Mitologia brasileira: deuses e mitos da cultura indígena do Brasil

A mitologia brasileira é riquíssima e tem fortes influências indígenas. Muitos deuses e deusas nacionais são de origem tupi-guarani.

A mitologia brasileira é rica e diversa, caracterizada por uma fusão de influências indígenas, africanas e europeias. No entanto, não há como negar que a sua maior referência diz respeito aos povos indígenas e suas tradições.

Na tradição indígena, os mitos frequentemente giram em torno da relação entre humanos e a natureza, refletindo uma profunda conexão espiritual com o mundo ao redor. Os deuses e entidades desses povos são frequentemente associados a elementos naturais, como o sol, a lua, os rios e as florestas, personificando forças vitais e aspectos fundamentais do universo.

13 deuses e lendas da mitologia brasileira

Essas divindades são veneradas e invocadas em rituais e cerimônias que visam garantir a harmonia entre os seres humanos e o ambiente que os cerca, destacando a importância da preservação e do respeito pela natureza. Vamos saber um pouco mais? Continue com a gente!

1- Tupã, o deus trovão

Mesmo se você não souber muito sobre mitologia brasileira, em algum momento da sua vida você já deve ter escutado o nome Tupã. Para algumas mitologias indígenas do país, ele seria o deus criado. Em um paralelo com a mitologia grega, ele seria uma espécie de Zeus, responsável pela criação dos homens e do mundo.

De acordo com algumas lendas, ele transforma mortais em entidades ou deuses. Além disso, Tupã também é visto como um grande guerreiro e o trovão seria tanto sua arma quanto a forma de se expressar. Contudo, não há somente uma análise possível, e para alguns especialistas, Tupã não era exatamente um deus, mas uma manifestação do trovão, coisa que o povo desconhecia, por isso, temia.

Por fim, uma outra característica desse Deus que vale citar, em comparação a Zeus, é a de que não é somente o aspecto de trovão que os tornam semelhantes, mas também pelo histórico de infidelidade e filhos, considerados ilegítimos, que são transformados em divindades e deidades ao longo da sua jornada.

2- Guaracy, o deus sol

Já Guaracy representa, na mitologia brasileira (mais específicamente tupi-guarani), o Deus Sol. Para muitos grupos indígenas, ele foi criado por Tupã e é o irmão gêmeo de Jaci, a Lua. Contudo, há também algumas lendas que contam que Guaracy ajudou Tupã a criar todos os seres vivos, já que o sol é essencial para a vida no planeta. E, a essa altura, você já deve ter percebido que a figura do Sol sempre vai estar presente nesse tipo de mitologia.

Sobre a sua representação, é importante mencionar que pode aparecer na forma de homem ou mulher nas histórias contadas entre os povos indígenas. Em algumas histórias famosas sobre Guaracy, um de seus desejos é enxergar a beleza de Jaci ao acordar. Para isso, essa figura da mitologia pede ao pai que criasse alguém que não conhecesse nem a luz, nem a escuridão. O objetivo disso era criar um mensageiro entre os dois, já que eles não poderiam estar no céu ao mesmo tempo.

Sabe qual o resultado disso? O surgimento de um novo deus, cujo nome é Rudá.

3- Jacy, a deusa lua

Apesar de algumas lendas retratarem Jacy como esposa de Guaracy, é mais comum que ela seja representada como irmã do deus sol. Uma dessas narrativas contam que, quando o deus do Sol precisou dormir, o mundo caiu em trevas e, então, para iluminar a escuridão, Tupã criou Jacy.

Além de ser a deusa da lua, ela também está associada à plantas, animais e amantes, sendo uma grande protetora desses elementos. Ela é representada como uma mulher de beleza inacreditável e que leva suavidade para as noites. E esses elementos que ela oferece a sua proteção traz uma combinação muito interessante quando a gente pensa um pouco em outras figuras mitológicas como Nix, Ártemis, Gaia, Afrodite. Todos juntos!

Como uma das figuras mais intrigantes dessa mitologia, Jacy foi representado como homem, mas também há versões na figura de mulher. Em uma de suas histórias, ela é apaixonada por Guaracy, mas o amor entre os dois é impossível. Isso porque, ao se animar com a presença dele, Jacy provoca inundações na superfície da Terra. Quando o mesmo ocorre com Guaracy, a Terra arde a ponto de queimar. A lição envolve um amor impossível, em que ambos precisam se evitar durante toda a eternidade.

3- Anhangá, o deus do submundo

Além de ser a divindade do submundo, Anhangá também é tido como o deus dos mortos. De acordo com as narrativas indígenas, ele costuma castigar as más pessoas de forma cruel. Além disso, ele é visto como um inimigo de Tupã e o único a rivalizar em poder. Essa criatura mitológica é uma das mais sombrias.

No entanto, na cultura tupi-guarani, a aparição de Anhangá é considerada um mal presságio. Ele também protege os animais da caça desenfreada, preservando o equilíbrio da natureza.

Diante disso, tendo em vista os povos tupinambás, esse deus, considerado uma divindade do submundo, pode alcançar os vivos, mas também pode fazer o mesmo com os mortos. Por sua representação significar uma punição aos péssimos comportamentos, essa é uma figura muito respeitada.

De acordo com as crenças dos povos Mawés, esse deus tem o nome dado aos demônios seguidores de Jurupari, responsáveis por espalhar caos e violência, comportamento fortemente associado ao homem-branco.

De acordo com essa mitologia, eles assumem diferentes formas para ferir e amaldiçoar as suas vítimas. A única coisa que eles temem é a água e a sua guardiã Sukuyu’wera, deusa das cobras.

Diante disso, para alguns povos, é bem comum associar essa figura maligna ao diabo cristão. Ele é visto como errante, além de um ser maligno que espalha medo e apavora as suas vítimas. Uma das figuras mais interessantes da mitologia brasileira, sem dúvida.

4- Akuanduba, o deus da flauta

Esta divindade da mitologia brasileira é típica dos povos araras, que habitavam a margem do rio Iriri, no Estado do Pará. De acordo com a lenda, Akuanduba toca a flauta para garantir o equilíbrio do mundo.

Conhecido por sua habilidade excepcional na música, Akuanduba é retratado como um ser divino que traz harmonia e encantamento através dos sons de sua flauta mágica. Sua presença é associada à celebração da natureza e à conexão espiritual com os elementos, sendo venerado como um guardião da música e da alma.

5- Caipora, divindade protetora da floresta

Esse é um tipo de divindade que tem o dom de imitar qualquer som, usando isso para enganar caçadores e fazer com que se percam na mata. Desse modo, são tidas como protetoras das matas e dos animais.

De modo geral, as Caiporas andam em bando. Além disso, elas têm um senso de humor bem peculiar, tendo como passatempo pregar peças em qualquer um que ande desavisado pela mata. Por isso, há uma lenda de que antes de entrar na floresta é preciso presentear a Caipora.

6- Iara, deusa das águas

Iara é uma figura lendária e divindade associada às águas, especialmente aos rios e lagos da região amazônica. Ela é retratada como uma bela sereia de cabelos longos e sedutores, cujo canto hipnotiza os viajantes, levando a se perderem nas águas e se unirem a ela para sempre.

Diante disso, ela é tanto temida quanto reverenciada, representando a dualidade entre a beleza sedutora das águas e sua natureza perigosa e implacável. Além disso, é uma personagem central em muitas narrativas folclóricas e é vista como uma protetora dos corpos d’água, mas também como uma entidade capaz de punir aqueles que a desrespeitam.

7- Kianumaka-Manã, a deusa onça

Kianumaka-Manã é representada como uma deusa onça, que habita as florestas tropicais do país. Ela é venerada como a guardiã dos animais selvagens e dos segredos da natureza, sendo reverenciada pelos povos indígenas como uma divindade protetora da fauna e da flora.

Por fim, sua presença simboliza a força, a astúcia e a conexão profunda com o ambiente natural, sendo vista como uma entidade sagrada que inspira respeito e reverência.

8- Sumá, o deus da agricultura

De acordo com a lenda, Sumá teria aparecido de forma misteriosa e se tratava de um homem branco, que andava ou flutuava no ar e possuía longos cabelos e barbas brancas. Então, o deus começou a ensinar o povo da selva a arte da agricultura. Em seguida, ensinou habilidades como a de transformar mandioca em farinha, além de algumas regras morais.

Além disso, ele também é reconhecido como uma espécie de curandeiro que cuida dos povos da floresta.

9- Acauã, a deusa das mulheres

Segundo a lenda, Acauã é uma espécie de uma fada pássaro que enfeitiça as mulheres. Além disso, essa deusa possui penas com cores encantadoras que funcionam como arma para seduzir as moças e levá-las embora.

Ela é associada também à maternidade, à fertilidade e à proteção das mulheres em todas as fases de suas vidas, desde o nascimento até a maturidade. Acauã é venerada como uma figura que personifica a essência feminina, inspirando confiança, resiliência e poder às mulheres que a invocam em suas jornadas.

10- Anhum, deus da melodia

Na mitologia brasileira, Anhum é o deus da melodia e responsável pelo sacro Taré, instrumento que avisa quando os deuses estão chegando. De acordo com a lenda, ele emite um som único e nunca antes visto. Além disso, teria sido ele o responsável por trazer a música à humanidade.

11- Yamandú

Conhecido também como Nhandejara ou Nhandevuruçu, esse é o deus da luz e sopro vital, segundo a mitologia tupi-guarani. Segundo as histórias, ele não apresenta corpo, o que significa também, portanto, que não há uma espécie e forma física. Na verdade, ele é uma representação daquilo que dá origem ao todo, uma energia pura.

12- Rudá

Esse é um deus indígena que simboliza o amor, não apenas o mensageiro para Jacy e e Guaracy, mas um grande responsável para garantir a continuidade da espécie humana. Em comparação a outras mitologias, ele pode ser comparado ao deus Eros.

13- Picê, deusa das artes e da poesia

Enfim, o último deus da mitologia brasileira. De acordo com a lenda, Picê trouxe mais alegria para as pessoas por meio de seus versos.

Essa deusa, portanto, é venerada pelos artistas e poetas, que acreditam que sua presença é essencial para o surgimento de obras de arte e versos sublimes. Seu domínio sobre as artes transcende o tangível, permeando os corações e mentes dos que buscam sua bênção para alcançar a excelência artística e a verdade poética.

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