Gilles de Rais: biografia do primeiro serial killer da história

Cavaleiro, nobre e companheiro de armas de Joana d’Arc, Gilles de Rais também foi um dos primeiros serial killers da história

Gilles de Rais é um dos personagens mais controversos da história da França. Cavaleiro, nobre e companheiro de armas de Joana d’Arc, ele também foi um dos primeiros serial killers da história, confessando ter assassinado mais de cem crianças.

Neste artigo, vamos explorar a biografia de Gilles de Rais, comentando um pouco sobre sua vida, sua carreira no exército, a sua trajetória criminosa, além de detalhes de seu julgamento e execução. Ao longo do texto, veremos como um homem que começou sua vida como um herói nacional se transformou em um monstro.

Quem foi Gilles de Rais?

Gilles de Rais nasceu em 1404, na França. Ele era filho de uma família nobre e recebeu uma educação esmerada. Era um homem inteligente e culto, e falava latim fluentemente.

Em 1415, uma tragédia abalou a vida de Gilles de Rais quando seus pais faleceram. Seu pai perdeu a vida em um acidente de caça, deixando-o e seu irmão sob os cuidados do avô materno, Jean de Craon.

O avô, Jean de Craon, era conhecido por sua perspicácia e não demorou a traçar um plano ambicioso para o futuro de Gilles. Sua primeira tentativa foi casá-lo com Jeanne Paynel, uma garotinha de apenas quatro anos. Coincidentemente, a mãe de Jeanne era uma das mulheres mais ricas da França. No entanto, essa ideia não obteve sucesso, na verdade, foi um completo fracasso. Mas Jean de Craon não era do tipo que se deixava abater facilmente; ele persistiu em seu intento, agora mirando a sobrinha do Duque da Bretanha como noiva para seu neto. Mais uma vez, a tentativa falhou.

Demonstrando sua habilidade como ardiloso planejador, Jean de Craon fez uma terceira e decisiva tentativa. Em 30 de novembro de 1420, Gilles de Rais finalmente se casou com Catherine de Thouars, uma nobre da Bretanha que, “por coincidência”, era a herdeira de Poitou, uma antiga Província da França.

Carreira militar e Guerra dos Cem Anos

De acordo com a história, aos 17 anos, Gilles já era um comandante militar. Ele lutou contra os ingleses em várias batalhas e destacou-se pela sua bravura e liderança.

Em 1429, Gilles de Rais conheceu Joana d’Arc, uma jovem camponesa que acreditava ser enviada por Deus para salvar a França. Gilles de Rais foi um dos mais brilhantes comandantes militares da França na Guerra dos Cem Anos. Lutou ao lado de d’Arc e foi um dos principais responsáveis pela libertação de Orleans dos ingleses. Sua bravura e liderança em batalha lhe renderam reconhecimento mundial.

Após a vitória em Orleans, Gilles continuou a lutar contra os ingleses e foi um dos principais responsáveis pela reconquista de vários territórios franceses.

O que foi a Guerra dos Cem Anos e qual a sua importância histórica?

A Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos travados entre os reinos da Inglaterra e da França durante o final da Idade Média. Originou-se de reivindicações inglesas ao trono francês entre a Casa Real Inglesa de Plantageneta e a Casa Real Francesa de Valois.

A guerra começou em 1337, quando Eduardo III da Inglaterra, neto de Filipe, o Belo, rei da França, reivindicou o trono francês. Os ingleses conquistaram inicialmente grande parte do norte e do oeste da França, mas a guerra tomou um rumo favorável aos franceses a partir da década de 1420, com a liderança de Joana d’Arc.

A guerra terminou em 1453, com a derrota inglesa na Batalha de Castillon. A França recuperou seus territórios perdidos e a dinastia Valois foi consolidada.

A Guerra dos Cem Anos teve uma grande importância histórica, pois marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. A guerra também teve um impacto significativo na história da Inglaterra e da França, pois ajudou a moldar as identidades nacionais desses países.

Como se tornou o primeiro Serial Killer da história?

Após a guerra, com traumas vividos durante as batalhas, como a morte de D’Arc, e um sádico desejo por sangue, Gilles de Rais se retirou para suas propriedades em Bretanha. Lá, ele começou a se envolver em atividades obscuras, como magia oculta e sodomia.

Em 1432, Gilles começou a assassinar crianças. Ele atraia os meninos e meninas para seus castelos, onde os torturava e matava. De acordo com registros históricos, as crianças, ao irem para o local, eram alimentadas e, posteriormente, tinham seus corpos esquartejados e devorados por Gilles de Rais, com uma brutalidade assustadora.

Esse comportamento fez com que ele se tornasse o primeiro serial killer da história.

Como foi o julgamento e execução de Gilles de Rais?

O serial killer foi acusado de uma série de crimes, incluindo o assassinato de dezenas de crianças. Gilles de Rais admitiu muitos dos crimes durante o julgamento, embora tenha alegado que suas ações foram motivadas por rituais ocultos e ambições sobrenaturais.

Ele foi considerado culpado de seus crimes, e o veredito do tribunal foi severo. Ele foi condenado à morte, sendo sentenciado a ser enforcado e depois queimado.

É importante notar que as alegações de envolvimento de Gilles de Rais em práticas ocultas e rituais macabros desempenharam um papel significativo em seu julgamento e na forma como ele foi condenado. Esses eventos sombrios da história de Gilles de Rais contribuíram para sua reputação de vilão na França medieval e inspiraram muitas histórias e lendas ao longo dos séculos.

Controvérsias

Apesar das conhecidas monstruosidades dos atos de Gilles de Rais, existem pessoas que duvidam da veracidade dos crimes que foram confessados e dizem que o, antes herói nacional, foi vítima de uma “conspiração” entre as autoridades na época.

A maioria dos historiadores concorda que é muito mais provável que o homem fosse, de fato, um criminoso. No entanto, a controvérsia persiste, lançando sombras sobre a história do infame Gilles de Rais.

Para o ex-ministro da Justiça francês, Michael Crepeau, a verdadeira motivação do julgamento de Gilles era política, seguindo uma situação semelhante à ocorrida com Joana d’Arc.

Alguns ressaltam que as confissões dos empregados de Gilles foram obtidas sob tortura, enquanto a própria confissão do suposto assassino foi obtida mediante ameaças. Em um esforço para lançar luz sobre o enigma, em 1992, um tribunal não oficial foi criado. Este tribunal se reuniu no salão dourado do palácio de Luxemburgo, em Paris, com o objetivo de reavaliar o caso.

Apesar de a condenação ter sido baseada em muitas declarações de testemunhas, há céticos que questionam o julgamento e veem o homem como uma vítima injustiçada da Inquisição. Entre eles estão os biógrafos Fernand Fleuret e Jean-Pierre Bayard, além do escritor Salomon Reinach da década de 1920, e outros. A narrativa em torno de Gilles de Rais continua a intrigar e fascinar, à medida que o enigma de sua vida e morte persiste.

Fontes: Brasil Escola, Superinteressante, Canal Ciências Criminais, Mega Curioso, Aventuras na História

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