São conhecidas 62 espécies de serpentes peçonhentas no Brasil, sendo as corais, cascavéis, jararacas e sururucus as mais venenosas do país. Em suma, elas possuem em comum a fosseta loreal, orifício localizado entre a narina e o olho, em cada lado da cabeça. Este órgão é característico de serpentes venenosas, embora não esteja presente nas corais verdadeiras.
Vamos saber mais sobre cada uma dessas serpentes e suas principais características.
Essas são as cobras mais venenosas do Brasil
1. Cobra-coral
A cobra-coral tem o veneno mais forte não só do Brasil, mas de todo o planeta. Elas podem ser encontradas em partes da África, Ásia e Oceania, além do Brasil, é claro.
Estes animais têm hábitos subterrâneos ou semi-subterrâneos. Sua alimentação consta de pequenas serpentes ou répteis serpentiformes. São ovíparas, pondo de 2 a 10 ovos em buracos no chão, formigueiros ou troncos de árvores.
As corais verdadeiras possuem dentição proteróglifa e região dorsal da cabeça coberta por placas ou escudos. Além disso, possui olhos pequenos e pretos, a ausência da fosseta loreal e escamas do corpo lisas e brilhantes.
Por aqui, existem 39 espécies e e subespécies, sendo 36 do gênero Micrurus e 3 do gênero Leptomicrurus. O veneno tem uma ação que provoca sintomas como visão borrada e dupla, face alterada, aumento de salivação e dores musculares.
Além disso, alguns casos podem provocar insuficiência respiratória e levar à morte. A principal ocorrência da cobra coral é nos estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste Sul, mas também existem exemplares em partes da Bahia e Tocantins.
2. Surucucu-pico-de-jaca
A surucucu pico-de-jaca (Lachesis muta) é a maior serpente peçonhenta da América Latina, chegando a alcançar 4 metros de comprimento total. No Brasil, ocorre na região Amazônica e em áreas de Mata Atlântica.
Esta serpente apresenta como características a fosseta loreal e a ponta da cauda com escamas em forma de “espinhos”. Os hábitos são preferencialmente noturnos. São animais ovíparos, pondo cerca de 15 ovos por vez.
Além disso, ela possui um bote muito potente em força, distância e altura. O veneno é capaz de gerar hemorragias locais que podem se espalhar pelo corpo, a menos que o soro antiofídico seja aplicado de forma imediata.
3. Cascavel
A cascavel vive em áreas abertas, campos, regiões secas e pedregosas. É conhecida também como maracambóia, maracabóia, boicininga e cascavelha.
Seu nome científico é Crotalus durissus. Os indivíduos adultos atingem o comprimento de 1,6 metro. Além disso, são animais vivíparos.
Por fim, uma das características mais marcantes é a presença do chocalho na ponta da cauda.
O veneno neurótico das cascaveis afeta o sistema nervosa da vítima e provoca dificuldades de respiração e locomoção. Com efeito, outros sintomas podem incluir visão turva, flacidez no rosto, paralisia de músculos dos olhos e e visão dupla.
Em média, os primeiros sinais na vítima só aparecem em cerca de seis horas após a picada. Apesar da aparente demora, é a cobra com segundo veneno mais forte do Brasil.
4. Jararaca-de-alcatrazes
As cobras mais venenosas do Brasil incluem algumas variações da jararaca, sendo a jararaca-de-alcatrazes a mais peçonhenta do grupo.
Aliás, as serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, jararaca do rabo branco, urutu cruzeiro e outras) são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos ocorridos no país.
A jararaca-de-alcatrazes vive apenas na ilha dos Alcatrazes, situada a 30 km da costa, mas no litoral norte de São Paulo. Provavelmente sua origem é semelhante à da jararaca-ilhoa, mas sua dieta (em Alcatrazes também não há mamíferos terrestres); não se voltou para as aves.
Ou seja, ela adaptou-se ao consumo de lacraias e lagartos, como os filhotes da jararaca do continente. Essa adaptação incluiu a redução do tamanho dessa serpente e mudanças em seu veneno.
Portanto, a jararaca-de-alcatrazes pode ser considerada uma jararaca-anã, na qual algumas características juvenis foram retidas nos adultos. Como a jararaca-ilhoa, a de Alcatrazes também sofre risco de extinção, em especial por ocorrer em apenas uma ilha e em baixa densidade.
5. Jararaca-ilhoa
A Jararaca Ilhoa é a segunda serpente mais peçonhenta do Brasil ( como você viu anteriormente, a primeira é a Coral). Ela é da espécie Bothro-poides e da Família Viperidae. Além disso, pode ter até 1m de comprimento.
É uma serpente peçonhenta, e seu veneno é necrosante, hemorrágico ou coagulante. Possui dentição solenoglifa e se alimenta de aves e anfibios.
Com hábitos diurno e noturno, a Jararaca Ilhoa vive na ilha da Queimada Grande, que é uma área isolada a 35km da costa do Estado de São Paulo. Portanto, no Brasil, ela habita exclusivamente esta ilha.
O veneno da espécie arborícola de jararacas é muito perigoso, pois é capaz de gerar falência geral dos órgãos na vítima em até duas horas após a picada.
Por causa disso, a espécie consegue se alimentar de aves, já que elas morrem após um tempo relativamente curto e não conseguem escapar para regiões muito distantes.
6. Jararaca-cruzeira
A Jararaca-Cruzeira possui o corpo recoberto por escamas; presença de língua bífida e de mandíbulas livres, que aumentam sua capacidade de abertura bucal para a ingestão da presa; além da ausência de pálpebras móveis nos olhos.
Além disso, por ser uma Viperidae, tem, como principais características a presença da fosseta loreal em sua cabeça triangular, que consiste em um órgão capaz de visualizar a imagem térmica das presas, uma vez que a visão destes animais é limitada a objetos em movimento; e de uma dentição do tipo solenóglifa, em que há uma grande presa na porção anterior da boca para a inoculação de veneno, chamada de glifo, o que a caracteriza como uma serpente peçonhenta.
Essa espécie de jararaca-cruzeira é endêmica do Brasil, não ocorrendo em outras partes do mundo. Aliás, ela é comum especialmente nos estados de Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, bem como Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
De acordo com pesquisas sobre picadas de cobra, essa é a serpente com o maior registro para acidentes em relação aos seres humanos.
7. Jararacuçu
A Jararacuçu é da espécie bothrops jararacussu e também é da Família Viperidae. Ela se aliementa de sapos, ratos e lagartos. Apresenta reprodução vivípara e possui dentição solenóglifa. Além disso, tem hábito noturno e vive preferencialmente na mata.
Esta espécie pode inocular muito mais veneno que outras serpentes venenosas do Brasil. Aliás, ela vive à beira de lagoas, brejos e rios; tem o porte avantajado, sendo que as fêmeas são muito maiores do que os machos; bem como também apresentam variação de cor.
Podendo chegar até 2 metros de comprimento, além de ser uma das cobras mais venenosas do Brasil também está entra as que mais atacam pessoas por aqui.
Logo após a picada, a cobra é capaz de injetar uma grande quantidade de veneno, oferecendo risco imediato para suas vítimas.
8. Caiçara
A cobra-caiçara é uma serpente de hábito terrícola, pode medir 1,60 m de comprimento e é muito rápida no ataque. Além disso, ela é uma serpente que vive no Cerrado e tem hábitos crepuscular e noturno.
No dia a dia, ela se alimenta de pequenos lagartos, anfíbios e roedores. Ademais, ela é vivípara e pode ter de 16 a 20 filhotes, no início da estação chuvosa.
A cobra caiçara é comum de países da América do Sul, como Argentina, Bolívia e Paraguai. No Brasil, ocorre na região central e sudoeste, sendo destaque de agressividade entre as variações de jararacas.
O bote da cobra acontece no sentido vertical, podendo alcançar partes mais altas do corpo, diferente das espécies que costumam atacar somente membros inferiores.
O veneno é capaz de destruir fibras e tecidos musculares, podendo causar efeito em menos de 4 horas após a picada.
Por fim, a cobra-caiçara é perigosa e vive, em média, 15 anos.
9. Cobra cotiara
Além de ser uma das cobras mais venenosas do Brasil, a cotiara também é uma das mais bonitas do país.
A cotiara tem uma pele acinzentada com manchas mais escuras. Sua cabeça é um pouco mais larga que o corpo e seu rabo segue quase a mesma largura da sua extensão.
Outra variação de pele desta cobra é em tom verde oliveira, sempre com manchas escuras. Seus outros nomes são jararaca de barriga preta e quatiara. Além disso, ela se alimenta sobretudo de outros répteis e pequenos roedores.
Seu porte físico de até 80 centímetros na idade adulta lhe permite caçar outros animais de médio porte, sendo por isso considerada uma cobra violenta e perigosa para os humanos.
A espécie costuma armar o bote a partir do menor sinal de cheiro de suas vítimas e oferece risco letal.
Diferente do que diz a crença popular, o veneno não pode ser tratado com torniquete ou tentativa de sugamento, precisando de soro antibotrópico o mais rápido possível.
10. Urutu cruzeiro
A urutu-cruzeiro possui este nome pelo fato de possuir um desenho semelhante a uma cruz na parte superior de sua cabeça.
Considerada uma das espécies mais comuns do gênero Bothrops, a urutu se alimenta de roedores como camundongos, ratazanas, capivaras e preás, e marsupiais, como os gambás.
A diferença entre machos e fêmeas da espécie é notada pelo tamanho das fêmeas, que são maiores. O crescimento entre os gêneros pode estar relacionado à reprodução, já que o tamanho corporal da fêmea tende a aumentar a fecundidade.
Por outro lado, o tamanho menor do macho facilita a mobilidade e o deslocamento, características que permitem uma frequência maior de cópulas.
A urutu é uma serpente temida pela força de sua mordida. Isso porque mesmo quando não tem efeito letal, a mordida pode destruir o tecido do músculo e deixar a vítima permanentemente aleijada. Os efeitos do veneno são similares ao de outras espécies de jararaca.
11. Jararaca-verde
A jararaca-verde (Bothrops bilineata) é uma espécie muito rara, e portanto só é vista na região equatorial do Brasil, na Amazônia, onde se alimenta de pássaros e mamíferos. Além disso, ela costuma ficar em arvores altas, onde se abriga ou esconde.
Seu veneno é letal para humanos pois atinge a parte superior do corpo, atingindo ora a cabeça, ora o pescoço.
A dentição é solenóglifa, com dois dentes retráteis inoculadores de veneno. Com efeito, durante o bote, suas presas saem para fora o que faz com que seja possível uma inoculação maior do veneno.
Os sintomas depois da picada são de dores locais, inchaço, contusões, sangramento nas gengivas, perda de consciência, febre e choque.
12. Jararaca-do-norte
Por fim, a jararaca-do-norte (Bothrops atrox) é uma das serpentes mais venenosas da Amazônia. Ademais, seu habitat varia entre matas, locais inundados e pequenos portes de mata.
Desse modo, seu tamanho pode chegar até 1,5 metro e, como uma serpente diurna, pode estar ativa durante todo o dia.
Seu veneno é composto por enzimas que distroem a musculatura, causando hemorragias e necrose local.
Então, gostou deste artigo? Pois, leia sobre uma ilha aqui no país, completamente tomada por elas: 20 fatos sobre a Ilha da Queimada Grande, maior lar de cobras do mundo
Fontes: CPT, G1, Top 10 Mais
Bibliografia
Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília, 1998, 131p.il.
Instituto Butantan. Animais Peçonhentos: Serpentes. Série Didática 5. São Paulo, SP s/d Schvartsman,
Samuel. Plantas Venenosas e Animais Peçonhentos. 2.ed. São Paulo, SP, 1992.
Pardal, P.P.O e Yuki, R.N. Acidentes por animais peçonhentos: manual de rotinas. Belém: ed. Universitária, 2000, 40p.