A Lenda da Iara conta a história de uma sereia brasileira que encantava os homens com a sua linda voz. Sua história também é conhecida como Lenda da Mãe D’água.
Parte do folclore brasileiro, a história de Iara tem origem indígena. Para ser mais exata, ela veio da região da amazônica. Ainda assim, quase todo brasileiro já escutou a Lenda da Iara.
Enfim, o nome Iara (ou Yara) também tem origem indígena. Significa aquela que mora nas águas. A sereia brasileira vive na Amazônia. Aliás, ela já foi confundida algumas vezes com Iemanjá, rainha do mar.
Suas características se diferem em algumas histórias, mas conta-se que Iara tem olhos castanhos e cabelos pretos. Além disso, ela era capaz de hipnotizar os homens com o seu canto.
Lenda da Iara
Segundo a lenda, Iara era uma grande guerreira índia que, além de ter muita coragem, esbanjava uma beleza indescritível. E foi por causa de sua beleza que seus invejosos irmãos decidiram matá-la e sumir com o corpo. Entretanto, por causa de suas habilidades de luta, Iara conseguiu vencer a luta e matar seus irmãos.
Por outro lado, a guerreira decidiu fugir por ter medo da reação de seu pai que era o pajé de sua tribo. Contudo, seu pai ainda conseguiu encontrá-la. E para castigar Iara por matar seus irmãos, ele decidiu jogá-la no Rio Negro e Solimões para morrer.
Mas os peixes da água acabam por salvar a moça. E por causa da lua cheia, ela acabou por se tornar a sereia brasileira Iara. Desse dia em diante, conta-se que Iara vive nos rios amazônicos. Lá ela passa seus dias conquistando homens com o seu canto, para levá-los ao fundo do rio.
Assim, matando-os afogados. Além disso, a lenda da Iara ainda conta que, se um homem conseguir fugir de seus encantos, passa o resto da vida louco. O estado de loucura só pode ser curado por um pajé. Quando não está atraindo homens, Iara pode ser vista sob as pedras, penteando os cabelos e se admirando no reflexo da água.
Versão masculina
Cronistas dos séculos XVI e XVII criaram um personagem mitológico um pouco diferente. Ao invés da sereia Iara, o personagem é um homem, um tritão, conhecido por Ipupiara. Enfim, ele comia pescadores e o assim como a sereia brasileira, os levava para o fundo do rio. Apenas em XVIII a lenda da Iara que conhecemos surge.
Origem da lenda
Segundo um dos maiores folcloristas brasileiros, Luís da Câmara Cascudo, a lenda da Iara surgiu na Europa e foi adaptada ao folclore brasileiro. Isso porque, segundo ele, até o século XVII, não existia uma lenda indígena com os traços da história da sereia brasileira.
Ainda segundo Cascudo, os elementos de parte mulher, parte peixe e da sedução dos homens pelo canto, foi trazido pelos portugueses. Porque na cultura europeia existiam entidades que traziam essas características. Inicia-se com as sereias gregas, que também seduziam homens com suas belas vozes.
Contudo, as sereias gregas possuíam traços de ave e não de peixe. Essa característica surgiu em Portugal. Aliás, no país existe o ser mítico de nome Moura Encantada, que assim como Iara, seduzia homens pelo canto e também era muito bonita.
Criadora da Pororoca
Para quem não sabe, a Pororoca é o encontro das águas do rio com o oceano. Isso gera uma onda natural que pode chegar a 6 metros de altura e a 30 km/h. Enfim, ela percorre pelo Rio Amazonas e alguns de seus afluentes. A lenda da Iara conta que é ela quem causa essa onda.
Isso porque sua canoa favorita, Jacy, foi roubada da Ilha de Marajó, em sua casa. Para encontrá-la, Iara ordenou que todos os filhos procurassem nas águas a sua canoa. Contudo, a busca foi sem sucesso. Sem saber onde mais procurar, ela decidiu criar a Pororoca.
A onda forte poderia ser capaz de arrastar absolutamente tudo que encontrada e, dessa forma, ela acharia a canoa. Entretanto, o plano não funcionou e a canou desapareceu. Mesmo assim, todos os anos Iara surge com a Pororoca para tentar novamente encontrar Jacy.
Iara em outras religiões
A lenda da Iara também aparece em diferentes regiões, como por exemplo, o candomblé. Segundo esta religião, Iara é Iemanjá, orixá de origem africana. Conhecida como mãe protetora dos pescadores, a sereia brasileira recebe diferentes homenagens.
Os fiéis ao candomblé fazem suas homenagens em ambientes fechados. Enquanto isso, outros devotos, as realizam em rios e lagoas, por exemplo. E é por causa dessa devoção nas águas que Iara passou a ter a imagem de uma sereia.
Lenda de Iemanjá: Orixá dos rios, fertilidade, sensualidade e mulheres
Iemanjá é o orixá da superfície do oceano. Ela é a outra metade de Olokun, às vezes uma irmã e às vezes uma esposa (às vezes, ambas as divindades são andróginas).
Enquanto Olokun é o Guardião dos Segredos e governa as profundezas do oceano, Iemanjá preside as águas superficiais. Segundo as religiões de matriz africana ela tem grande poder e a Terra não pode prosperar sem ela.
Oxum é um dos orixás mais novos e a irmã mais nova de Iemanjá. Diz a lenda que Oxum nem sempre governou os rios do mundo. Ela foi criada pelo Olodumare porque o mundo que ele criou estava faltando amor e doçura. No entanto, por representar essas qualidades, ela também era a mais bela orixá e era constantemente perseguida por outros deuses.
Um dia, quando ela estava sendo perseguida por Ogum, o orixá guerreiro, ela caiu em um rio e desapareceu em um redemoinho. Iemanjá a colocou sob sua proteção e lhe deu domínio sobre todos os rios da Terra.
Como orixás que zelam por tudo o que é amor, casamento e família, as irmãs costumam trabalhar juntas: Oxum zela pelo amor e pela sensualidade e depois passa uma tarefa para sua irmã, a grande mãe, que protege a mãe, filho e garante a vida.
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Fontes: Todamateria, Educamaisbrasil, Brasilescola e Hipercultura