.
5- Salmão
Uma empresa americana desenvolveu o primeiro peixe transgênico para consumo humano, o salmão do Atlântico contém genes extras da espécie Chinook, do Pacífico, e de enguia. Como resultado, ele cresce mais rápido do que o animal não transgênico. No entanto, há preocupações com relação à criação desses animais transgênicos.
Por exemplo, que ele escape dos tanques de cultivo e acabe na natureza, destruindo as espécies selvagens de salmão ou que seja seguro para consumo. Ademais, as agências reguladoras de alimentos relutaram em autorizar o uso do salmão para consumo, mas em 2015 os Estados Unidos autorizaram a produção, sendo o primeiro animal transgênico criado para consumo.
Em suma, a transgenia oferece novas possibilidades e a promessa de benefícios para o ser humano através da produção de animais transgênicos. Por isso, a aceitação pública pode não demorar acontecer, desde que seja comprovado que o impacto causado seja benéfico e viável para todas as pessoas.
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Fontes: Beef Point, BBC
Imagens: Perito Animal, Food Connection, Blueberries Consulting, Epoch Times, Korin, Globo