De acordo com a mitologia grega, a história de Medusa passa pela relação da criatura com suas irmãs, as Górgonas e termina com o falecimento nas mãos de Perseu. Apesar disso, originalmente ela era considerada imortal.
O primeiro registro da personagem está na Teogonia de Hesíodo.. O autor apresenta Medusa ao lado de suas duas irmãs – Sthenno e Euryale –, que não tinham o poder da imortalidade. Originalmente, as três irmãs monstruosas eram filhas de Phorcys e Ceto e viviam “para além do famoso Oceano, à beira do mundo, duramente à noite”.
Ainda que normalmente esteja na forma monstruosa em suas principais retratações, a mulher era muito bela, de acordo com as poesias do romano Ovídio.
Maldição de Medusa
Ao contar as histórias de Medusa, Hesíodo aborda parte de sua origem e sua morte, mas não diz muito sobre a personagem. Essas informações aparecem com mais detalhes somente em Metamorfoses, de Ovídio.
Segundo o romano, a criatura mitológica era uma bela donzela, que chamou a atenção do deus Poseidon, levando a um estupro. Como o crime aconteceu no santuário de Atena, a deusa também acabou se envolvendo na história. Atena transformou o cabelo de Medusa em cobra, como vingança, para que ela transformasse todos que a contemplassem em pedra.
A partir da maldição, então, é possível observar uma diferença na apresentação da personagem. Se Ovídio descrevia a criatura como uma mulher cheia de belezas e encantos, Virgílio apresenta a górgona como um “um enorme monstro sobre o qual mechas serpenteantes torcem suas bocas sibilantes; os olhos dela olham malévolos e, sob a base do queixo, as extremidades da cauda das serpentes deram um nó.”
No entanto, existem versões do mito que sugerem que as górgonas sempre foram monstros com cabelos de cobra, diferente das variações que incluem a maldição.
Mito de Perseu
A principal história de Medusa na mitologia grega provavelmente é a que envolve seu fim nas mãos de Perseu. O herói era filho de Danae, filha de Acrisius, o Rei de Argos, e Zeus. Acrisius temia Perseus por ter ouvido de um oráculo que seria morto pelo próprio neto, então enviou o bebê para o mar – com a mãe – em uma arca de madeira.
Os dois foram resgatados por Dictys, da ilha do Serifo, mas não eram muito queridos. Por causa disso, o rei do Serifo, Polidectes, ordenou que Perseu partisse numa busca a fim de obter a cabeça da Medusa. A ideia, no entanto, era somente manter o garoto distante para que o rei pudesse se aproximar da mãe do herói, que não aprovava a relação.
Por conta da maldição da górgona, Perseu não podia encarar a criatura diretamente. No entanto, o herói utilizou o reflexo de suas próprias armas para observar a Medusa, que foi decapitada durante o sono pelo escudo de bronze de Perseu.
Logo após a decapitação, o cavalo Pégaso saltou de seu pescoço. Além disso, outras versões da história de Medusa sugerem que o gigante dourado Chrysaor também saíra do pescoço cortado.
Com a morte de sua irmã, as outras duas górgonas sobreviventes partiram numa perseguição a Perseu, mas não o encontraram. Isso porque ele foi capaz de fugir com o gorro da Invisibilidade e a ajuda do Pégaso (ou das sandálias de Hermes, dependendo da versão).
Poderes da Medusa
De acordo com as lendas da mitologia, quando o sangue escorreu da cabeça da Medusa, as gotas de sangue assumiram formas de serpentes venenosas. Além disso, mesmo derrotada ela continuou a apresentar a habilidade de transformar seres em pedra.
Quando Perseu pediu a Atlas um lugar para descansar, mas não foi ouvido, por exemplo, foi o poder da górgona que ajudou o herói a derrotar o titã. Perseu utilizou a cabeça da Medusa para parar Atlas, que foi transformado em uma montanha.
O herói também usou a cabeça de Medusa para resgatar a princesa Andrômeda, que seria sacrificada a um monstro marinho para punir sua mãe Cassiopeia. O poder também aparece nos combates contra Phineus, tio de Andrômeda, Proetus, usurpador do trono de Argos, e Polidectes.
Após usar os poderes da Medusa ao longo de sua jornada, Perseu entregou a cabeça à deusa Atena.
Simbologia da história de Medusa
Embora a criatura seja apresentada normalmente como um monstro, a cabeça poderosa também pode servir como símbolo de amuleto. O próprio nome Medusa, por exemplo, tem origem num verbo grego antigo que significa guardar ou proteger. Se considerarmos o culto das amazonas à deusa serpente como variante da criatura, também pode-se atribuir o sentido de sabedoria feminina.
Por causa disso, a imagem da Medusa aparece em vários artefatos comuns para gregos e romanos. O símbolo pode ser visto, por exemplo, em escudos, couraças e mosaicos encontrados ao longo da história.
Além disso, existem uma série de estátuas, pingentes e moedas que trazem a imagem da cabeça da Medusa. Muitas vezes, o símbolo aparece ao lado de Perseu, segurando a cabeça nas mãos.
Ao longo da história, o rosto da Medusa também apareceu como símbolo de lutas importantes, como dentro de grupos feministas, por exemplo.
Fontes: Toda Matéria, Aventuras na História, Só Científica, Newronio, Hipercultura
Imagens: Britannica, Raabe Moro, Ichi, History