40 expressões racistas que precisamos excluir do cotidiano

Algumas pessoas podem nem imaginar, contudo as expressões racistas estão presentes no nosso dia a dia e nós até falamos algumas delas.

As expressões racistas são manifestações linguísticas carregadas de preconceito e discriminação, com o objetivo de menosprezar, estigmatizar ou marginalizar pessoas com base em sua origem étnica ou racial. Estas expressões perpetuam estereótipos nocivos e contribuem para a criação de um ambiente hostil e desigual, minando os direitos fundamentais e a dignidade das vítimas.

Para ilustrar, a gente pode citar palavras e frases carregadas de conotações raciais, como “cabelo ruim”, “trabalho de preto” ou “denegrir”, as quais são exemplos comuns que se tornaram parte integrante do vocabulário, muitas vezes sem reflexão sobre seu impacto negativo. Você já se deparou com alguma dessas frases?

Vem conferir com a gente 40 expressões racistas que temos o dever de excluir do cotidiano. Boa leitura!

Expressões racistas

1. Lápis cor de pele

Crianças cresceram aprendendo que o lápis rosado claro, quase na tonalidade de um bege, é um lápis cor de pele. Entretanto não é toda pele que tem essa cor, não é?! Aliás, segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE, em 2014, 53% da população brasileira é declarada negra ou parda. Ao rotular um lápis dessa forma, perpetua-se a ideia de que a norma é a “branquitude”, excluindo e invisibilizando pessoas de outras etnias e cores de pele.

Desse modo, tal linguagem reforça estruturas de poder e privilégio, contribuindo para a marginalização e discriminação de grupos étnicos não brancos, e evidencia a necessidade de uma reflexão crítica sobre os padrões culturais internalizados na sociedade.

2. Mulata e mulato

Mulata e mulato são muito falados até os dias atuais, mas poucos sabem que essas são expressões racistas. O termo se refere à mula, um animal que surgiu da mistura de uma égua e um jumento. Portanto, filhos de mulheres negras e homens brancos começaram a ser chamados assim. Isso acontecia porque durante a escravidão era muito comum os patrões abusarem sexualmente das suas escravas. Enfim, nada bom a expressão, né?!

3. Doméstica

Essa expressão tem sido criticada como racista devido a sua associação histórica com a subjugação de mulheres negras em trabalhos domésticos durante períodos de escravidão e segregação racial. Utilizada para descrever empregadas domésticas, muitas vezes de origem afrodescendente, a palavra carrega uma carga pejorativa que remonta à exploração e desvalorização dessas mulheres. Sua persistência no nosso vocabulário perpetua estereótipos e desigualdades, reforçando uma hierarquia racial e de gênero injusta e desigual.

4. Tuas negas

Não precisa nem pensar muito pra entender que a expressão tuas negas é super racista. Aliás, ela surgiu no período de escravidão, quando as negras eram propriedades de homens poderosos. Esses homens acreditavam que por terem as mulheres como propriedades poderiam fazer o que queriam com elas.

Diante disso, a expressão acaba colocando as mulheres negras como qualquer uma, uma mulher que se pode fazer tudo e que é de todo mundo.

5. Estampa étnica

Já percebeu que quando alguém se refere a uma estampa como étnica é porque ela tem origem africana? Pois é, essa expressão racista considera como étnica todas as estampas que são exóticas ou diferentes.

Logo, essa terminologia sugere uma generalização superficial e exótica de tradições e símbolos culturais, muitas vezes descontextualizando e se apropriando de elementos sagrados ou tradicionais de comunidades marginalizadas para fins de moda comercial.

6. Cor do pecado

Muita gente usa a expressão acreditando estar elogiando uma pessoa negra. Entretanto, está entre as expressões racistas porque ser negro era considerado como pecado e isso era usado como motivo para escravizar os negros.

7. A dar com pau

Essa expressão racista surgiu na época dos navios negreiros. Durante a travessia da África para o Brasil, vários negros faziam greve de fome para morrer e não se tornar escravo. Entretanto, eles eram obrigados a comer. Para isso, um pau de comer foi criado, de modo que sopas e outros alimentos eram colocados na boca dos negros a força.

8. Criado-mudo

O móvel que fica ao lado da cama se chama criado-mudo porque era exatamente o local ocupado por escravos antigamente. Eles ficavam no local, segurando as coisas de seus senhores sem fazer nenhum som.

Por isso, a expressão “criado-mudo” é criticada por carregar conotações racistas, uma vez que remete à figura do escravo doméstico, frequentemente negro, cuja função era servir silenciosamente os seus donos.

9. Meia-tigela

Os negros que precisavam trabalhar em minas tinham metas a cumprir. Então, quando eles não conseguiam alcançar essa meta, eram punidos recebendo apenas metade da refeição, ou seja, só meia-tigela. Hoje em dia essa expressão é utilizada para se referir a algo sem valor.

10. Denegrir

Denegrir é muito utilizado como sinônimo de difamar. Entretanto, a palavra faz parte de expressões racistas, já que o seu verdadeiro significado é escurecer, tornar negro. Portanto é possível perceber o quanto a palavra se torna racista ao utilizá-la em um contexto de não querer sujar a reputação de alguém.

11. Samba do crioulo doido

A expressão é considerada racista devido à sua origem histórica e ao contexto em que foi popularizada. Criada na década de 1930 por Noel Rosa, a expressão caricaturava estereótipos raciais, retratando de forma pejorativa a cultura e comportamento dos negros e mulatos no Brasil. O termo “crioulo”, carregado de conotações racistas, era usado de maneira depreciativa para se referir aos afrodescendentes, enquanto “doido” reforçava a ideia de irracionalidade e inferioridade.

Assim, essa expressão é entendida como uma forma de perpetuar estereótipos racistas e reforçar relações de poder desiguais.

12. Dia de branco

Essa expressão perpetua a ideia de que o descanso e a liberdade são associados à branquitude, enquanto reforça a subjugação e a exploração dos negros. Essa associação implícita com a superioridade branca e a inferioridade negra perpetua estereótipos prejudiciais e é considerada profundamente ofensiva para muitas pessoas.

13. Pé na cozinha

Essa expressão racista é utilizada para dizer que uma pessoa tem origem negra. Isso é uma herança negativa da época de escravidão. Uma justificativa para isso é a de que, nesse período, mulheres negras só podiam estar na cozinha da casa em que eram escravas.

14. Negro de traços finos

Essa é uma outra expressão considerada racista pois implica que características físicas associadas a traços europeus, como o formato do nariz ou dos lábios, são mais desejáveis do que características consideradas típicas de pessoas negras. Essa frase perpetua estereótipos prejudiciais e promove a ideia de que a proximidade com padrões de beleza ocidentais é superior, enquanto reforça a inferiorização da estética negra.

15. A coisa tá preta

Neste caso, a palavra preta está diretamente associada a uma situação negativa. Portanto, o correto seria dizer que a coisa está ruim, caso contrário a expressão é racista.

16. Cabelo ruim

Várias expressões são utilizadas para depreciar o cabelo afro. Confira alguns exemplos:

  • Cabelo ruim
  • Fios rebeles
  • Carapinha
  • Cabelo duro
  • Piaçava
  • Mafuá

Por muito tempo, aliás, até os dias atuais, as mulheres negras negaram o seu cabelo natural, desejando um cabelo liso. Tudo isso devido à discriminação com o cabelo afro.

17. Serviço de preto

Ao usar essa expressão, há uma afirmação de que o trabalho é de baixo valor e qualidade, reforçando assim a ideia de inferioridade racial. Tal linguagem desumaniza e desvaloriza a contribuição e dignidade das pessoas negras, além de perpetuar um legado histórico de opressão e marginalização.

18. Mercado negro, magia negra, lista negra e ovelha negra

Estas e outras expressões que utilizam a palavra negra ou preta como algo pejorativo, ruim, ilegal e entre outros são expressões racistas que devem ser abandonadas. Afinal, ao utilizá-las, você estará afirmando que alguém é inferior pelo fato de ser negra. Faça uma reflexão e tire de uma vez por todas essas frases do seu dia a dia.

19. Inveja branca

Essa expressão coloca como se o branco fosse algo positivo, já que a inveja branca é vista como uma inveja boa, que não faz mal a outra pessoa. Por outro lado, a expressão reforça que o preto é algo negativo.

20. Chuta que é Macumba

Ela é considerada racista devido ao seu caráter pejorativo e discriminatório em relação às religiões afro-brasileiras, fazendo uma associação de forma negativa e estereotipada. Ao usar a palavra “Macumba” de maneira depreciativa e vinculada a uma ação desrespeitosa, a expressão perpetua preconceitos e reforça estigmas históricos contra as tradições culturais e espirituais das comunidades afrodescendentes.

21. Barriga Suja

Originalmente utilizada para descrever aqueles que trabalhavam em atividades braçais ou ao ar livre, muitas vezes associadas a trabalhadores rurais negros, a expressão perpetua estigmas e preconceitos enraizados, reforçando uma hierarquia social baseada na cor da pele e na ocupação profissional.

22. Disputar a negra

Ao associar a cor da pele com uma situação de competição ou disputa, a expressão desconsidera a dignidade e individualidade das pessoas negras, reforçando uma visão de inferioridade e subjugação.

23. Esclarecer

A afirmação de que a expressão “esclarecer” é intrinsecamente racista pode derivar da sua associação histórica com a ideia de “clareza” ou “iluminação” como características valorizadas e atribuídas predominantemente às pessoas brancas em detrimento das pessoas de cor, perpetuando assim uma hierarquia racial.

Essa interpretação critica a maneira como certos termos são utilizados para reforçar uma noção de superioridade branca, marginalizando as vozes e experiências das comunidades não brancas e reforçando estruturas de poder racialmente desiguais.

24. Escravo

A expressão “escravo” carrega um peso histórico profundo, remetendo à subjugação, exploração e desumanização de milhões de africanos ao longo dos séculos de comércio transatlântico de escravos.

25. Galinha de macumba

Essa é uma expressão intrinsecamente racista devido à sua origem carregada de estereótipos e preconceitos contra as religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. O termo associa de forma negativa elementos da cultura afrodescendente, como a prática religiosa da macumba, com uma conotação depreciativa, reforçando estereótipos racistas.

26. Inhaca

Originária do Brasil, especialmente associada às regiões nordestinas, essa palavra carrega uma carga culturalmente insensível, muitas vezes empregada para desqualificar, estigmatizar ou diminuir indivíduos afrodescendentes, perpetuando estereótipos negativos e reforçando estruturas de poder opressivas.

27. Feito nas coxas

A expressão “feito nas coxas”, frequentemente utilizada para descrever algo malfeito ou feito de forma negligente, tem suas raízes na escravidão no Brasil, onde os escravizados eram forçados a trabalhar de forma exaustiva e muitas vezes improvisada, incluindo a fabricação de tijolos apoiados em suas próprias coxas.

28. Lista negra

Embora o termo “lista negra” seja comumente utilizado para denotar uma relação de exclusão de pessoas, sua origem remonta a práticas discriminatórias e racistas historicamente associadas à segregação racial, especialmente nos Estados Unidos.

29. Negro de alma branca

Essa expressão é intrinsecamente racista porque implica que os traços culturais ou comportamentais associados à “alma branca” são superiores aos da identidade negra.

30. Macumbeiro

Essa denominação carrega uma carga preconceituosa ao associar de maneira estereotipada as práticas religiosas afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, a superstição e feitiçaria. Ao usar esse termo, muitas vezes de forma desdenhosa, perpetua-se uma visão discriminatória que marginaliza e desvaloriza as crenças e culturas de origem africana.

31. Teta de nega

Esse tipo de expressão perpetua estereótipos racistas e sexistas, reduzindo a identidade das mulheres negras a partes do corpo, além de evocar uma história de exploração e objetificação das mulheres negras durante períodos de escravidão e colonialismo.

32. Nega maluca

A expressão “Nega maluca” é considerada racista devido ao uso pejorativo do termo “nega”, que historicamente foi utilizado de maneira desrespeitosa para se referir às mulheres negras, além de reforçar estereótipos negativos associados a essas pessoas. A combinação com “maluca” intensifica a carga discriminatória ao sugerir uma associação entre a loucura e a negritude.

33. Boçal

“Boçal” entra na lista de expressões racistas devido à sua origem histórica carregada de conotações pejorativas associadas a essas pessoas. Sua utilização perpetua estereótipos e preconceitos, reforçando um discurso discriminatório.

34. Humor negro

A expressão “humor negro” é controversa por sua associação histórica com temas macabros e morbidez. Embora originalmente não estivesse relacionada à raça, alguns argumentam que seu uso pode ser interpretado como insensível às experiências de pessoas negras.

34. Magia negra

Essa terminologia perpetua preconceitos e discriminação, sugerindo que práticas espirituais não ocidentais são malignas ou inferiores.

35. Mulata como exportação

Essa expressão é considerada racista pois reduz a identidade e valor de mulheres negras a uma mera mercadoria, perpetuando estereótipos exóticos e objetificantes. Ela evoca uma história de colonialismo e escravidão, onde corpos negros foram explorados e comercializados.

36. Ovelha negra

Uma outra expressão que perpetua a ideia de que ser diferente, especialmente quando se trata de questões raciais, é algo ruim ou indesejável.

37. Quando não está preso está armado

Essa expressão racista perpetua a ideia de que há uma naturalidade na ideia de indivíduos criminosos serem negros.

38. Volta para o mar, oferenda

Originada em contexto colonial e escravagista, a frase perpetua a noção de inferioridade racial, comparando indivíduos negros a objetos ou seres subumanos, além de desconsiderar suas identidades e pertencimentos culturais.

39. Mercado negro

Originalmente usada para descrever atividades ilegais ou clandestinas, a utilização do termo perpetua a ideia de que práticas ilegais são inerentes às comunidades negras. Essa, com certeza, você já ouviu (e com muita frequência).

40. Macaco

Por fim, essa é uma denominação racista, na qual a pessoa negra é comparada a um animal. Sendo assim, esse é um termo extremamente ofensivo usado para desumanizar pessoas negras.

Viu só a quantidade de expressões racistas que são usadas no dia a dia? Conta pra gente nos comentários! Você também pode gostar desse conteúdo: Por que existe tanto monumento de homem branco e violento?

Fontes: Terra, Vagas, Geledes

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