Minerva, quem é? História da deusa romana da sabedoria

Minerva na mitologia romana era a deusa das artes, do comércio e da sabedoria, equivalente a Atena, a divindade da guerra, na mitologia grega.

Minerva: conheça a história da deusa romana da sabedoria

Assim como os gregos, os romanos criaram sua própria mitologia com histórias e características particulares às divindades locais. E apesar dos deuses serem idênticos ao panteão grego, a forma como eles eram vistos em Roma, algumas vezes era diferente do que representavam na Grécia. Como por exemplo, Atena, a deusa grega da sabedoria e da guerra, recebeu o nome de Minerva, uma deusa etrusca.

Todavia, Minerva para os romanos, tinha menos ênfase como deusa da guerra e ganhou mais status enquanto deusa da sabedoria, do comércio e das artes.

Além disso, com a ascensão do Império Romano, Minerva tornou-se ainda mais distinta da sua versão grega. Ou seja, ela ganhou novas histórias, papéis e influências que criaram uma mitologia e uma identidade únicas para a divindade romana.

Como Minerva nasceu?

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Em suma, as origens grega e romana acerca do nascimento de Atena ou Minerva eram praticamente as mesmas. Dessa forma, sua mãe era uma titã (gigante que tentou escalar o céu para destronar Júpiter) chamada Metis e seu pai era Júpiter em Roma, ou Zeus na Grécia. Portanto, assim como na mitologia grega, os romanos mantiveram a tradição de Minerva nascer da cabeça de seu pai, porém alterando alguns fatos.

Os gregos afirmavam que Metis foi a primeira esposa de Zeus. Nesse sentido, uma antiga profecia afirmava que ela teria dois filhos e o filho mais novo, um dia derrubaria seu pai, assim como o próprio Zeus usurpou o trono de seu pai. Para evitar que a profecia se cumprisse, Zeus transformou Metis em uma mosca e a engoliu. No entanto, ele não sabia que ela já estava grávida de sua filha, então Atenas nasceu de sua cabeça alguns meses depois.

Por outro lado, na mitologia romana, Metis e Júpiter não eram casados. Em vez disso, ele estava tentando forçá-la a se tornar uma de suas amantes. Enquanto lutava com Metis, Júpiter se lembrou da profecia e se arrependeu do que havia feito. Na versão romana, a profecia não especificava que Metis daria à luz a uma filha primeiro, então Júpiter se preocupou que ela já tivesse concebido o filho que o destronaria.

Então Júpiter enganou Metis para se transformar em uma mosca para que ele pudesse engoli-la. Meses depois, Júpiter teve seu crânio aberto por Vulcano, assim como Zeus fez por Hefesto, para libertá-la. Metis já era considerada a Titã da sabedoria, uma característica que ela transmitiu para sua filha. Dentro da cabeça de Júpiter, ela se tornou a fonte de seu próprio intelecto.

Minerva e a Guerra de Troia

Minerva: conheça a história da deusa romana da sabedoria
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Do mesmo modo que os gregos, os romanos acreditavam que Minerva tinha sido uma das primeiras deusas trazidas do panteão par seu território. Além disso, diz-se que o Templo de Atena em Troia foi o local de uma estátua de Minerva conhecida como Palladium ou paládio. Acredita-se que esta escultura simples de madeira tenha sido criada pela própria Atena em luto por uma querida amiga. Todavia, os escritores gregos mencionaram o Paládio como o protetor de Tróia já no século 6 a.C. Segundo a lenda, a cidade nunca cairia enquanto o paládio permanecesse no templo, e isso desempenhou um papel importante em alguns relatos acerca da Guerra de Troia.

Para esclarecer, os gregos descobriram que a cidade era protegida pelo paládio, então planejaram roubá-lo para obter uma vitória decisiva. Foi então, que Diomedes e Odisseu entraram sorrateiramente na cidade à noite, disfarçados de mendigos, e enganaram Helen para que lhes contasse onde a estátua estava. A partir daí, a história da estátua dedicada a Minerva se torna menos clara. Atenas, Argos e Esparta alegaram ter recebido a famosa estátua, mas Roma fez sua reivindicação parte de sua religião oficial.

Segundo relatos romanos, a estátua levada por Diomedes era uma cópia. Desse modo, a estátua considerada o paládio original, foi mantido no Templo de Vesta no Fórum Romano. Foi um dos sete símbolos sagrados, que se acredita garantir a continuação do poder imperial. Cem anos depois, no entanto, a estátua novamente havia desaparecido. Corria o boato de que o imperador Constantino havia mudado a estátua para sua nova capital no Oriente e enterrada sob o Fórum de Constantinopla. O fato é que a estátua de Minerva já não protegia Roma, e assim, a cidade foi saqueada por vândalos e Constantinopla se considerou a verdadeira sede do poder imperial.

Domínios atribuídos a Minerva

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Minerva também foi descrita como a “deusa de mil obras” por causa dos muitos papéis que ela desempenhou na religião romana. Minerva era uma das três divindades, com Júpiter e Juno, que eram adoradas como parte da Tríade Capitalina. Isso deu a ela um lugar de destaque na religião oficial de Roma e um vínculo particularmente estreito com o poder de seus governantes. Há evidências, no entanto, de que Minerva também desempenhou um papel no cotidiano de muitos romanos. Por ser padroeira da sabedoria de intelectuais, soldados, artesãos e comerciantes, muitos cidadãos romanos tinham um motivo para adorar Minerva em seus santuários particulares, bem como nos templos públicos. Desse modo, os romanos acreditavam que Minerva era deusa e protetora de:

  • Trabalhos manuais (artesãos)
  • Artes visuais (costura, pintura, escultura, etc.)
  • Medicina (poder de cura)
  • Comércio (matemática e habilidade em fazer negócios)
  • Sabedoria (habilidades e talentos)
  • Estratégia (especialmente do tipo marcial)
  • Azeitonas (o cultivo de azeitonas representando seu aspecto agrícola)

Festival Quinquatria

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O festival de Minerva acontecia anualmente em 19 de março e era um dos maiores feriados de Roma. Conhecida como Quinquatria, a festividade durava cinco dias, com programação que incluía jogos e apresentações em homenagem à deusa. O dia 19 de março teria sido escolhido por ser o dia do nascimento de Minerva. Como tal, era proibido derramar sangue naquele dia.

Os jogos e competições frequentemente marcados por violência foram, portanto, substituídos no primeiro dia da Quinquadria por competições de poesia e música. Além disso, o imperador Domiciano nomeou um colégio de padres para assumir os eventos tradicionais de poesia e orações, bem como para encenar peças na abertura do festival. Embora o dia 19 de março tenha sido um dia pacífico, os quatro dias seguintes eram dedicados a deusa Minerva com jogos de guerra. Portanto, as competições marciais eram realizadas diante de enormes multidões e foram definidas pelo imperador Júlio César que incluiu o combate de gladiadores para entreter o povo de Roma.

Divindade feminina

Por outro lado, o festival da deusa da sabedoria também era um feriado para artesãos e comerciantes que fechavam suas lojas durante o dia para participar das festividades. Ademais, a Quinquatria coincidiu com o Equinócio da Primavera, levando historiadores a acreditar que ele pode ter se originado com a adoração de Minerva como uma deusa da feminilidade e da fertilidade. Inclusive, algumas fontes, relataram que a festa de Minerva ainda era um dia de particular importância para as mulheres romanas. Aliás, muitas até visitavam cartomantes para obter previsões relacionadas a maternidade e ao matrimônio. Por fim, a deusa romana era associada aos pássaros, principalmente à coruja, que ficou famosa como o símbolo da cidade, e à cobra.

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Fontes: ESDC, Cultura Mix, Site Mitologia e Artes, Sua Pesquisa, USP

Fotos: Pixabay

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