Os zumbis estão novamente na moda, como prova a série inspirada no jogo The Last of Us, que estreou no começo do ano. Mas isso não é de hoje.
The Walking Dead (2010), longa série que já ganhou derivados, e Army of the Dead (2021) do diretor Zack Snyder, são apenas algumas das diversas obras de sucesso envolvendo os mortos-vivos. Além delas, histórias com cadáveres que voltam a vida têm infinitas versões em filmes, séries, livros, quadrinhos, games; parece que novas obras estão longe de acabar. Só para se ter uma ideia, apenas a Netflix tem 15 filmes de zumbis atualmente (2023), sem contar séries e animações.
Como agora já estamos mais que acostumados que zumbis são de fato um fenômeno da mídia, vamos entender de onde vem esse fascínio pelo “mortos andantes”.
Qual é a origem dos zumbis?
Existem muitas controvérsias sobre a origem do termo “zumbi”. A etimologia da palavra, provavelmente, provém do termo quimbundo nzumbi, que significa “duende”, “defunto, cadáver”. “Zombi” também é outro nome da serpente loá Dambalá, com origem nas línguas nigero-congolesas. A palavra também é semelhante a Nzambi, palavra quicongo que significa “deus”.
Abrindo um parênteses sobre Zumbi dos Palmares, nosso conhecido personagem histórico, envolvido nas lutas pela libertação dos escravizados no nordeste do Brasil. Esse nome tem grande significado no dialeto da tribo imbagala, de Angola: “aquele que estava morto e reviveu”. Pelo nome escolhido, se percebe uma relação com a libertação que ele alcançou tendo fugido do cativeiro.
Para falar dos zumbis da matéria, no entanto, temos de voltar ao Haiti. Nesse país colonizado pela França, zumbi era sinônimo de fantasma ou espírito que assombrava as pessoas à noite. Ao mesmo tempo, acreditava-se que feiticeiros, através do vodu, podiam controlar suas vítimas com poções, magia ou hipnose. As lendas, que logo se espalharam, diziam também que os mortos, mesmo em decomposição, poderiam sair de seus túmulos e atacar os vivos.
O Haiti é aqui
Zumbis podem fazer uma analogia à escravidão, segundo alguns pesquisadores. Isso porque eles são seres que não tem o livre arbítrio, não tem nome e estão presos à morte; no caso dos escravizados, o medo da morte era eminente devido às terríveis condições de vida a que eram submetidos.
A vida dos escravos negros no Haiti era tão cruel que rebeliões surgiram no final do século XVIII. Desse modo, em 1791, eles conseguiram eliminar os senhores de escravos e declarar a independência do país. A luta, no entanto, ainda durou vários anos até que, em 1804, o Haiti se tornou a primeira república negra independente do mundo, em plena era napoleônica. Apenas naquele ano o país passou a se chamar Haiti, antes chamado Saint-Dominique.
A existência do país, por si só, era uma afronta ao império francês. Durante anos, a ilha se tornou alvo de histórias envolvendo violência, rituais com magia negra e até mesmo canibalismo, boa parte dos quais, inventados pelos colonizadores europeus.
American way
No século XX, em 1915, os Estados Unidos ocuparam o Haiti para “proteger interesses americanos e estrangeiros”. Tal ação terminou definitivamente em 1934, mas os americanos trouxeram para seu país muitas histórias que foram absorvidas pela imprensa e cultura pop, inclusive o mito dos zumbis.
Muitas histórias de terror passaram a ser publicadas, sobretudo nas populares revistas “pulps”, até chegarem ao cinema, fazendo parte da mitologia dos filmes de terror B de estúdios como a Universal e Hammer (no Reino Unido), entre os anos 50 e 60.
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Zumbis na cultura pop
Pode parecer inacreditável, mas no primeiro filme sobre zumbis, de George A. Romero, nunca é falado a palavra zumbi.
A Noite dos Mortos-Vivos (1968), foi um marco em produções envolvendo mortos-vivos. Detalhe: o protagonista do filme era um jovem negro, algo incomum numa película, mesmo que de baixo orçamento, naquela época. Romero até hoje é considerado o pai dos zumbis modernos.
Voltando às revistas pulp (publicações impressas em papel barato, de “polpa” de árvores, daí o nome) dos anos 20 e 30, havia muitas histórias com zumbis. Autores como William Seabrook, que visitou o Haiti em 1927, e jurou ter vistos tais criaturas, se tornaram conhecidos. Não muito lembrado hoje, Seabrook leva a fama de ter inventado o termo “zumbi” no livro A Ilha da Magia. Robert E. Howard, criador de Conan, o Bárbaro, também escreveu contos sobre zumbis.
No cinema
No cinema, tivemos filmes como White Zombie (1932), ou Zumbi, A Legião dos Mortos. O longa é o primeiro filme do subgênero a ser lançado. Dirigido por Victor Halperin, contava uma história de “amor” (com muitas aspas). Um homem que amava uma mulher comprometida, pediu para um feiticeiro afastá-la de seu marido e ficar com ela. Claro que isso não podia dar certo; ao contrário, a mulher acaba se tornando uma escrava zumbi, algo que não se espera de uma história de amor.
Diversos filmes fizeram sucesso ao longo dos últimos anos, com a onda zumbi: Zumbi: A Legião dos Mortos (1932), A Morta-Viva (1943), O Despertar dos Mortos (1978), Dia dos Mortos (1985), Re-Animator (1995), Madrugada dos Mortos (2004), Eu Sou a Lenda (2008); aliás, tem até brasileiro: Mangue Negro (2010), que gerou uma série de longas do diretor Rodrigo Aragão; e mais o hit Guerra Mundial Z (2013), o cubano Juan dos Mortos (2013), o cult Orgulho e Preconceito Zumbis (2016); e, como também estão na moda, os sul-coreanos Invasão Zumbi (2016) e Gangnam Zombie (2023), fecham esta breve lista.
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Referências: Significados, Super, BBC, IMDB,
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