O mundo falhou nos últimos 25 anos em reconhecer a Transnístria como um país, portanto, os líderes mundiais agem como se ela não existisse. Em suma, a Transnístria ou também conhecida como República da Moldávia Pridnestroviana é um “país” localizado entre a Moldávia e a Ucrânia.
Durante a era da União Soviética, a Transnístria de hoje era apenas mais um pedaço de terra comunista que era considerado parte da Moldávia. Contudo, a própria Moldávia era bastante incompleta, pois durante a era da União Soviética sua propriedade passou para diferentes países, como Hungria, Romênia, Alemanha e obviamente a União Soviética.
Em 1989, quando a União Soviética começou a desmoronar e com ela o comunismo na Europa Oriental, o país ficou sem governo; e a Ucrânia estava travando uma guerra política com a Moldávia pela propriedade da terra.
Desse modo, as pessoas naquele pedaço de terra não queriam fazer parte da Ucrânia ou da Moldávia, queriam fazer parte de seu próprio país, por isso, em 1990, eles criaram a Transnístria. Vamos saber mais sobre esse curioso país não-oficial a seguir.
Qual a origem do país que não existe oficialmente?
A dissolução da União Soviética gerou mais de uma dúzia de novos países, alguns mais prontos para a independência do que outros.
Uma delas foi a Moldávia, uma república de língua predominantemente romena que fica entre a Romênia e a Ucrânia. O novo governo da Moldávia agiu rapidamente para estreitar os laços com a Romênia e declarou o romeno sua língua oficial.
Mas isso não caiu bem com a minoria de língua russa da Moldávia, muitos dos quais vivem em uma estreita faixa de terra no lado leste do rio Dnistr. Após meses de tensões crescentes, uma guerra civil estourou em março de 1992.
Cerca de 700 pessoas foram mortas antes de uma intervenção militar russa em julho daquele ano estabelecer um cessar-fogo, uma força de paz russa e a independência de fato da Transnístria.
Desde então, a Transnístria está presa em um chamado conflito congelado, um dos vários ao redor da antiga União Soviética. Ninguém está atirando um no outro, mas também não estão abaixando suas armas. Cerca de 1.200 soldados russos ainda estão estacionados no território.
Um dos curiosos efeitos colaterais desse conflito congelado é que ele preservou muitos aspectos da União Soviética. A bandeira da Transnístria ainda exibe o martelo e a foice, as estátuas de Lênin ainda brilham sobre as praças da cidade e as ruas ainda têm o nome dos heróis da Revolução de Outubro.
Quem governa a Transnístria?
Apesar do pequeno tamanho do território em pouco mais de 4.000 km², a Transnístria tem uma república presidencial independente; juntamente com seu próprio governo, parlamento, militares, polícia, sistema postal e moeda. No entanto, seus passaportes e moeda não são aceitos internacionalmente.
O local também tem sua própria constituição, bandeira, hino nacional e brasão de armas. Aliás, sua bandeira é a única bandeira na Terra a estampar o martelo e a foice, o símbolo supremo do comunismo.
Mesmo estados que mantiveram uma estrutura comunista, como China e Coreia do Norte, não têm o símbolo em suas bandeiras. Isso ocorre porque a Transnístria está intimamente ligada ao comunismo e à URSS, e sem a URSS ela nunca teria nascido.
O país que não existe oficialmente, não é realmente democrático, não é capitalista e não é comunista. A melhor maneira de descrevê-lo é na verdade uma mistura dos três que fazem seu sistema político funcionar muito bem com base na evolução econômica dos últimos 5 anos.
Portanto, a forma como o governo funciona é através de uma legislatura unicameral que consiste em uma única câmara de casas, algo muito comum na política americana.
Qual a relação entre Rússia e Transnístria?
A Rússia continua sendo o patrono financeiro e político da Transnístria, e a maioria da população considera a Rússia o principal garantidor da vida pacífica na região.
Aliás, muitas pessoas trabalham na Rússia e podem enviar dinheiro de volta para suas famílias. No entanto, seria errado dizer que também não são influenciados por outros países vizinhos.
De uma janela, no sétimo andar de um prédio no centro de Tiraspol, capital da Transnístria, é possível ver a Ucrânia e, na outra direção, a Moldávia – o país do qual ainda é tecnicamente considerado parte, embora a Transnístria tenha votado para entrar na Rússia em 2006.
Hoje, o território é um verdadeiro caldeirão de influências moldavas, ucranianas e russas – um verdadeiro conglomerado de culturas.
Atual situação do território
A contínua presença militar da Rússia na região foi saudada pelas autoridades da Transnístria como necessária, mas foi criticada pela Moldávia e seus aliados como um ato de ocupação estrangeira. Sem surpresa, a Transnístria também foi arrastada para a atual crise russo-ucraniana.
Em 14 de janeiro de 2022, a inteligência ucraniana afirmou ter encontrado evidências de que o governo russo estava planejando “provocações” de bandeira falsa contra os soldados russos residentes na Transnístria na esperança de justificar uma invasão da Ucrânia. Claro, o governo russo negou todas as alegações disso.
Por fim, a Transnístria além de ser um país que não existe oficialmente, é uma terra estranha, com um passado e um presente complicados. Em suma é um monumento que remete aos dias da hegemonia soviética.
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