Além do Dia da Terra, em 22 de abril é comemorada a data oficialmente reconhecida do Descobrimento do Brasil. Nesse dia, no ano da Graça de 1500, os navegadores portugueses chegaram ao litoral de um território selvagem que, anos depois, seria o Brasil. Pedro Álvares Cabral era o líder da frota composta por 13 navios, que aportaram na região que hoje corresponde ao sul da Bahia.
Há controvérsias com o uso da palavra “descoberta” do Brasil. O imenso território era não era desabitado, pois, há milênios, centenas de etnias nativas já viviam ali. Além do mais, suspeita-se que os portugueses não foram os primeiros a chegar ao país.
Os navegadores lusitanos teriam avistado dos navios um monte de terra no oitavo dia da Páscoa cristã. Então, a elevação recebeu o nome de Monte Pascoal. Chegando próximos ao litoral, sem ter noção da extensão da faixa de terra que descobriram, e julgando se tratar apenas de uma ilha, a chamaram Vera Cruz, o primeiro nome do Brasil.
Nos anos seguintes, ao se darem conta do tamanho do território, passou a se chamar Terra de Santa Cruz.
1. Chegada dos portugueses ao Brasil
Os portugueses chegaram ao litoral da Bahia em 13 caravelas comandadas por Cabral. O primeiro contato com os nativos foi feito pelo tradutor judeu Gaspar Gama, provavelmente às margens do Rio Frade.
No entanto, após esse primeiro contato, os portugueses teriam buscado uma região mais segura para desembarcarem. Dessa forma, eles aportaram nas terras que hoje pertencem ao município baiano de Santa Cruz Cabrália.
Em terra firme, os navegantes portugueses realizaram a primeira missa no Brasil, num domingo de Páscoa, 26 de abril. A celebração foi dirigida pelo frei franciscano Henrique de Coimbra (1465-1532), célebre missionário na Índia e na África. Aliás, a celebração oficializou a descoberta da nova terra e a tomada material dela pela Coroa Portuguesa.
2. Por trás do descobrimento do Brasil
Os relatos oficiais do planejamento da missão que levou à descoberta, não estão até hoje muito claros. Segundo consta, a esquadra de Cabral teria partido de Portugal em direção às Índias, em busca de especiarias.
Contudo, sem um motivo claro, os navegadores saíram da rota inicial e passaram a navegar pelo Atlântico, também chamado de “oceano longo”. Entretanto, o mais interessante de tudo é que estavam nessa viagem diversos navegadores experientes. Por exemplo, Bartolomeu Dias, o primeiro explorador português a dobrar o Cabo da Boa Esperança e a atingir o Oceano Índico.
Aliás, as cartas de Pero Vaz de Caminha, que descreveram a nova terra e toda a viagem, não mostravam espanto nem excitação com a descoberta. Ele não fala sobre os motivos do desvio da rota, nem mostra surpresa em avistar o território. Mesmo depois de um mês de viagem e aproximadamente 3.600 quilômetros percorridos de forma “imprevista”.
3. A chegada de Cabral foi mesmo acidental?
Ainda sobre a controvérsia do descobrimento do Brasil pelos portugueses, existem relatos de que Cabral não foi o primeiro europeu a chegar ao país. Basicamente, em 1498, dois anos anos de Cabral, o comandante Duarte Pacheco Pereira teria chegado ao Brasil pelo litoral norte.
O português teria explorado parte das terras brasileiras hoje referentes aos Estados do Pará e do Maranhão. Todavia, essa descoberta teria sido mantida como segredo de estado.
Entretanto, segundo outros documentos, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón desembarcou no litoral nordestino 3 meses antes de Pedro Álvares Cabral. Mas o território já estava dentro dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, portanto, legalmente, era de Portugal.
Uma das hipóteses é que a coroa portuguesa, já sabedora da existência de terras naquelas latitudes, teria mandado Cabral para “oficializar” a posse dos territórios.
Apesar disso, Dom Manuel I, o rei de Portugal e Algarves, na época; tinha consciência da missão de Duarte Pacheco, assim como sabia da chegada de Colombo ao Caribe, a favor dos espanhóis. Sem contar que as viagens de Vasco da Gama à Índia pelo Atlântico, já tratavam sobre indícios de terra firme no ocidente.
Outro fator dúbio é que, naquela época, as rotas usadas pela navegação eram mantidas em sigilo total. De forma geral, isso garantia a supremacia e os interesses comerciais do reino. Por causa disso, a ideia do descobrimento do Brasil ser acidental perde ainda mais força.
4. Mais fatos controversos
Além disso, a permanência do grupo em terras brasileiras por uma semana depois de aportarem, mostra que Cabral não tinha apenas a missão de ir à Índia.
Aliás, foi somente em 2 de maio de 1500 que Cabral deixou o Brasil, não sem antes enviar parte de sua esquadra de volta a Portugal, a fim de enviar um relatório das boas novas ao rei.
Sem contar o esforço dos portugueses em conquistar a simpatia dos indígenas, que também é um fator curioso. Como registrado nos documentos, dois homens de conduta duvidosa foram deixados por aqui pelos navegadores. Provavelmente degradados condenados em Portugal, era melhor permanecer vivo, mesmo que naquela terra selvagem. A intenção era aprender um pouco mais sobre a língua e a cultura dos nativos.
5. Ocupação portuguesa
Falando sobre os nativos brasileiros, a relação construída no primeiro contato foi boa, a princípio. Logo, entretanto, os portugueses começaram a usar a mão de obra indígena para a extração do pau-brasil. De forma geral, essa madeira avermelhada era muito cobiçada na Europa para tingir tecidos, por exemplo.
Aliás, a quantidade de pau-brasil que existia por aqui inspirou a mudança de nome da nova terra. De Terra de Vera Cruz, o futuro país passou a se chamar Terra do Brasil e, finalmente, apenas Brasil.
Entretanto, com o tempo, a relação entre nativos e os portugueses começou a ficar complicada. Devido ao roubo do pau-brasil pelos corsários, que comercializavam a madeira de forma ilegal na Europa, a Coroa mandou uma expedição para colonizar a terra, e aumentaram as tensões com os indígenas.
Portugal temia que potências estrangeiras ocupassem definitivamente a terra, antes deles. Era preciso colonizar e ocupar os novos territórios.
6. Escravidão indígena
Em princípio, os portugueses não queriam apenas catequizar os indígenas. Na verdade, eles queriam escravizá-los, a fim de exercer total dominação das terras.
Entretanto, os resultados não foram bons, os nativos não aceitavam ser submetidos e se rebelavam. Além disso, seu número no novo território era bem maior do que os poucos europeus colonizadores na época. Como a coroa já tinha domínios na África, a decisão natural foi investir em trazer africanos para o trabalho escravo.
Com a necessidade de criar novas atividades de exploração do território, os colonizadores abandonaram a exploração de pau-brasil. O foco, então, passou a ser a exploração da cana-de-açúcar e a extração dos minérios valiosos da nova terra.
Entretanto, conforme documentos da época, existiu um intervalo de 3o anos entre o suposto descobrimento do Brasil e a real ocupação da terra pelos lusitanos.
7. Tratado de Tordesilhas
Após a descoberta das “Índias Ocidentais” por Colombo, em 1492, as tensões aumentaram entre as duas grandes potências marítimas, Espanha e Portugal. Os portugueses ameaçaram enviar uma frota à região descoberta por Colombo.
Por consequência, com mediação da Igreja Católica, os dois reinos negociaram um acordo sobre as terras a descobrir: o Tratado de Tordesilhas. Ele delimitava, através de uma linha imaginária, as posses portuguesa e espanhola nos territórios a serem descobertos.
O documento data de junho de 1494, portanto, seis anos antes do descobrimento do Brasil. Ou seja, mais um indício de que os portugueses já sabiam que havia terras ali. Era preciso explorar a região e tomar posse das terras a serem descobertas antes que outras potências marítimas o fizessem.
8. Os nomes do Brasil
O Brasil já teve oito nomes antes do atual.
O mais antigo, que nem era nome português, foi Pindorama. Segundo a tradição literária do romantismo indigenista brasileiro, a palavra Pindorama significaria “Terra das Palmeiras” ou, em toponímia semântica, “Lugar das Palmeiras.”
Os portugueses, logo que chegaram, chamaram o local, na Bahia, de Ilha de Vera Cruz, em 1500. Isso porque a esquadra de Cabral teria a bordo lascas do que, supostamente, seria a verdadeira (Vera) cruz de Cristo. Ou então, seria referência ao símbolo da Cruz de Portugal, ou Cruz da Ordem de Cristo, ostentado nas velas das caravelas lusitanas.
No ano seguinte, entretanto, o nome mudou para Terra Nova; Terra dos Papagaios, em 1501; e, finalmente, voltou ao nome original, agora como Terra de Vera Cruz, em 1503. Durou pouco, pois, ainda neste ano, mudou para Terra de Santa Cruz; Terra Santa Cruz do Brasil, em 1505; Terra do Brasil, em 1505; e finalmente apenas Brasil, a partir de 1527.
9. O navio perdido
A expedição de Pedro Álvares Cabral partiu da praia do Restelo ao meio-dia do dia 9 de março de 1500; o navegante português, contava, então, com a idade de 32 anos.
A frota portuguesa tinha um total de 1500 pessoas, divididas entre 10 naus e 3 caravelas. O São Gabriel, navio comandado por Cabral, por exemplo, tinha capacidade para 250 tonéis e 190 homens.
No dia 23 de março de 1500, entretanto, um dos navios desapareceu. Era comandado por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens. Buscas foram realizadas durante dois dias, mas nada se encontrou da nau e seus homens.
Mas o restante da frota também não teve uma vida tão fácil. Viajar no mar era tão arriscado, que muitos faziam testamento antes de partir.
Do total de 1.500 mil homens, apenas 500 conseguiram voltar, sãos e salvos, para casa. O restante morreu no mar, vítima de naufrágios ou de doenças, como o escorbuto, que provocava sangramento nas gengivas.
10. Pau-Brasil ou Hy-Brazil?
É praticamente consenso que o nome do Brasil veio do pau-brasil, o primeiro produto de exportação do país. O “brasil” do nome viria do corante vermelho, cor de “brasa”, extraído da árvore.
No entanto, há teorias controversas. Para muitos, principalmente pesquisadores estrangeiros, o nome Brasil teria derivado de um mito celta, Hy-Brazil, Breasal, ou ainda, a Ilha Brasil.
A cartografia medieval europeia inclui com grande constância a Ilha do Brasil em diversos mapas, no “mar oceano”. A posição e as dimensões variavam de carta para carta.
A procura da Ilha do Brasil foi uma constante nas navegações renascentistas do Atlântico, antes do descobrimento do Brasil até 1624.
Segundo o mito celta, Hy-Brazil é uma terra mítica que passa períodos cíclicos de sete anos oculta sob grossa neblina. O nome da ilha teria sido inspirado em um semideus chamado Breasal, que vivia no país Hy-Brazil (“Hy” vem de “í”, abreviação de “island”, ou ilha). “Brazil” viria da palavra gaélico-irlandesa “breazáil”, ou simplesmente brazil, um mineral de cor vermelha utilizado desde a Antiguidade como base para corantes vermelhos, também chamado cinábrio ou sulfureto de mercúrio. Ou seja, a mesma finalidade do pau-brasil.
De qualquer forma, o nome Brasil, vindo da árvore ou do mito, tem a mesma origem semântica do gaélico irlandês.
Agora, falando sobre a história do nosso país, que tal darmos um salto à frente? Saiba um pouco mais também sobre: 15 de novembro: por que nesse dia é feriado nacional? e 5 segredos sobre a Independência do Brasil que quase ninguém sabe.
Fontes: Uol Educação, Brasil Escola, Brasil Escola, Calendarr
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