O túmulo da Menina Sem Nome é um dos mais populares do Brasil, especificamente da cidade de Recife, Pernambuco. Ainda que o Cemitério de Santo Amaro guarde outros túmulos famosos, como do músico Chico Science, nenhum recebe mais visitas e atenção do que o da garota misteriosa.
Ela foi vítima de um crime em 1970, época em que gerou muita comoção na região. A partir daí, então, a emoção ganhou cada vez mais força no imaginário popular, fazendo com que o túmulo seja um ponto de visita frequente para quem passa por ali.
Especialmente durante celebrações de Dia de Finados, vários visitantes passam no túmulo da Menina para fazer pedidos ou agradecer graças alcançadas ao longo do ano anterior.
Menina Sem Nome
A Menina Sem Nome foi encontrada morta na manhã do dia 23 de junho de 1970, na Praia do Pina, Zona Sul do Recife. Na ocasião, a garota tinha uma corda amarrando suas mãos e uma outra ao redor do pescoço, além de estar sem roupas.
De acordo com o laudo do IML, as marcas no pescoço e na face da menina, bem como a expressão de desolação no rosto, indicavam o sofrimento no momento da morte.
Aparentando ter 8 anos de idade, à época, a garota teria sido vítima de um ataque violento e deixada na areia da praia. Além disso, a possibilidade de afogamento também fazia parte das investigações.
A partir do laudo da necropsia, então, foi possível chegar a algumas respostas sobre o caso. A Menina Sem Nome fora morta por asfixia por sufocação. O texto, assinado pelo perito Nivaldo Ribeiro, dizia que “a asfixia foi produzida por meio misto, constrição incompleta do laço no pescoço e aspiração de grãos de areia”.
Sendo assim, a morte teria ocorrido a partir do sufocamento com o rosto afundado na areia da praia.
Investigação
O laudo também apontava que a morte ocorrera na noite anterior, por volta de 20 e 21 horas. Além disso, não havia lesões indicando tentativa de defesa, o que significa que a amarração ocorrera antes do crime.
Além disso, a possibilidade de abuso sexual foi descartada, já que a Menina Sem Nome estava com o hímen intacto e também sem lacerações na região anal.
O primeiro suspeito preso pelo caso foi o vendedor Arlindo José da Silva, que encontrou o corpo da garota. A prisão teve base numa investigação em sua casa dois dias após o crime, que encontrou uma calça suja de sangue. O depoimento de um garoto de 11 anos, Osvaldo Ulisses do Nascimento, que trabalhava com o homem, também ajudou a incriminá-lo.
De acordo com os relatos de Osvaldo, o homem fora visto com cordas no dia anterior ao crime e dizia que estava procurando uma mulher para passar a noite.
Desfecho do caso
Apesar da prisão de Arlindo, ele foi solto em menos de uma semana após o crime. Isso porque a polícia chegou ao mecânico Geraldo Magno de Oliveira, que confessou o crime. Aos 22 anos de idade, o homem contou que sempre via a menina passeando pela região e chegou a lhe oferecer 5 cruzeiros em troca de uma noite juntos.
A Menina Sem Nome, no entanto, acabou chamando o homem de vigarista e velhaco por não ter recebido o dinheiro combinado. O mecânico, então, cometeu o crime, mas se dizia completamente arrependido. Segundo ele, era melhor morrer do que ficar eternamente conhecido como o assassino de uma criança.
Quando participou da primeira audiência sobre o caso, Magno deu depoimentos contraditórios e negou a autoria do crime. Além disso, acrescentou tortura e coerção por policiais, na ocasião da confissão.
Apesar disso, antes mesmo da sentença da Justiça ser oficializada, o homem foi morto na prisão, na Ilha de Itamaracá, Região Metropolitana do Recife.
Segundo o então juiz Nildo Nery dos Santos, responsável pelo julgamento, não havia dúvidas de que o homem era o verdadeiro assassino da Menina Sem Nome. “Lembro como se fosse hoje do dia em que ele confessou, com detalhes, o crime. Pela riqueza de informações, tudo remetia a ele”, explicou,
Fama da Menina Sem Nome no país
Ainda que nunca tenha tido sua identidade divulgada, a história da Menina Sem Nome passou a ganhar traços de mito logo após o seu sepultamento. Rapidamente, pessoas começaram a visitar o local e atribuir graças alcançadas à ela.
Entre as principais conquistas, estavam (e ainda estão) cura de doenças e conquistas materiais.
Anualmente, no Dia de Finados, é comum encontrar doces, brinquedos, flores, perfumes, velas e mensagens de agradecimento na sepultura da garota. Por mais que tenha morrido sem identidade, vítima de um crime cruel, a Menina Sem Nome continua lembrada e reconhecida no Recife e no Brasil.
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